O amigo
Eduardo Macluf
Advogado
"Sempre foi um cara que se prontificou a ajudar, a discutir temas, a buscar alternativas"
"O Mateus é um sujeito extremamente disciplinado. Muito regrado. Para ele, era um dogma: o compromisso moral de ficar até 2018 na Falconi. Ponto. Ele assumiu a responsabilidade e, quando assume uma coisa... Esquece. Logo em seguida, aconteceu o episódio (de saída da consultoria de gestão) e, em uma conversa em São Paulo, lembrei que ele tinha recebido o convite para concorrer a governador. Quem sabe? Ele disse que ia dedicar esse ano a ficar no Rio Grande do Sul, mais próximo das crianças. Fazer um ano sabático. Mas foi amadurecendo essa ideia. 'Pô, já que vou ficar aqui, posso dar a minha contribuição. Né?'. E aquele negócio foi amadurecendo.
Nós tínhamos uma confraria, praticamente todos os domingos, no final da tarde, para falar de tudo um pouco. Beber um vinho, conversar sobre vários assuntos, sobre política, economia... Aí, começamos a falar sobre política, sobre candidatura, sobre o Mateus candidato. E ele foi amadurecendo. Ali, eu vi que ele estava decidido.
O Mateus é muito determinado. O Mateus sempre foi um cara que se prontificou a ajudar, a discutir temas, a buscar alternativas. Acho que, quando se abriu essa janela (para ser candidato), entendeu que, em um momento de crise, o país em colapso... Poderia contribuir. E se dedicou a isso. É o jeito dele. Quando ele bota um troço na cabeça, mergulha.
Bom, se ele se eleger governador, ótimo. Se não for eleito, com certeza vai seguir a carreira dele no setor privado. O Mateus não é um cara de seguir fazendo carreira política. Não faz nada pela metade."
O aliado
Felipe Camozzato
Vereador de Porto Alegre (Novo)
"Ele não consegue ser indiferente aos problemas. Não se furta de falar o que pensa"
"Em 2016, o Mateus deu uma palestra na Ancham (Câmara Americana de Comércio), durante a campanha eleitoral. E eu fui. No final, fui lá falar com ele, disse que tínhamos feito um jantar dois anos antes... E ele lembrou. Eu contei que era candidato a vereador e perguntei se ele gravaria um vídeo para apoiar a minha candidatura. Fui meio cara de pau, mesmo. Ele disse: "Claro, com prazer". Fomos no corredor, gravamos o vídeo e, depois, eu usei na minha campanha. Um vídeo meio selfie. Meio toscão. Era eu apresentando ele, e ele dizendo que a política precisava de gente nova e que eu era um desses. Até me disse que, se não votasse em Pelotas, votaria em mim.
Hoje, eu mexo com o Mateus que ele começou a fazer campanha muito antes de sonhar em ser candidato. Naquele evento, ele estava falando sobre gestão, e, lá pelas tantas, alguém perguntou sobre as eleições que estavam por vir. Ele estava falando sobre a sua experiência executiva na Falconi (consultoria de gestão onde Mateus trabalhou até 2017). Nada a ver com política. Mas, aí, ele comentou que era uma eleição muito importante, que ninguém estava se sentindo representado pelos partidos e que todos queriam mudança. Daí, no final, pedi que ele gravasse o vídeo — e ele topou. E eu penso: um cara que nem ele, na posição que ocupava, gravaria um vídeo de campanha para um candidato a vereador? Provavelmente, não. Diria que ia ficar chato, que preferia não se envolver. Mas isso nem passou pela cabeça do Mateus. Ele não consegue ser indiferente aos problemas que enxerga. Não se furta de falar o que pensa. Não fica no 'veja bem'."
O adversário
Guilherme Cassel
Ex-vice-presidente do Banrisul
"A base teórica dos programas econômicos dele não tem nenhuma sustentação. É religião pura"
"O período do Mateus (como presidente do Banrisul, no governo Yeda Crusius) foi muito curto, e um período em que o centro da política era o corte de despesa. Evidentemente, todo mundo é a favor do corte de despesas. Desde que isso traga alguma efetividade. Eu questiono isso como política geral. A política, no governo Yeda, era voltada para o corte de despesas, como se o banco fosse um problema. Eu vejo, nos debates, o Mateus dizer que é a favor da privatização do banco. Eu fico olhando... O que justifica isso, a não ser ideologia pura? Essa coisa que tudo que é estatal é ruim e tudo que é privado é bom. Quando enxergam um ativo economicamente grande, a primeira coisa que pensam é em privatização. E não em utilizar aquilo como uma ferramenta importante para impulsionar a economia do Rio Grande do Sul.
É aquela coisa. Você está endividado e vende a sua casa. Sabe? Não pode. Essa é a lógica do déficit zero: cortar duas refeições por dia e tirar a criança do colégio. No final do ano, a contabilidade está com déficit zero, mas as crianças estão doentes e fora da escola. Não faz sentido. A política do déficit zero entregou um Estado absolutamente sucateado. Uma educação precarizada, sem segurança, sem estrutura de saúde.
Esse setor à direita, mais conservador, eu acho que tem conceitos absolutamente atrasados. A impressão que eu tenho é que a base teórica dos programas econômicos dele não tem nenhuma sustentação. É religião pura. Ideologia pura. É a tese de um Estado mínimo num país de enormes desigualdades. É uma visão estreita."