O futuro do Ensino Superior e o impacto da Educação a Distância (EAD) foram discutidos no Zero Hora Talks – Especial Educação do Amanhã, evento que aconteceu na noite desta segunda-feira (19) em parceria com a Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos). O debate ocorreu no Teatro Unisinos, em Porto Alegre.
Participaram da discussão o professor Artur Eugênio Jacobus, vice-reitor da Unisinos, a diretora de graduação da universidade, Paula Dal Bó Campagnolo, e o pró-reitor acadêmico, Guilherme Trez. A mediação ficou a cargo da jornalista Rosângela Monteiro, editora da Zero Hora.
Para Trez, mesmo a distância, é fundamental que os cursos de graduação e pós-graduação tenham momentos de interação: entre professores e alunos e entre os estudantes, e a tecnologia é capaz de potencializar esse processo.
— As ferramentas tecnológicas aumentam a possibilidade de interação dentro e fora da sala de aula, e permitem expandir as formas de aprendizagem. A formação do aluno é responsabilidade da universidade. Precisamos acompanhar o processo de aprendizagem e disponibilizar canais de comunicação e interação para que existam trocas. É nas trocas que acontece o aprendizado — afirma.

Entre os tópicos, foram abordados os limites da EAD, a capacitação dos professores, perfil de alunos e o novo marco regulatório para o ensino a distância, que está em discussão no Ministério da Educação (MEC). Até 31 de dezembro de 2024, a pasta deve estabelecer novos referenciais de qualidade para o modelo. Em junho, o ministério suspendeu a criação de cursos EAD.
De acordo com Jacobus, esse é um grande desafio, uma vez que a expansão acelerada do modelo no país não foi acompanhada de um olhar cuidadoso para o ensino.
— A educação a distância pode ter qualidade, mesmo que seja ofertada em poucas instituições, mas que seja essa a regra. Nossa expectativa é regular o Ensino Superior no Brasil na modalidade a distância de tal forma que possamos dizer que aqui no Brasil somos avançados na quantidade de brasileiros atendidos, mas também por termos um ensino de qualidade — argumenta.
Conforme a diretora de graduação da universidade, é papel da universidade acompanhar a trajetória do aluno para identificar os pontos de dificuldade e auxiliar na jornada.
— A universidade precisa pensar na trajetória do aluno em todos os momentos, seja em cada disciplina ou no semestre, como um todo. Mesmo com uma carga horária maior a distância, o desafio é manter esse estudante próximo da universidade, isso é o mais relevante — afirma Paula.
Após o painel, o público presente fez perguntas aos convidados. O evento foi gratuito e aberto ao público.
EAD segue crescendo
A modalidade a distância é uma boa opção para parte dos brasileiros que buscam o Ensino Superior, seja pela comodidade que o formato oferece, seja pelos valores mais acessíveis. O crescimento do número de polos e de matrículas em cursos de graduação e pós-graduação evidencia isso. Aumentou em quase 11% a quantidade de polos EAD no Brasil entre 2023 e 2024.
Atualmente, são mais de 51 mil. Em 2022, a modalidade detinha quase 46% das matrículas de Ensino Superior no país. No Rio Grande do Sul, a maior parte dos estudantes matriculados nessa etapa estava concentrada na modalidade – são 55% dos alunos de graduação na EAD, o que equivale a 316,4 mil.
Quanto à pós-graduação, cerca de 65% dos estudantes de especialização frequentavam cursos EAD em 2022. Os dados são do Semesp, entidade que representa instituições de Ensino Superior de todo o país.
O Zero Hora Talks compõe o projeto editorial Educação do Amanhã, produzido pelo jornal com patrocínio da Unisinos. A iniciativa promove uma série de conteúdos multiplataforma que abordam diferentes perspectivas sobre os desafios e o futuro da educação.