A partir de que momento exatamente o calor deixa de ser agradável para se transformar em um tormento? 30º? 34ºC? 38ºC? 40ºC? Essa é uma questão para a qual não há resposta definitiva. Cada pessoa parece ter um termostato íntimo, regulado em um nível particular, a partir do qual a felicidade com as condições atmosféricas degringola em irritabilidade e lassidão. Porque uma coisa é certa: o calor tem um efeito poderoso sobre o nosso humor e o nosso comportamento.

 

Uma parte do efeito psicológico é de natureza cultural, acredita o psiquiatra Rogério Cardoso. Associamos o verão a festa, descontração, atividades ao ar livre, pouca roupa, sensualidade.

 

– Se não posso ir para a praia, tento descontrair aqui mesmo. Saio do trabalho e ainda tenho duas, três horas de sol para aproveitar. É cultural. Não me parece que seja algo cerebral, como no caso da depressão sazonal.

 

A depressão sazonal é um problema em países muito setentrionais, com invernos em que as horas de sol são muito reduzidas. Por causa da falta de luz, algumas pessoas desenvolvem quadros de depressão. O tratamento não é com medicamentos, mas com exposição a lâmpadas especiais. Alguns estudos sugerem que possa haver um efeito oposto em países onde os dias são longos no verão, melhorando o ânimo das pessoas.

Mas quando o calor é demais, é difícil até para o mais festeiros manter a disposição. O próprio Rogério Cardoso revela seu desconforto:

 

– Eu estou com muito calor e isso me deixa de mau humor. Se for fazer uma enquete, a maioria das pessoas vai se queixar. Nesses dias mais quentes, ando mais devagar, não tenho o mesmo ímpeto, a mesma disposição para fazer as coisas.