Grêmio
Pentacampeão
Gaúcho 2022

Roger Machado

Multicampeão como dono da lateral esquerda gremista do começo dos anos 1990 até os anos 2000, Roger sempre afirmou que gostaria de voltar a ser campeão no Grêmio, mas dessa vez sentado na casamata da Arena. Enfim, esse momento chegou. Em sua primeira final comandando o Tricolor, ele conseguiu alcançar o primeiro dos seus objetivos, ao derrotar o Ypiranga na grande decisão do Gauchão.

Em 2016, na sua primeira passagem como técnico gremista, sucumbiu ao Juventude nas semifinais da competição e viu a chance de ser campeão longe de se concretizar no campeonato estadual. Depois, foi eliminado pelo Rosario Central na Libertadores. Logo, foi demitido, propiciando a chegada de Renato Portaluppi, que começaria a série de títulos do Grêmio.

No seu retorno, em fevereiro de 2022, Roger assumiu a equipe invicta no Gauchão, mas ainda se ressentindo da queda à Série B do Brasileirão no ano anterior. Entre as mudanças efetivas estão a formação do meio-campo com Villasanti, Lucas Silva e Bitello, e a afirmação de Campaz e Elias jogando pelo lado do campo.

Como treinador, esse é o quarto título de Roger Machado. O troféu do Gauchão junta-se ao campeonato mineiro, de 2018, com o Atlético-MG, e com dois campeonatos baianos, em 2019 e 2020.

Pedro Geromel

Os braços de Geromel devem estar cansados. Afinal, há cinco anos a cena se repete: o Grêmio conquista o Gauchão e ele é o encarregado de erguer a taça de campeão. O único do atual elenco, aliás, que atuou nos cinco títulos gaúchos do Tricolor entre 2018 e 2022. Todos com a braçadeira de capitão. E todos como um dos melhores zagueiros do campeonato.

Nem mesmo Kannemann, seu histórico parceiro de zaga, que está no clube desde 2016, pode ser considerado nesta contagem. Embora ainda continue na equipe, não pôde jogar o Estadual deste ano por conta da recuperação de uma cirurgia no quadril. Assim, Geromel é o único remanescente do início da série de conquistas que segue no time.

Ele se junta a uma seleta lista com 22 nomes históricos do clube que foram pentacampeões gaúchos pelo Grêmio. Entre eles, alguns zagueiros: Ênio Rodrigues, Airton Pavilhão, Áureo e Luís Eduardo. Todos nomes de peso, o que dá a dimensão do tamanho de Geromel na história tricolor.

No Gauchão deste ano, o zagueiro atuou em 11 dos 14 jogos da equipe. É o titular de linha com menos passes errados. Mas, mais do que os números, Geromel ainda é um símbolo de um Grêmio vencedor em um clube em reestruturação após a queda à Serie B no ano passado.

Perto de completar 37 anos, em setembro, ele pode já não ter a mesma precisão nos desarmes ou velocidade na recomposição de outros tempos. Mas segue como uma referência dentro e fora de campo para a equipe. É exemplo para os meninos que sobem da base e um ídolo para os torcedores.

Não à toa, esteve com a Seleção Brasileira na Copa do Mundo de 2018, conquistou inúmeros títulos com a camisa tricolor, além de prêmios individuais ao longo da trajetória no clube gaúcho. Agora, conquista pela quinta vez o Gauchão. Consecutivamente. E ainda ficará para a Série B, com a missão de ser referência para tentar levar o time de volta à primeira divisão nacional.

Diego Souza

Por muito pouco, Diego Souza não deixou o Grêmio entre o final da temporada passada e esse ano. Em uma reviravolta daquelas, como se fosse um gol aos 45 minutos do segundo tempo, ele, mesmo com o rebaixamento à Série B do Brasileirão, entrou em acordo com a direção gremista e permaneceu para mais um ano com a camisa tricolor.

Se em outras oportunidades, terminou os campeonatos como artilheiro do Tricolor, dessa vez foi superado pelo jovem Elias, que foi o centroavante no começo da temporada, quando a equipe era formada por atletas do grupo de transição. Além do gol de pênalti, no Gre-Nal, o experiente centroavante foi referência da equipe na reta final da competição, muito em função da utilização de jovens ao seu lado.

Apesar de não ser gaúcho (nasceu no Rio de Janeiro), Diego tem um feito como jogador do Grêmio. Jogou quatro campeonatos gaúchos e venceu todos eles — 2007, 2020, 2021 e agora 2022. Com exceção da primeira passagem dele pelo Rio Grande do Sul, quando jogava como meio-campista ainda, foi artilheiro do Gauchão nas duas últimas vezes (marcou nove em 2020 e sete em 2021).

Bitello

Uma das principais peças da engrenagem gremista na conquista do penta do Campeonato Gaúcho neste ano foi o menino João Paulo. Sim, talvez você não saiba, mas um dos titulares do Grêmio chama-se João Paulo de Souza Mares. Tudo bem que, se alguém no CT gritar este nome, é possível que nem ele próprio responda. Até porque o apelido Bitello o acompanha desde 2013.

O volante de 22 anos que virou destaque do time sob o comando do técnico Roger Machado é natural de Formosa do Oeste, no interior do Paraná, distante quase 600 quilômetros da capital Curitiba. Mas foi no colégio em que estudava, em Cascavel, que João Paulo virou Bitello. E o apelido o acompanhou nas categorias de base do FC Cascavel e no Grêmio, clube pelo qual atua desde 2018.

Chegou a Porto Alegre, assim como tantos outros volantes de sucesso formados pelo Tricolor, como meia ofensivo. Mas durante a trajetória na base gremista foi recuado e ganhou espaço nos times sub-19, sub-20 e, depois, na transição. Foi importante na campanha do Brasileirão Sub-20, em 2020, no qual o Grêmio acabou eliminado nas quartas de final pelo Corinthians, e no título do Brasileirão de Aspirantes, no ano passado, em que marcou na final contra o Ceará.

Foi alçado ao grupo principal apenas neste ano, tardiamente, já com 22 anos (recém-feitos, em 7 de janeiro). Iniciou a temporada de forma discreta, nos jogos do início do Gauchão, com o restante do time de transição, treinado por César Lopes. Depois, não teve chances com Vagner Mancini. Mas, desde a chegada de Roger, tem conquistado cada vez mais espaço e virou favorito ao prêmio de revelação do campeonato, com direito a dois gols marcados, um deles no 3 a 0 no Gre-Nal da semifinal.

Não à toa o Grêmio negocia a compra de mais 20% dos direitos econômicos de Bitello com o Cascavel, para ampliar de 50% para 70% o percentual tricolor. Além disso, o clube já trabalha para estender o contrato do jogador, que hoje vai até 2023, dando-lhe um aumento salarial. Tudo isso porque João Paulo, ou melhor, Bitello, mostrou no Gauchão que poderá ser uma peça imprescindível para o Imortal ressurgir na elite do futebol brasileiro.

Elias

Finalização, força e velocidade. Assim, Elias, 20 anos, foi definido por César Lopes, técnico do time de transição do Grêmio, com quem foi campeão do Brasileirão da categoria, no ano passado. Presença destacada quando o Tricolor ficou com o vice-campeonato da Copa São Paulo de Futebol Júnior, em 2020, o atacante já era monitorado pela comissão técnica do time principal. Mas foi neste Gauchão, no entanto, que se firmou no ataque gremista e anotou 5 gols na competição. Foram dele, inclusive, os gols que abriram a campanha do pentacampeonato na vitória por 2 a 1 diante do Caxias.

No jogo seguinte, contra o Brasil-Pel, Elias anotou mais um. Vagner Mancini, que já havia utilizado o atacante no Brasileirão do ano passado, gostou do desempenho nas primeiras partidas e lhe recolocou no time principal. No entanto, foi quando o treinador já não estava mais na Arena que Elias voltou a atuar e balançar as redes. Foi dele o único gremista na derrota por 3 a 1 para o União-FW.

Elias encaixou-se no ataque do Grêmio de duas formas. Primeiro como centroavante, uma função adaptada por César Lopes. Foi atuando dessa forma que ele marcou seus primeiros quatro gols. Aliando todas as características citadas, seu desempenho foi elogiável. Com a chegada de Roger Machado e os problemas musculares de Diego Souza, ele foi mantido por ali. Mas foi voltando à sua posição de origem, na ponta esquerda, que o jovem fez um dos gols de uma das partidas mais importantes da campanha.

Quando o cronômetro do Beira-Rio marcava 11 minutos do primeiro tempo do Gre-Nal, no jogo de ida da semifinal, o lateral-esquerdo Nicolas recuperou uma bola no campo de defesa e lançou Elias, que se posicionava pela no lado esquerdo do meio-campo, justamente esperando a oportunidade de um contragolpe. Com força, o atacante arrancou com a bola e a conduziu em velocidade até a área. Na saída do goleiro Daniel, o gremista finalizou rasteiro e inaugurou o placar do clássico que terminaria em 3 a 0 para o Tricolor. O quinto de Elias no Gauchão.

Ainda não sabemos se Elias fará carreira na Arena ou será um diferencial do Grêmio na Série B – embora tudo indique que sim. Porém, no pentacampeonato gaúcho, seu nome está gravado na história.