Estádio tomado

e troféus furtados

C onvidada pelo presidente do Esporte Clube Ferro Carril, de Uruguaiana, a equipe de ZH mal tinha entrado no Estádio Joal de Lima e Silva quando um segurança da prefeitura gritou:

– Vocês não podem ficar aqui! Ordens do prefeito!

Quando a reportagem e o presidente Adair Machado se encaminhavam para deixar o estádio, uma caminhonete da Guarda Municipal estacionou em frente para garantir que ninguém mais ficaria lá dentro. Os guardas foram gentis, apenas cumpriam o seu trabalho. A ação, um tanto exagerada, explica bastante por que o Ferro Carril, o Ferrinho, o Ferro Indestrutível, o Ferrão, está em situação tão penosa.

O jogador mais reconhecido é o atacante Francisco Aramburu, o Chico, titular do Vasco dos anos 1940 e 1950 e da Seleção Brasileira na Copa do Mundo de 1950. Mas o Ferro Carril ficou mais famoso por tomar 14 a 0 do Inter no Gauchão de 1976.

Adair Machado, presidente

do Ferro Carril

 

Hoje, está no meio de um rolo jurídico. Em janeiro de 2015, o clube foi comunicado de que a prefeitura iria assumir as dependências por decisão da Justiça. A ação foi movida pela administração anterior, do então prefeito Sanchotene Felice, alegando que a entidade não cumpria mais função social e não estaria sendo utilizada de forma correta – abrigava carteado, por exemplo. Adair Machado admite a disputa de jogos de azar, mas diz que é normal em clubes do Interior. O Ferro Carril recorreu.

O processo ainda está em andamento.

– O resultado disso é o completo abandono. Está tudo atirado às traças – reclama Machado.

O tempo foi curto dentro do estádio, mas o bastante para comprovar o desemparo do lugar. As piscinas têm água verde, o campo é muito ruim, as arquibancadas estão rachadas. Segundo Machado, levaram janelas e todos os troféus:

– O clube está envelhecendo de forma triste.