
Fundada em 1872, nos Estados Unidos, a Rede de Educação Adventista chegou ao Brasil em 1896 e, atualmente, conta com 525 unidades espalhadas pelo país. Dessas, 25 ficam no Rio Grande do Sul e são conhecidas pelas excelentes pontuações no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Os resultados positivos são frutos de uma estratégia que une excelência acadêmica, princípios cristãos e desenvolvimento emocional.
— Nosso grande diferencial é a formação integral. Acreditamos que o aluno não é somente conhecimento, mas um ser completo que precisa de equilíbrio físico, emocional e espiritual para enfrentar grandes desafios como o Enem. Trabalhamos com os chamados oito remédios naturais: água, luz solar, confiança em Deus, sono, alimentação saudável, exercício físico, ar puro e temperança. Eles são aliados a projetos socioemocionais que fortalecem a identidade, a família e o propósito de vida — conta a coordenadora pedagógica regional da Rede de Educação Adventista, Estela Barbosa.
É com base em conceitos como esses que os colégios da rede, como o Adventista de Osório, registram notas acima da média nacional no Enem, que é de 660 pontos. O desempenho acima dos 920 pontos, destaca a instituição por ser a única da rede ao alcançar essa marca, e evidencia a qualidade do ensino adventista.
Abaixo, Estela detalha as iniciativas adotadas pelas escolas adventistas para preparar os estudantes para o Enem. A professora do Colégio Adventista de Gravataí, Luciana Goulart, e a ex-aluna do Colégio Adventista Marechal Rondon, Marianna Rossatto, também compartilham experiências e ressaltam os impactos positivos dos métodos adotados pelas instituições de ensino.
Como a escola se organiza para preparar os alunos para o Enem?
Estela Barbosa — A preparação dos nossos alunos começa muito antes do Ensino Médio. Desde a Educação Infantil, estimulamos a aprendizagem por meio do brincar, desenvolvendo habilidades essenciais de escrita e leitura. Já nos primeiros anos do Fundamental, os estudantes participam de projetos de leitura que os levam a ler, em média, mais de 20 livros ao ano — número muito superior à média nacional de 3,9. Além disso, aplicamos avaliações estruturadas que monitoram o desenvolvimento em leitura e escrita. Mais de 90% dos estudantes alcançam os resultados esperados nessa etapa.
A partir do 5º ano, utilizamos o Programa Adventista de Avaliação da Educação Básica (PAAEB), avaliação de larga escala da Rede Adventista, comparável ao Sistema de Avaliação da Educação Básica (SAEB), aplicada em todo o Brasil e na América do Sul. Nos últimos seis anos, nossos resultados ficaram sempre acima da média nacional, o que demonstra a consistência do trabalho, visto que desde o 3º dos anos iniciais realizamos simulados bimestrais preparando os alunos para o PAAEB.
Esses cuidados são intensificados no Ensino Médio?
Estela Barbosa — Sim. No Ensino Médio, intensificamos a preparação com aulões, oficinas, clubes de estudo e o programa “Chave do Enem”, que promove simulados semanais corrigidos por professores especialistas, além de videoaulas na plataforma E-Class.
No mês antes da prova realizamos o ENEM Treineiro, uma experiência que simula em todos os aspectos o dia do exame, desde a realização em outro ambiente escolar até profissionais fiscalizando a prova e o fechamento do portão no horário estipulado. O objetivo é fazer com que, no dia do Enem de fato, os mínimos detalhes estejam alinhados. Tudo isso é adaptado ao perfil das turmas, garantindo motivação e preparação sólida.
Como é feito o acompanhamento dos alunos, especialmente na reta final antes da prova?
Estela Barbosa — Nosso acompanhamento é constante e personalizado. A equipe pedagógica monitora cada aluno, analisando resultados de simulados, redações (corrigidas por empresa especializada) e trabalhos. Os feedbacks mostram exatamente os pontos que precisam de reforço, ajudando os estudantes a evoluírem. Além disso, orientamos estratégias práticas, como interpretação de enunciados e gestão do tempo de prova.
Destacamos também o papel da Orientação Educacional, que aproxima escola, professores e famílias, trazendo segurança e confiança em um momento decisivo.
De que forma iniciativas como as revisões e os aulões especiais focados no Enem ajudaram no seu desempenho?
Marianna Rossatto — As revisões ajudavam muito a separar o que eu já sabia do que eu precisava aprender, e os aulões me auxiliavam demais. Tivemos um aulão sobre redação, com muitos detalhes dos critérios utilizados na correção das redações, e também um aulão a respeito do método certo para responder às questões de forma mais assertiva, e ele me ajudou muito a fazer o Enem em menos tempo.
Existem ações específicas para desenvolver autoconfiança e equilíbrio emocional entre os alunos?
Estela Barbosa — Sim. Além dos projetos socioemocionais ao longo da vida escolar, iniciamos cada dia com momentos de meditação e reflexão. Para os alunos do terceirão, muitas dessas mensagens são voltadas ao fortalecimento emocional. Próximo ao Enem, promovemos um dia especial: começamos com mensagens motivacionais enviadas pelas famílias e seguimos com atividades de lazer e integração, proporcionando tanto acolhimento quanto relaxamento. Esse equilíbrio ajuda a enfrentar a prova com mais serenidade.
O período pré-Enem costuma ser muito desafiador para os alunos. Como os professores atuam para ajudar os estudantes a controlar a ansiedade e manter a motivação?
Luciana Goulart — Nós, professores, ajudamos de forma integrada a controlar a ansiedade e manter a motivação ao promover equilíbrio emocional, autoconfiança e gestão da ansiedade. Isso é feito por meio de momentos de reflexão, incentivo à espiritualidade e apoio psicológico, sempre com foco no bem-estar e no crescimento pessoal de cada estudante.
Como os princípios cristãos são trabalhados durante o processo de preparação para o Enem? Por que isso é tão importante?
Estela Barbosa — Eles estão presentes em todas as ações da nossa rede, pois fazem parte da nossa identidade. Durante a preparação para o Enem, os princípios bíblicos trazem clareza de propósito: o aluno aprende a reconhecer seu papel diante da sociedade, da escolha da profissão e da própria vida. Mais do que obter bons resultados, buscamos formar cidadãos conscientes, éticos, pensantes, críticos e comprometidos com valores sólidos.
Luciana Goulart — A espiritualidade, com a reafirmação de valores cristãos, ajuda a lembrar que cada conquista deve estar alinhada a um propósito maior de vida: servir a Deus e contribuir com a sociedade. Esses momentos de reflexão fortalecem a coragem, a ética e o senso de responsabilidade ao longo da preparação para o Enem.
Como foi, na prática, a sua preparação para o Enem dentro da Rede de Educação Adventista?
Marianna Rossatto — Desde o 9º ano, os professores falavam do Enem e da importância da preparação para a prova. Isso fez com que eu sempre estivesse consciente de que precisaria prestar bastante atenção nas aulas. No terceirão, comecei a fazer cursinho para me auxiliar nos estudos, e passei a realizar muitos simulados e refazer outras edições do Enem, mas só foi possível seguir a rotina mais puxada porque o colégio sempre me deu muito apoio pra continuar atrás do que eu queria. Fazíamos redações todas as semanas e, como eu tinha muita facilidade nessa área, foquei bastante nela. Além disso, vários professores faziam listas com questões só do Enem e da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) nas aulas, que me ajudaram bastante a fixar os conteúdos.
A escola também auxilia os alunos na escolha de carreira e no planejamento do futuro acadêmico e profissional?
Estela Barbosa — Sim. O componente curricular Projeto de Vida é o eixo central desse processo, mas ampliamos com diversas iniciativas. Promovemos feiras de profissões em parceria com universidades, convidamos profissionais de diferentes áreas para partilhar suas experiências e realizamos visitas a instituições como batalhões de bombeiros, tribunais, dentre outros.
Além disso, oferecemos orientação individualizada e aplicamos testes vocacionais com devolutivas personalizadas. Esses resultados são apresentados para as famílias em gráficos e discutidos em reuniões, ajudando-os a compreender melhor as habilidades e possibilidades no mercado de trabalho.
Luciana Goulart — Orientamos os alunos nas escolhas profissionais, proporcionando teste vocacional e auxiliando-os a enxergar o Enem não apenas como um exame, mas como uma oportunidade de realizar seus sonhos e de impactar positivamente a comunidade.
Qual legado mais marcante a Educação Adventista deixou na sua vida?
Marianna Rossatto — A importância de ser excelente em tudo que me for proposto a fazer. A Educação Adventista sempre deu todas as opções possíveis para me aprimorar, seja nas aulas, seja nas feiras de iniciação científica, nos trabalhos ou nos eventos especiais. Isso fez com que eu sempre me sentisse impulsionada a fazer o melhor que posso, não para mim ou para os outros, mas para Deus.




