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37,9km
percorridos
02h15
pedalando
4º dia
de viagem
PESCARIA NOS MOLHES
Partimos na manhã do sábado, dia 7, de carro rumo a Rio Grande, nossa segunda cidade-base. Ao chegar, resolvemos passar em uma loja de bicicletas para pegar algumas dicas com os vendedores. Na Pedal Bicicletaria, em frente à Praça de Esportes das Forças Armadas, conhecemos Breno Araújo, 22 anos, que nos indicou duas rotas para pedalar a partir do
centro da cidade. A primeira, mais turística, até os Molhes da Barra.
– O legal é a vista. Dá para chegar bem no meio do mar – explica Breno, que pedala desde 2011, ano em que começou a trabalhar como vendedor de bikes.
Para chegar aos Molhes da Barra, é preciso tomar a BR-392, que conta com um bom acostamento, no qual é possível imprimir certa velocidade. À direta, está o distrito industrial. À esquerda, o Estaleiro Rio Grande. São 17 quilômetros de pedalada até os molhes, constituídos por dois quebra-mares construídos com gigantescas pedras que avançam quatro quilômetros no Atlântico. Os visitantes podem realizar um passeio de vagoneta, carrinhos movidos à vela que deslizam sobre trilhos, adentrando o oceano. Lá é possível também praticar esportes aquáticos, como stand up paddle, canoagem e kitesurf.
Os Molhes da Barra são conhecidos também como local de pesca e por abrigar o refúgio de lobos e leões marinhos. No final da tarde, dezenas de bicicletas são escoradas nas pedras. Enquanto turistas se divertem e curtem o pôr do sol, pescadores como o operador de máquinas Edimilson Costa, 32 anos, acompanhado do padrasto, Ademir Castro, 55, e do filho Matheus, nove, tentam garantir o prato principal das refeições da semana.
Na ida até os molhes, a bike adaptada para pescaria carrega o que Ademir disse ser “tripa de atum”.
– É o filé mignon da garoupa. Quanto mais fedido, mais ela gosta – detalha ele, que mora em uma vila nas proximidades.
No retorno, a felicidade dos pescadores é chegar em casa com a bicicleta carregada de peixes.
41,1km
percorridos
3h29
pedalando
5º dia
de viagem
CAPA DE CHUVA E AREIA
Após mais de 250 quilômetros pedalados, tínhamos um ótimo motivo para agradecer: o tempo. Em nenhum dia de nossa jornada havíamos enfrentado calor excessivo ou chuva. As coisas começaram a mudar no domingo, 8 de janeiro, quando decidimos conferir a segunda dica do vendedor Breno Araújo, o Molhe Leste, em São José do Norte.
– Tu consegues chegar lá na ponta, que é um refúgio dos leões marinhos – propagandeia o rapaz, falando do local onde o sal do mar se encontra com a água doce da Lagoa dos Patos.
Faz-se necessário embarcar em uma lancha catamarã para chegar ao município de São José do Norte, com sua arquitetura histórica colonial portuguesa, marcada por casarões antigos.
A travessia da Lagoa dos Patos dura cerca de 30 minutos. O trajeto do centro de São José do Norte até o Molhe Leste foi cheio de percalços. Ao desembarcarmos na cidade, o tempo fechou.
O céu avisava: não iria demorar muito para começar a chuva. Para piorar, a BR-101, a Rodovia do Mercosul, é constituída por paralelepípedos, o que dificulta a pedalada de quem viaja com uma bike speed.
No meio do caminho, a água veio. Pela primeira vez, tirávamos da mochila as nossas capas. Como a chuva não estava muito forte, optamos por seguir até o fim, na ânsia de encontrar os leões marinhos.
Só que, para chegar na Quinta Secção da Barra, onde fica o Molhe Leste, não há estrada. É preciso atravessar uma faixa de areia de cerca de 500 metros carregando a bicicleta. Nem mesmo de mountain bike dá para seguir pedalando. Frustrados, retornamos a Rio Grande. Na volta, desencanamos da chuva. Só nos restava aceitar o tempo ruim e curtir uma pedalada tranquila em meio a natureza. Foi o que fizemos.
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