O amigo
Nadilson Hax
Ex-procurador do município de Pelotas
"Sempre chegava atrasado nas aulas porque ficava discutindo política"
"A vida acabou tornando o Eduardo um cara muito próximo de mim. Um amigo, um irmão. Ele sempre foi muito focado na função de política, sempre gostou muito. Lembro na faculdade de Direito, era o último ano de governo Fernando Henrique, começando o processo eleitoral de 2002 que elegeu o Lula. Na universidade, naquele período, todo mundo tinha um posicionamento com viés de esquerda. Na verdade, todo mundo era meio petista. E o Eduardo já era superengajado, mesmo na campanha eleitoral do (José) Serra. E ele tinha debates gigantescos durante os intervalos. Lembro de ele começar debates com o pessoal da turma, cinco, seis debatendo contra ele. Começava na hora do intervalo e ia, ia... Dois ou três subiam, e ele ia ficando. Sempre chegava atrasado nas aulas porque ficava discutindo política. Tinha 17 anos, mas parecia um cara mais velho. Só tinha a cara de guri. E muita cara de guri. Era uma cara de menino, mas já com uma fala séria. Um porte diferente. Nem dúvidas de que ele era precoce. Ele tinha o apelido… Era Parmalat. Por causa do Leite. A gente chamava ele de Parma. Hoje, é o mesmo cara, na essência. Muito dedicado e sensível, mesmo que tenha se transformado em um líder, com capacidade de gestão e tal. Conseguiu manter uma sensibilidade rara no setor público. É uma característica sui generis, difícil de encontrar no meio da política. Não sei se é maturidade, porque maturidade é agir conforme a idade… O Eduardo sempre agiu como se fosse mais velho."
A aliada
Paula Mascarenhas
Prefeita de Pelotas
"O Eduardo tem capacidade de ouvir e tranquilidade para encontrar os caminhos"
"Os primeiros anos na prefeitura foram muito difíceis, porque a gente tinha dificuldades financeiras, como todos os municípios, e os projetos ainda estavam no papel. Alguns sendo elaborados, outros do governo anterior. Quer dizer, tudo por fazer. A gente passou dois anos sem entregar obras e, ao mesmo tempo, tendo dificuldades na manutenção. Sempre tudo muito justo. E o Eduardo entrou com uma grande expectativa. Mas, junto com essa expectativa, tinha uma certa insegurança. Ele era muito jovem. Não tinha onde se assentar, um passado para dizer 'esse cara sabe das coisas'. Os adversários começaram a dizer que esse guri não sabia onde ia, não sabia o que queria. Foram dois anos muito difíceis, e o Eduardo, ali, naquele momento, se consolidou como um gestor público. Como uma liderança. Não é fácil segurar essa barra. Ao mesmo tempo, a gente tinha um clima de muita segurança. Sentia que tudo ia dar certo. É isso que o Eduardo me passa: serenidade e segurança. A gente nunca perdeu o rumo, nunca se desesperou, porque sabia que ia conseguir tirar as obras do papel. Foi o que aconteceu nos dois últimos anos. Conseguimos vencer prazos, burocracias e entregar coisas para a população. Ao mesmo tempo, sem medo de assumir algumas brigas históricas. A gente se reunia com vários secretários. Tinha tensão em alguns momentos. O Eduardo ficava ali quieto, ouvindo… No fim, dava um fechamento. E eu pensava: o Eduardo, jovem assim, consegue ter essa capacidade de ouvir e essa tranquilidade para encontrar os caminhos. E olha que ali tinham pessoas que podiam ser mais do que pais dele — quase avós."
O adversário
Jurandir Silva
Candidato a deputado estadual pelo PSOL
"Essa ideia de renovação política que se enxerga no Eduardo é uma farsa"
"O momento em que o Eduardo Leite deixa de ser um político com uma expressão menor para ser um grande politico é em 2012, quando disputa a eleição para prefeito. É justamente a primeira em que eu participo como candidato a prefeito, e é aí que vou conhecê-lo pessoalmente. Essa é a nossa relação: o momento em que o Eduardo deixa de ser um jovem vereador para ser um aspirante a prefeito coincide com o momento em que eu deixo de ser um desconhecido para grande parte da população para ser alguém que também aspira ser prefeito. E nós apresentamos projetos completamente distintos de sociedade. Ele é um representante da política tradicional, dos partidos tradicionais. As ideias econômicas e de gestão que foram implementadas em Pelotas, assim como o plano de governo do Estado, atendem aos interesses dos mais ricos. Essa ideia de renovação política que se enxerga no Eduardo é uma farsa. Uma vez, usei uma frase de efeito contra ele: 'O Eduardo você pode chamar de Fetter (Júnior, ex-prefeito de Pelotas)'. O Fetter é um representante da oligarquia política de Pelotas, e o Eduardo era uma continuidade. Não tem nada de renovação. A não ser a idade. Fiz isso no debate da TV Nativa e de novo no debate da RBS TV. Ele ficou furioso. Mas, sem ser em um debate, a única vez que conversamos foi quando ele me telefonou após o resultado da eleição. Me parabenizou pela votação surpreendente. Eu agradeci e disse uma coisa que, para mim, continua sendo verdade: 'Eu nunca te atacarei pessoalmente'. Ele é um adversário que eu quero ver politicamente derrotado, mas politicamente."