O amigo
Sergio Gobetti
Pesquisador do Ipea
"É uma pessoa que dedica a vida toda à luta por uma sociedade mais justa e igualitária"
"Na época do movimento estudantil, a gente se conheceu. Mas a gente aprofundou a amizade e a convivência quando começamos a atuar no movimento sindical. Tanto eu quanto ele nos tornamos bancários. De bancos privados. Ele, no Real. Eu, no antigo Bamerindus. Isso era 1989, tínhamos 22 anos. O (Fernando) Collor se elegeu, no final de 1989, e implementou o Plano Collor em março de 1990. E eu e o Roberto, que éramos bancários novatos, lideramos a primeira grande greve em Porto Alegre contra as perdas salariais do plano. Éramos muito novatos e, do dia para a noite, estávamos na rua liderando passeatas, toda uma mobilização, sem sermos pessoas do sindicato.
Depois, a gente veio a integrar o Sindicato dos Bancários. Foi isso que nos aproximou. A partir daí, viramos amigos, de sair juntos. A nossa vida era isso: a gente acordava para trabalhar ou para se envolver nesses movimentos e seguia em reuniões até de noite.
Durante esse período, da década de 1980 até meados dos anos 2000, o Roberto nunca tinha disputado um cargo eletivo. Mas, no nosso grupo, era uma das principais lideranças. Aquele Roberto jovem, que conheci há 30 anos, e o Roberto de hoje mantêm o mesmo idealismo, mas com um pouco mais de pragmatismo e realismo que vêm com a experiência e a idade. É um cara extremamente inteligente... Podia estar ganhando dinheiro fazendo outra coisa qualquer. E não fez isso. É uma pessoa que dedica a vida toda à luta por mudanças em favor de uma sociedade mais justa e igualitária."
A aliada
Luciana Genro
Candidata a deputada estadual pelo PSOL
"O Roberto sempre foi esse ímã que atrai pessoas em torno dele"
"O Roberto sempre foi o principal dirigente da nossa corrente (a CST, uma dissidência da Convergência Socialista que permaneceu no PT). Era uma relação que havia de exercer uma liderança política dentro do grupo. Isso desde os tempos de Julinho (no movimento estudantil do Colégio Estadual Júlio de Castilhos). Todo mundo esperava para saber o que o Roberto pensava, qual era a proposta que o Roberto tinha, se era para fazer festa, o que o Roberto ia fazer...
Na formação do PSOL, ele foi um cérebro fundamental. A gente tinha uma elaboração coletiva sobre o papel do Lula dentro do PT e o papel nefasto que a direção majoritária cumpria com as alianças que vinham defendendo. A Heloísa Helena (à época, deputada federal pelo PT) era bastante vacilante, não tinha a mesma convicção sobre a necessidade de construir um novo partido. E o Roberto foi decisivo em incidir sobre ela.
A gente ia todos os dias no gabinete da Heloísa para pressioná-la. Nós tínhamos a convicção de que precisávamos um novo partido.
A Heloísa não chegava até aí, mas o Roberto já estava lá adiante. Ele ia no gabinete, me levando junto, para tentar ganhar ela no projeto. A Heloísa nunca foi uma pessoa fácil, fazia política com o fígado... O Roberto era todo amores. Tratava ela como um cristal porque sabia da sua importância para que o PSOL tivesse o potencial de ser um partido de massa — e não um novo PSTU. Ele fez com que ela sentisse firmeza em uma estratégia política, ofereceu um filme completo, uma estratégia com um objetivo claro e factível. O Roberto sempre foi esse ímã que atrai pessoas em torno dele."
A adversária
Monica Leal
Vereadora de Porto Alegre e candidata a deputada estadual pelo PP
"Foram várias as vezes em que ele disse que eu era uma defensora de torturas, de ditadura"
"As pessoas de esquerda bradam muito pelo direito de defender as suas posições, mas têm muita dificuldade em aceitar quando o outro lado pensa diferente. Eu subo na tribuna para defender as minhas opiniões, mas aceito divergências, debato, participo de debates e embates, mas sem nenhum tipo de agressão verbal, desqualificação.
Foram várias as vezes em que o vereador Roberto Robaina utilizou a tribuna e disse que eu era uma defensora de torturas, de ditadura. Esse tipo de atuação, de postura, eu não posso concordar. Lembro que, certa vez, deparei com uma postagem do chefe de gabinete dele (Marcelo Rocha) dizendo que eu estava mentindo sobre os governos militares. Fiz contato com o Robaina e solicitei que ele orientasse o seu chefe de gabinete a retirar a publicação do Facebook. O texto fazia agressões, classificava o período como vergonhoso para os direitos humanos com torturas, perseguições e morte. Fui descrita como defensora envergonhada da ditadura militar, que uso de subterfúgios linguísticos para disfarçar a admiração por essa época inglória. Ele disse que não, que não faria isso, que achava muito normal que o chefe de gabinete dele expressasse a sua opinião. Aí, eu informei que eu buscaria os meus direitos na Justiça. Foi o que eu fiz.
Isso me impressionou muito, esse apoio que ele deu para uma pessoa agredir a outra. Mas a minha convivência com ele é extremamente educada. Entende? Claro, ele só delira quando eu subo na tribuna e falo dos governos militares. Aí, surta. Eu sou filhotinho da ditadura, defensora da tortura... Aí, fica louco. De resto, é normal."