Lições de quem fez o 1 Ano + Alegre

Ajudar quem quer ajudar, sem deixar de fiscalizar os agentes públicos e de cobrar as soluções que devem vir da prefeitura e dos vereadores, foi a missão da série 1 Ano + Alegre. Desde o último aniversário da Capital, foram 12 reportagens sobre diversos temas, dando dicas simples para o leitor transformar a cidade - de um bê-a-bá da separação do lixo a um mapa com o ponto de arrecadação de donativos mais próximo do leitor.

Após fechar o ciclo de reportagens, reunimos mensagens de entrevistados de cada tema, especialistas, autoridades ou pessoas que têm lições a compartilhar.

"A cidade é a nossa casa. Há pessoas em nossa casa que precisam de nosso carinho e atenção. Pessoas que passam frio, fome ou sofrem da exclusão, mas que podem ter em nós um caminho para uma vida melhor. A responsabilidade é minha de adotar ações que tornem a nossa casa um lugar melhor. E por onde eu começo? Olhe ao redor, olhe para si mesmo. Como aquilo que você faz de melhor pode transformar a cidade? Então é hora de colocar a mão na massa e realizar ações, por menor que elas sejam".

"No papel de consumidor, a sustentabilidade tem a ver com comportamento. Mais consumo, mais resíduo. E, se você gerou o resíduo, o resíduo é seu! Ninguém no seu lugar pode fazer o encaminhamento correto dos resíduos. Ele é sua responsabilidade e, sendo sua responsabilidade, te dá o direito de exigir novas opções de consumo. Exija do mundo embalagens compostáveis. Exija matérias primas de fontes renováveis. Exija produtos 100% recicláveis. Se, após uso pelo consumidor, não for 100% reciclável, as empresas têm o dever de voltar ao inicio e redesenhar o produto".

"No Brasil, a Constituição Federal de 1988 fixou os Direitos e Garantias Fundamentais do Cidadão e, pela primeira vez, incluiu a expressão Direitos Culturais em seu texto. Portanto, existe relação direta entre direitos culturais (uma prerrogativa constitucional) e a plena conquista da cidadania. A nossa sociedade é diversa, as pessoas têm visões diferentes, mas a única coisa que temos é ser cidadão. Esse conceito de cidadão é enriquecido quando falamos de direitos básicos, de direitos de tratamentos iguais e de solidariedade. O investimento em cultura nos permitirá falar com todos os grupos do nosso país".

"A vida em comunidade exige que cada morador assuma responsabilidades. Jamais se deve esperar que venha tudo pronto do poder público. Cada um deve fazer a sua parte. Os espaços públicos estão aí para serem usados e mantidos por todos. Essas ações contribuem para a vida em sociedade, aproximam as pessoas e reduzem a criminalidade. Quem não pode contribuir com obras, por exemplo, pode ajudar cuidando para que ninguém destrua nada. Sendo uma espécie de fiscal. Assim todos ganham".

"Eu acho que a nossa sociedade está em constante transformação, e a gente não pode mais ficar esperando que o Estado resolva tudo. Cabe a nós, cidadãos, não só o direito de usufruir, mas também o dever de cuidar. Devemos pensar que é obrigação de cada um agir com respeito ao próximo, isso inclui não jogar lixo no chão, não depredar, recolher os dejetos dos cães e descartar em local apropriado, para que as crianças tenham um espaço limpo para brincar. Ter respeito com a natureza, preservar as flores, não caçar passarinho. Devemos nos preocupar com esses princípios mínimos de convivência social e avocar para nós não só os direitos, mas também nossos deveres como cidadão".

"O cidadão tem, por lei o direito de fiscalizar prefeito e vereadores, suas contas e todas demais ações por eles desenvolvidas. Esse direito, no entanto, se transforma numa responsabilidade do cidadão que não é plenamente cumprida. A população se indigna com os problemas da cidade, mas não age como poderia. O Observatório Social de Porto, órgão que presido, dá aos cidadãos a oportunidade de participar e ir além da simples insatisfação. Este é um dever de cada um de nós como contribuição à cidade onde vivemos".

"A responsabilidade de cada cidadão ou cidadã é muito grande e importante no contexto atual. Cada cidadão produz, em média, meio quilo de lixo todos os dias, contribuindo com um dos maiores problemas ambientais da atualidade. No RS, são mais de 3,5 milhões de toneladas de resíduos todos os anos, com importantes impactos no solo, águas superficiais e subterrâneas. Fundamental que cada indivíduo faça a revolução pessoal, separando seus resíduos e direcionando para as atividades cooperativas ou recicladoras de sua região. Na possibilidade, faça também compostagem caseira com a fração orgânica, diminuindo os custos públicos de transporte e destino final".

"Todos nós, moradores da cidade, somos responsáveis pela mudança de cultura no trânsito, e a segurança e a colaboração devem ser prioridades para minimizar os riscos de acidentes e auxiliar na convivência harmoniosa nos deslocamentos diários. Nesse contexto, a educação pelo exemplo é uma das formas de contribuir para que as novas gerações e também todos que nos cercam percebam que agir de maneira responsável no trânsito é eficaz na manutenção e na preservação da vida. Uma dica rápida e prática é a responsabilidade de cada morador com a calçada de sua residência nos quesitos de acessibilidade e manutenção".

"As praças e parques públicos são nossos por direito. Usá-los e ocupá-los é um jeito de firmar laços afetivos com a cidade, de se sentir mais parte, de valorizar esses aspectos. Podemos mostrar que esses espaços públicos são importantes e precisam ser mantidos e multiplicados. Quem acompanha a programação dos espaços públicos da cidade tem a opção de praticar diferentes tipos de atividades físicas ao ar livre, muitas delas gratuitas, que permitem acesso a todo e qualquer tipo de pessoa, independentemente da classe social ou condição financeira".

"Se a gente quer uma cidade melhor, a gente tem que entender que é protagonista. Se a gente escolhe se engajar em causas, lutar por uma horta comunitária, ou uma cidade mais segura, por exemplo, a gente faz que ela seja, de fato, nossa. Porto Alegre é uma cidade violenta, é a capital da aids, eu não tenho orgulho disso e trabalho para que a cidade deixe de ter esses títulos. O prefeito é só um e são só 36 vereadores. Então, se a gente esperar que só essas pessoas façam alguma coisa, a gente nunca vai chegar a um lugar sustentável para todo mundo".

"A participação dos moradores da cidade na vida pública é de grande importância, não podendo se limitar apenas ao voto nas eleições. Administrar é escolher prioridades, de forma que a ação organizada e propositiva dos cidadãos auxilia o gestor público na definição dessas escolhas. No âmbito da Câmara Municipal de Porto Alegre, existem diversas formas de participação, que vão desde o encaminhamento de demandas diretamente aos vereadores, até a participação nas reuniões das Comissões Permanentes e nas audiências públicas, as quais configuram possibilidades reais de encaminhamento de soluções para as necessidades da comunidade".

"A gente precisa entender o que tem por trás de cada compra, quem está produzindo, de onde vem. É importante impulsionar o produtor daqui, quem planta no Rio Grande Sul. É necessário entender um pouco da história do produto, seja comida, roupa, móveis. Acho que, cada vez mais, a gente está buscando esse resgate, e a gente está fugindo das compras por compulsividade. A gente tem mais consciência de comprar menos e melhor. Tu vais ter outra relação com a compra, ela tem mais sentimento, emoção. Vai dar mais trabalho naquele momento, mas a longo prazo vai ser melhor".