Para
não repetir

Jefferson Botega/ BD/ Agência RBS

As raízes do rebaixamento do Grêmio de 2021 seguiram expostas dentro do clube neste ano. O presidente Romildo Bolzan escolheu começar a temporada na Série B com os mesmos líderes do departamento de futebol do ano anterior.

Entre pessoas com acesso ao vestiário, a justificativa mais citada para a queda foi o peso que dirigentes políticos ou de outras áreas da gestão ganharam após a saída de Renato Portaluppi. Esta mudança teria influência na montagem do grupo que passou pelas mãos de Tiago Nunes, Felipão e Vagner Mancini.

Por exemplo: nomes de reforços indicados pelo Centro Digital de Dados (CDD), por empresários e por comissões técnicas tinham pouco respaldo junto à cúpula. Desde a saída de André Zanotta, no final de 2018, a cadeira de do diretor-executivo perdeu força na estrutura do futebol. Tanto que o CEO Carlos Amodeo atuou interinamente na função do final de 2020 até junho de 2021. O discurso de austeridade e controle financeiro ganhou peso na hora de definir contratações.

A chegada de Diego Cerri ao cargo não alterou a força adquirida pela ala política. Nomes de reforços de maior impacto eram levados adiante, mas costumavam esbarrar na decisão de não aumentar a folha e dar espaço a jovens da base. Enquanto o meia Giuliano, antes de chegar ao Corinthians, foi descartado por Felipão, a vinda do atacante Michael, ex-Flamengo, foi vetada por dirigentes e membros do Conselho de Administração. Mesma situação emperrou as vindas do lateral Gilberto, que atua em Portugal, e do atacante Nikão, então no Athletico.

O rebaixamento não alterou a forma de gerir o futebol. Sem dinheiro e com a ordem de baixar a folha para menos de R$ 7 milhões, o time para o início de 2022 foi montado em cerca de dez dias. A tentativa de preencher o grupo com jovens não deu certo, e o clube voltou ao mercado após o título gaúcho. Enquanto o esforço financeiro foi feito para rescindir com Douglas Costa, com salário de R$ 600 mil, mas com bônus milionários, o mesmo não aconteceu com nomes contestados pelos torcedores e salários altos. Diogo Barbosa, Lucas Silva e Thiago Santos, por exemplo, tiveram propostas para sair, mas optaram por permanecer.

Os pedidos de reforços esbarraram na ordem de cuidar o orçamento. Mas ao mesmo tempo que negociação deixaram de ser feitas, como as contratações dos atacantes Sorriso e Moisés, a pressão da torcida fez a direção contratar Lucas Leiva por um salário alto para os padrões da competição. Enquanto outras carências não foram sanadas, como meias e atacantes.

"Sabíamos que tinha o peso do ano passado, não tem como separar. Sabíamos que seria um ano de reconstrução. Passaram vários treinadores, várias ideias. E tínhamos conquistado títulos pela continuidade. Agora tivemos mudanças, reflexos do ano passado. Por tudo isso, não foi um ano de todo mal."

Pedro Geromel, em entrevista coletiva, no dia 19 de outubro de 2022

Jefferson Botega/ BD/ Agência RBS