Façanha foi vencer o Grêmio no Olímpico
Taguá
João Carlos Spilmann e Danilo Pansera, ex-jogadores do Taguá
N as paredes desgastadas do Estádio Plácido Scussel, uma pintura mostra como era a ligação da cidade com o time que disputou a Série A do Gauchão nos anos 1990: “Taguá. Contigo vibro no entusiasmo das vitórias. E, em tuas derrotas, nunca fiquei mudo”. As tardes de casa cheia e torcida entusiasmada ficaram no passado do time que nasceu em 1964, da fusão do departamento esportivo de dois clubes (o Tabajara e o Guaíba) de Getúlio Vargas, cidade do norte do Estado, e que está desativado desde 1995. Sua casa se degradou com o tempo. Pavilhão e arquibancadas estão em péssimo estado, sem falar no gramado.
– Dá vontade de chorar – lamenta Luiz Josafat Mezzomo, 70 anos, o Luizinho, zagueiro do clube por nove anos, entre as décadas de 1960 e 1970.
Durante os últimos anos, houve um trabalho para reativar o Tabajara. A diretoria liquidou as dívidas, e o clube, agora com 106 sócios, está legalizado. Reassumir o estádio era a meta.
– A preocupação era não deixar o patrimônio fugir da comunidade – afirma Edino Carlos Farias, ex-dirigente do Taguá e atual presidente do Conselho Deliberativo do Tabajara.
O objetivo é fazer parceria com empresários para que o local se torne um CT. A contrapartida pedida pelo clube seria somente a manutenção. Também já houve um contato com a Faculdade IDEAU, sediada no município, que pode ser retomado. Outro caminho é uma parceria com Associação Comercial de Getúlio Vargas.
– Mas não temos, ainda, a intenção de retomar o futebol – adianta Farias.
Uma das raras façanhas do clube foi o acesso para a Série A do Gauchão, em 1990. Após um 0 a 0 em casa, a decisão seria em Garibaldi, contra o time de mesmo nome, treinado por um técnico que estreava na carreira – Adenor Bachi, o Tite. Onze ônibus deixaram Getúlio Vargas em direção à Serra para apoiar o Taguá, que venceu por 1 a 0. Festa para a cidade com cerca de 17 mil habitantes.
– Na época, havia mais indústrias (a cervejaria Serramalte, uma das principais apoiadoras do clube, fechou), e o comércio ajudava – conta Ademar Porth, ex-presidente do Taguá e hoje presidente do Tabajara, e que várias vezes tirou o dinheiro do próprio bolso para ajudar a equipe. – Mas não me arrependo, foi divertido.
A queda, conforme os dirigentes, ocorreu por falta de patrocínios. Para piorar, uma forte enchente, em 1992, inundou a sede do clube e destruiu grande parte da documentação, além de causar prejuízos.
– A história se foi na enchente, a decadência começou ali – comenta Farias.
Os únicos dois troféus que restaram estão no Instituto Histórico Getúlio Vargas. Um deles, o da Copa Aneron Corrêa de Oliveira, que garantiu o clube na Primeira Divisão, em 1990. No período na Série A, o Inter esteve duas vezes na cidade, mas a partida mais marcante foi contra o Grêmio, em Porto Alegre, no dia 25 de setembro de 1991. Renato Portaluppi, hoje técnico, estava no estádio. Contratado por empréstimo, ele havia desembarcado em Porto Alegre no dia da partida. Alcindo, um atacante careca-cabeludo que também jogou no Flamengo, era a aposta do tricolor treinado por Valdir Espinosa. Porém, quem brilhou foi Duia. Ele fez os dois gols que enlouqueceram os getulienses presentes no Estádio Olímpico.
– Como imaginar que ganharíamos por 2 a 0 do Grêmio no Olímpico? Temos a filmagem em vídeo. Volta e meia, assistimos – revela Porth.
Façanha foi vencer o Grêmio no Olímpico