Militantes do PSTU e do PSOL decidiram não participar do protesto contra a Copa convocado pelo Bloco de Luta pelo Transporte Público para esta quarta-feira, com concentração a partir das 11h, na Praça Argentina, no Centro de Porto Alegre. A maioria dos ativistas dos dois partidos já não havia comparecido ao ato do último domingo. Integrantes das siglas consideram que o bloco é "conivente" com a depredação promovida pelos black blocs. Eles avaliam que as ações violentas afastam a população e os trabalhadores dos protestos, contribuindo para o isolamento político dos manifestantes.
O estopim para a decisão foi a série de depredações registrada no dia 12 de junho, no Centro de Porto Alegre, dia de abertura da Copa. Naquela manifestação, diversas lojas, bancos e contêineres de lixo foram depredados com pedras, paus e barras de ferro.
Outra crítica dos grupos partidários é de que as deliberações das assembleias do bloco, feitas sempre por maioria de votos, estão sendo desrespeitadas por células que privilegiam ações individuais. No último domingo, quando cerca de 50 pessoas compareceram ao ato contra a Copa, um atrito rachou o bloco entre os militantes que pretendiam fazer apenas uma atividade cultural na Redenção e os que defendiam uma caminhada até o Beira-Rio. Sem PSTU e PSOL, o protesto desta quarta-feira será comandado, em maioria, por coletivos anarquistas.
- Não estamos nos retirando do bloco, mas está muito difícil construir a unidade. Nós não iremos ao ato porque temos um enfrentamento político antigo com a tática black bloc. Não conheço ninguém do bloco que seja black bloc, mas há conivência. Acreditamos que essas atitudes diminuem as mobilizações de massa dos trabalhadores - afirma Lucas Fogaça, do PSTU e da Assembleia Nacional de Estudantes - Livre (Anel).
Militante do PSOL e do coletivo Juntos, Gabrielle Tolotti cita outras razões para o não comparecimento.
- A gente decidiu não participar porque foi convocado com pouca antecedência. Não há tempo suficiente para mobilizar. Sobre as depredações, sempre falamos que somos contra. Defendemos atos de massa - diz Gabrielle.
Ela ainda criticou a imprensa, que, conforme a sua avaliação, "somente mostrou os atos de depredação que ocorreram no protesto do dia 12".
Os coletivos anarquistas, nas redes sociais, criticam a postura do PSTU e PSOL. A principal afirmativa é de que a decisão de se retirar do protesto estaria relacionada com as eleições de outubro.
O ato do bloco desta quarta-feira pretende expor críticas à Fifa, governos municipais, estaduais e federal, e às empresas envolvidas com a competição. A manifestação deverá começar pouco antes do confronto entre Austrália e Holanda, no Beira-Rio, segundo jogo da Copa que Porto Alegre irá sediar. Entre as reivindicações, estão a desmilitarização da polícia e a destinação dos impostos para transporte público, saúde e educação.
Em momento de fragmentação, militantes políticos críticos da Copa tentam organizar uma manifestação de maior porte para o dia 25 de junho, em Porto Alegre. O debate sobre o ato está sendo feito no Espaço Unidade de Ação, movimento que congrega nacionalmente diversas entidades, coletivos e sindicatos que adotaram o discurso anti-Copa.