
Combater desafios mundiais como a erradicação da pobreza, o aquecimento global e a igualdade de gênero ganha mais força quando pensado em comunidade. Partindo dessa ideia a Organização das Nações Unidas (ONU) criou, há 10 anos, uma agenda com metas para melhorar o progresso econômico e social globais. O plano de ação resultou na Agenda 2030, que estabelece 17 Objetivos Mundiais para o Desenvolvimento Sustentável (ODS).
Desde então, além de governos e da sociedade civil, o propósito também envolve outros setores, entre eles, as universidades. A ideia é que as instituições de ensino superior incentivem a formação de cidadãos mais conscientes e comprometidos com o mundo. Na prática, esse impulso acontece através da parceria com outros países, produção de pesquisas científicas e ações de inovação.
— Os acadêmicos, professores e outros parceiros são beneficiados ao estarem em uma universidade conectada com quem discute políticas e programas de incentivo aos ODSs, sendo responsável também pelo fomento de projetos — afirma a gerente de Desenvolvimento de Ensino e professora do curso de Letras da Unisinos, Cristiane Schnack.
Rede internacional
Para estimular que essas metas se transformassem em iniciativas educacionais, a ONU criou, em 2010, o Impacto Acadêmico das Nações Unidas (Unai), rede de instituições de ensino superior com estudantes, cientistas e pesquisadores em todo o mundo para debater ideias e desenvolver soluções. São mais de 1,6 mil universidades associadas em mais de 150 países, e o Brasil faz parte desse grupo.
— A Unisinos é parceira da Unai desde 2021. Isso se traduz em ações em todas as dimensões de atuação. No plano de ensino, ofertamos disciplinas em parceria com instituições e territórios para o desenvolvimento de projetos. Desenvolvemos programas de extensão e conectamos parceiros nacionais e internacionais com propósitos em comum para a promoção de projetos orientados pelos ODS da ONU — conta Cristiane.
O reconhecimento desse trabalho veio recentemente, quando a universidade gaúcha foi nomeada pela Unai como nova vice-presidente de Pesquisa do Hub de Objetivos de Desenvolvimento Sustentável para o ODS11, que busca tornar cidades e comunidades mais sustentáveis. Essa é uma posição de destaque, concedida a poucas instituições no mundo.
Cooperação na prática
Os desafios enfrentados pelos municípios, como falta de infraestrutura adequada, poluição e desastres naturais motivaram a ONU a instituir entre suas metas a construção de espaços mais inclusivos e sustentáveis. Quando ingressou no curso de Arquitetura, em 2017, Rodrigo Junges percebeu que com a formação poderia contribuir para o desenvolvimento do mundo.
Ao lado de colegas, fundou o Escritório Modelo (Emau) da Unisinos, em Porto Alegre. O grupo, por meio de oficinas, aproximou a arquitetura e o urbanismo das comunidades que não têm acesso a este serviço. De modo colaborativo, o trabalho se propôs a identificar e criar soluções a problemas e necessidades reais das comunidades locais.
A universidade também permitiu que Junges desenvolvesse um olhar mais humano sobre a sustentabilidade social – conceito que considera aspectos culturais e naturais que influenciam a qualidade de vida. Entre os anos de 2019 e 2020, ainda enquanto estudante, realizou intercâmbio para Espanha, Bolívia e México, o último participando de aulas à distância.
— Me tornei outra pessoa após essa trajetória acadêmica. É por isso que eu sempre volto na Unisinos. É como uma forma de retribuir e, também, por sentir que há uma abertura para as discussões que valorizo. Quero continuar aqui para garantir que tudo continua sendo repassado para quem chega.
Desde 2023, o arquiteto e urbanista é mestrando do Programa de Pós-graduação em Design da universidade, onde desenvolveu mais uma ação olhando para o futuro. A pós-graduação o levou até a Vila Planetário, em Porto Alegre, para o projeto Territórios Inovadores, uma iniciativa voluntária para melhorar a qualidade de vida das pessoas por meio da inovação e do desenvolvimento humano. Junto dos professores, uma série de encontros e oficinas eram organizadas no local e novos espaços passaram a ser desenhados pelo grupo.
— O design fala muito sobre construir futuros, mas o grande desafio era como fazer uma comunidade pensar nele sem saber o que pode acontecer amanhã. E para uma comunidade onde os problemas são complexos, há preocupações antes de ficar pensando em um possível futuro. Naquele momento, a sustentabilidade social veio muito forte, tanto que mudou o rumo da minha pesquisa — completou Junges.