Quatro estudantes da Arquitetura da UFRGS formam a banda para ser mais uma atração em uma festa dos colegas. A estreia dos Engenheiros do Hawaii se dá no dia 11 de janeiro, no auditório da faculdade, com a seguinte formação: Humberto Gessinger (guitarra), Carlos Maltz (bateria), Marcelo Pitz (baixo) e Carlos Stein (futuro Nenhum de Nós, na guitarra). O show agrada e há convites para tocar em outras festas. Stein participa de mais uma apresentação, mas abandona o grupo para curtir o verão no litoral.
Com apenas oito meses de estrada, os Engenheiros assinam seu primeiro contrato. A proposta veio da gravadora RCA, depois da indicação de um olheiro que assistiu ao show da banda no festival Rock Unificado, em 11 de setembro de 1985. Com o contrato, os Engenheiros participam da coletânea Rock Grande do Sul, ao lado de Os Replicantes, TNT, Garotos da Rua e DeFalla.
Depois do sucesso das faixas Sopa de Letrinhas e Segurança em Rock Grande do Sul, os Engenheiros despontam fora do Estado e são convidados a gravar um disco próprio. Assim nasce Longe Demais das Capitais, que conta com a faixa Toda Forma de Poder, que entra na trilha da novela Hipertensão, da Rede Globo.
O baixista Marcelo Pitz sai da banda, Gessinger assume o baixo e Augusto Licks (músico que tocava com Nei Lisboa) é chamado para ser o guitarrista. A nova formação grava o disco A Revolta dos Dândis, que teve hits como Infinita Highway e Terra de Gigantes. Na capa deste álbum, surgem as engrenagens que viriam a se tornar uma marca da banda, voltando a aparecer em outros discos e produtos como camisetas e adesivos.
Com o número crescente de shows em todo o país, seguir morando em Porto Alegre se torna um problema. Logo depois de lançar o terceiro álbum, Ouça o que Eu Digo: Não Ouça Ninguém, os três gaúchos se mudam para o Rio de Janeiro. Nas rádios, o novo disco emplacava hits como a faixa-título e a canção Somos Quem Podemos Ser.
Depois de três registros em estúdio, é a vez dos Engenheiros gravarem o primeiro álbum ao vivo, Alívio Imediato, no Canecão, no Rio. No mesmo ano, o trio faz seus primeiros shows fora do país: cinco apresentações em Moscou, na extinta URSS.
O Hollywood Rock faz sua segunda edição e, pela primeira vez, a banda é convidada a subir ao palco em um festival com estrelas internacionais, como Marillion e Bon Jovi. Mesmo com a intensa rotina de shows, os Engenheiros conseguiram entrar em estúdio e gravar seu maior sucesso fonográfico, o disco O Papa É Pop. Impulsionado pelo hit Era um Garoto que Como Eu Amava os Beatles e os Rolling Stones, torna-se o álbum mais vendido do grupo.
Mais um festival de grandes proporções tem a presença do trio gaúcho. No dia 19 de janeiro, eles se apresentam diante de uma Maracanã lotado na segunda edição do Rock in Rio, que teve também INXS, Carlos Santana, Billy Idol e Supla. Aclamados pelo público, foram duramente criticados pela imprensa. Luís Antonio Giron considerou o som da banda "um rock de impotência, para a impotência da massa" no jornal Folha de S. Paulo.
Novos hits invadem o rádio com o disco Várias Variáveis. Os maiores sucessos são a balada Piano Bar e a regravação de Herdeiro da Pampa Pobre, de Gaúcho da Fronteira e Vainê Darde. Sete mil pessoas recebem o grupo em Porto Alegre. Foi o terceiro disco lançado no Gigantinho(foto), um dos maiores palcos da Capital.
A banda grava Gessinger, Licks & Maltz, disco que valoriza as influências progressivas do grupo, tendo uma sonoridade mais densa e canções mais longas, divididas em diferentes partes. Nas rádios, a faixa Parabólica (uma das raras canções de Gessinger escritas em parceira com Licks) torna-se um sucesso. A faixa era dedicada a Clara, filha do vocalista, nascida no início do ano.
Depois da boa performance de 1990, o trio é novamente convidado para o Hollywood Rock, em São Paulo e Rio, abrindo o show de uma das bandas que marcou a história da música pop, o Nirvana. Na contramão do som pesado do movimento grunge, em alta entre o público roqueiro, os Engenheiros gravam ainda neste ano um álbum com guitarras semiacústicas e arranjos de orquestra do maestro Wagner Tiso. Filmes de Guerra, Canções de Amor seria o último disco com o guitarrista Augusto Licks.
É anunciada a saída do guitarrista Augusto Licks. O fim do clássico trio é ruidoso. Carlos Maltz acusa Licks de ter sido um "peso morto" na banda: "Se tivermos que comparecer ao tribunal, vamos levar nosso ortopedista como testemunha, para mostrar nossa costas encurvadas de segurar esse mala por tanto tempo", afirmou o baterista para ZH. As negociações do que cabia a cada um dos integrantes se estenderam por meses, e um processo judicial de Licks contra Gessinger e Maltz chegou a correr nos tribunais. A banda, no entanto, seguiu excursionando, mas com o músico Ricardo Horn na guitarra.
Com a saída de Augusto Licks, o grupo tenta se transformar em quinteto. Além de Gessinger, Maltz e Ricardo Horn, entram Fernando Deluqui (guitarra, ex-RPM) e Paolo Casarin (teclado). Com essa formação, gravam Simples de Coração, em Los Angeles, com produção de Greg Ladanyi (Kansas, Jeff Healey Band e Fleetwood Mac).
Os Engenheiros seguem na estrada, mas seu líder passa a tentar novos voos. Com os jovens músicos Luciano Granja (guitarra) e Adal Fonseca (bateria), cria o Humberto Gessinger Trio, banda com som mais cru e pesado, e lança com eles um álbum homônimo.
Novo abalo nos Engenheiros. Carlos Maltz sai para se dedicar a novos projetos musicais, e Gessinger segue com o nome do grupo, reformulando-o. A nova formação agrega os músicos do Gessinger Trio com o tecladista Lúcio Dorfman. Com o novo time, sai o álbum Minuano, com o hit A Montanha.
Depois de um ano sem álbuns, mas com muitos shows, sai o disco !Tchau Radar!. Gravado no Rio e mixado em Los Angeles, a bolacha tem arranjos de cordas assinados pelos tarimbado Jaques Morelenbaum e Eduardo Souto Neto.
Ano da gravação do CD/DVD ao vivo 10.000 Destinos, em São Paulo, com participação de Paulo Ricardo e Borghetinho.
Mudança radical no time: depois de 15 anos assumindo o posto de baixista, Gessinger assume a guitarra. Para acompanhá-lo uma nova formação é escalada, com Paulo Galvão (guitarra), Bernardo Fonseca (baixo) e Gláucio Ayala (bateria). A nova sonoridade é registrada no disco 10.001 Destinos, sem músicas novas, apenas regravações em estúdio. Tratava-se de álbum duplo, reunindo o disco anterior e as novas versões.
Chega às lojas o álbum Surfando Karmas & DNA, com 11 canções inéditas. O disco retoma a parceria musical de Gessinger com Carlos Maltz: juntos, compõem a faixa e-Stória, gravado com a participação de Renato Borghetti.
Mais um disco de inédita chega às lojas: Dançando no Campo Minado. Os principais sucessos foram a faixa-título, Segunda-Feira Blues (nova parceria de Gessinger com Maltz) e Na Veia.
O grupo grava o CD/DVD Acústico MTV, em São Paulo, com os principais sucessos da banda. O clima é intimista, tendo familiares e amigos como convidados especiais: Clara, filha de Gessinger, canta Pose; e o ex-baterista Carlos Maltz, Depois de Nós. É considerado por muitos fãs como um momento fundamental na carreira do grupo, pois renovou o público que frequentava os shows.
Depois de uma turnê de sucesso do Acústico MTV, chega ao mercado o CD/DVD Novos Horizontes. A formação da banda também é nova: além de Gessinger, estão Fernando Aranha (violão), Bernardo Fonseca (baixo), Gláucio Ayala (bateria) e Pedro Augusto (teclado). O disco aprofunda a sonoridade acústica experimentada na estrada.
A banda faz sua última apresentação em julho, na cidade de Crato (Ceará). Desde então, Gessinger segue com novos projetos musicais: o duo Pouca Vogal, com Duca Leindecker, que rendeu CD e DVD ao vivo, e dois discos em carreira solo. A banda acabou? O músico responde: "Sim, cinco vezes. Espero acabar mais 50".