
Os erros de arbitragem no Brasileirão têm movimentado o futebol nacional. Na última rodada disputada, a 27ª, pelo menos quatro clubes reclamaram de decisões tomadas pelos árbitros em suas partidas.
Grêmio e São Paulo foram mais veementes em suas reclamações. Inclusive, os árbitros de campo e o VARs das partidas foram afastados de suas funções pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF).
Resposta da CBF
Pelos erros recentes no principal campeonato do país, Zero Hora procurou a CBF com uma série de questionamentos sobre o atual momento da arbitragem brasileira. A Comissão de Arbitragem da CBF, que é coordenada pelo ex-árbitro Rodrigo Cintra, defendeu os árbitros.
Via assessoria de imprensa, a comissão enviou respostas aos questionamentos feitos por GZH. Apesar das polêmicas, o entendimento é positivo:
— A Comissão de Arbitragem vê o atual momento como de evolução contínua, com avanço em padronização, transparência e diálogo técnico com árbitros, clubes e federações, com alto volume de investimentos (não detalhado) por parte da CBF no segmento e baixo nível de erros nas rodadas, o que é comprovado pelo fato de que em 27 rodadas, apenas quatro partidas geraram protocolos de condicionamentos de aperfeiçoamentos para equipes de arbitragem.
Além dos árbitros e VARs de Grêmio e Bragantino e São Paulo e Palmeiras, também foram afastados para um período de correção, os responsáveis por apitarem Inter x Cruzeiro e Sport x Palmeiras, ainda pela segunda rodada.
Confira as demais respostas da CBF
Como o tema “profissionalização” da arbitragem é tratado?
A profissionalização da arbitragem é considerada um tema prioritário para a atual gestão da CBF, e no momento se encontra em fase de estudos. A CBF analisou modelos de Inglaterra, Espanha, França, Alemanha e Itália e avançará, agora, para uma rodada de escuta com árbitros, associações, sindicatos, federações e referências nacionais e internacionais, com vistas à implantação gradual, a partir de um grupo inicial piloto, e expansão por etapas nos anos seguintes. Não há números ou condições financeiras confirmados até o momento; qualquer anúncio será feito no momento oportuno, após a validação técnica e institucional.
Quais seriam os principais motivos para erros de arbitragem?
Os árbitros, assistentes e árbitros de vídeo, como qualquer agente envolvido em uma partida de futebol, estão sujeitos a cometer equívocos esportivos. A CBF tem feito investimentos inéditos na história do futebol brasileiro em busca de aperfeiçoar o trabalho da arbitragem por meio de processos de educação continuada, em busca de protocolos claros, aproximação de critérios, formação e monitoramento permanente dos indicadores de desempenho.
Quais ações estão em curso para diminuir erros e polêmicas?
A CBF tem trabalhado com o conceito de educação continuada, a partir dos seminários regionais de arbitragem e das concentrações de árbitros, eventos que reúnem os integrantes da Seleção Nacional de Árbitros de Futebol (Senaf) e já teve quatro edições ao longo do ano. As Concentrações reúnem árbitros de acordo com níveis de atuação e competições em que trabalham para uma semana de treinamentos teóricos, práticos e físicos no Rio de Janeiro. Além disso, a CBF promove às segundas-feiras os Fóruns Permanentes dos Clubes, realizados após as rodadas das Séries A e B, e onde são revistos, pós-rodada estruturado nos Fóruns Permanentes (vídeos/imagens/áudios), publicação dos áudios das revisões protocolares e designação por mérito priorizando quem está em melhor momento técnico.
Há tempo estimado para os condicionamentos de aperfeiçoamentos? O que podem ou não podem fazer no período?
O tempo total dos aperfeiçoamentos é variável e depende do caso concreto; como referência, pode levar de quatro a 12 semanas, sem um prazo fixo pré-determinado. Durante o período, os árbitros ou equipes não são designados para competições, o que só volta a ocorrer após ser avaliado por vídeo-testes e conteúdos alinhados às plataformas e padrões da Fifa. O profissional estará apto a retornar ao demonstrar domínio atualizado das regras e protocolos, consistência decisória, gestão de jogo, comunicação com a equipe de vídeo e aptidão física compatível.
Como a Comissão vê as manifestações formais dos clubes?
A Comissão de Arbitragem enxerga as manifestações dos clubes como legítimas e naturais. Estas manifestações chegam via Ouvidoria da Arbitragem (de onde saem respostas oficiais, com parecer do CCEI quando cabível) e os Fóruns Permanentes (realizados todas as segundas-feiras; sendo o da Série B às 14h30min e o da Série A às 16h), onde os lances são apresentados na íntegra com análise de vídeos e fundamentação técnica.
Quando retornam, atuam direto na Série A ou passam por divisões inferiores?
A reescalação é gradual. O retorno se dá, em regra, uma divisão abaixo daquela em que o árbitro atuava, normalmente após alguns jogos. Comprovada a evolução nos parâmetros técnicos observados, o profissional é requalificado para a categoria anterior, preservando sua trajetória de carreira. Em situações de intercorrência relevante com determinado clube, a Comissão pode evitar designações desse confronto por um período proporcional à gravidade, sempre com foco na segurança esportiva e na confiança de todos os envolvidos. Os mesmos critérios valem para todo o quadro, incluindo árbitros Fifa e CBF, sem distinção.





