
Pouca valorização, baixo interesse e muitos desafios: essas ideias foram associadas à carreira docente no Brasil durante bastante tempo. No entanto, a antiga narrativa vem perdendo força diante de uma realidade que aponta para outra direção. Em um cenário marcado pela crescente escassez de professores qualificados, acendendo o alerta para um possível “apagão docente”, segundo o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), a formação de educadores se revela uma área promissora.
Diferentemente do que muitos imaginam, há sim quem deseje seguir carreira na educação — e é nesse público que instituições como a Faculdade Instituto Ivoti estão apostando.
– É preciso quebrar o paradigma de que ninguém quer ser professor. Ainda que o interesse atinja 5% ou 7% dos jovens, é nesse grupo que devemos focar, oferecendo bons cursos de formação, mantendo nossa instituição fiel a esse propósito – afirma o diretor Jorge Augusto Feldens.

Um novo marco na educação
Com mais de um século de história voltado à formação de professores, a Faculdade Instituto Ivoti sempre priorizou a presencialidade, mesmo diante de um movimento nacional de migração para cursos totalmente à distância. Agora, com a tendência reforçada pelo novo marco regulatório do MEC, que exige no mínimo 50% de atividades presenciais em cursos de licenciatura, a instituição reafirma seu compromisso com a qualidade da formação docente, apostando em práticas reais, acompanhamento contínuo e inserção nas escolas desde o início do curso.
Essa escolha estratégica tem gerado resultados concretos: turmas inteiras de formandos sendo absorvidas pelo mercado, estudantes atuando em escolas já a partir do segundo ano e uma taxa de conversão vestibular–matrícula próxima dos 100%. Além disso, os salários iniciais na carreira docente, muitas vezes subestimados, podem ser superiores a diversas outras profissões, especialmente quando se considera a possibilidade de ampliação de carga horária e múltiplas frentes de atuação.

Em entrevista, Jorge Augusto Feldens, diretor da Faculdade Instituto Ivoti, fala sobre os desafios e as oportunidades atuais na formação de professores, os diferenciais da instituição, o impacto das novas diretrizes do MEC e os caminhos para quem deseja ingressar em uma licenciatura ainda neste segundo semestre de 2025. Acompanhe:
Quais os principais diferenciais da Faculdade Instituto Ivoti na formação de professores?
Primeiro, a própria história da Faculdade Instituto Ivoti — que surgiu em 1909 como uma instituição formadora de professores, principalmente da língua alemã, para atender comunidades do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. Isso foi enraizado ao longo destes 116 anos que completamos agora. Além disso, a resposta também vai muito ao encontro de uma decisão que a instituição tomou de manter a presencialidade na formação de professores, enquanto em um cenário nacional a opção era migrar para a oferta digital, com a Educação a Distância (EAD).
Sempre nos mantivemos fiéis a esse propósito de formar professores presencialmente. Além do contato com os colegas, achamos importante que as práticas aconteçam nas escolas parceiras e aqui na própria instituição, pois também temos Educação Básica. Dessa forma, é muito comum que os estudantes de todos os nossos cursos tenham vivências de sala de aula, seja nas práticas curriculares ou no Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (Pibid), disponível para quase 50% dos nossos estudantes.
Além disso, no que diz respeito ao curso de Letras, Português e Inglês, a certificação metodológica da Universidade de Cambridge denominada Teaching Knowledge Test (TKT) faz parte do currículo, ou seja, os estudantes têm a oportunidade de realizar esse exame na própria instituição. Segundo o British Council, a Faculdade Instituto Ivoti é a única a oferecer essa certificação no Brasil.
De que forma os cursos de licenciatura do Instituto Ivoti promovem a prática pedagógica?
Desde o primeiro semestre já há possibilidade de o estudante ir para a sala de aula pelo Pibid e pelo currículo que temos em nossos diferentes cursos. Essa prática permeia todas as unidades curriculares e vai muito além do que normalmente se tem nos estágios. Além disso, por sermos reconhecidos como uma importante instituição, as escolas públicas e privadas já nos procuram e buscam os estudantes para atuarem como monitores escolares.
Assim, me arrisco a dizer que todos os nossos estudantes, a partir do segundo ano de curso, já estão atuando na área. Seja pelo Pibid ou por serem procurados por escolas, eles já atuam, e isso só é possível na presencialidade. Quando é um curso que atende no digital, quase sem interações presenciais, é quase impossível acontecer, pois as pessoas nem se conhecem. Já a nossa turma de formandos desse ano está toda empregada ou encaminhada para atuação em outras instituições — não necessariamente no Rio Grande do Sul, mas também em outros Estados, como é o caso de dois estudantes que vão para o Paraná a partir do ano que vem. Isso é muito comum de acontecer aqui.
Como a instituição vê a recente decisão do governo federal de não mais permitir a formação inicial de professores 100% online?
Falando de EaD, a gente reconhece que possibilitou o acesso de milhares de pessoas ao Ensino Superior e permitiu que tudo andasse durante a pandemia. Mas, infelizmente, no Brasil grandes grupos educacionais se aproveitaram do cenário para ofertar o máximo de cursos nessa modalidade, deixando a qualidade em segundo plano. Tanto é verdade que desde o ano passado o MEC começou a estabelecer mudanças importantes, concretizadas há algumas semanas pelo Novo Marco Regulatório do Ensino Superior.
Em licenciaturas e em áreas como Saúde e Direito, ele estabelece uma nova modalidade: com mais clareza, o que antes era “presencial e online” agora é o semipresencial — no que se enquadram as licenciaturas. Ou seja: já não se pode formar professores 100% online no país, o que entendemos como um ganho imenso, sublinhando a visão que sempre tivemos. Portanto, celebramos muito este novo marco regulatório, perfeitamente aderente à nossa prática.
Quais são as opções de ingresso disponíveis para quem deseja iniciar uma licenciatura no segundo semestre de 2025?
São vários caminhos possíveis. Primeiro tivemos nosso vestibular tradicional, com prova de redação, em duas datas: 18 de junho e 2 de julho. De 3 de julho até 15 de agosto, temos o vestibular agendado, em que o candidato se inscreve e escolhe o melhor dia e horário para fazer. A prova é padrão Enem: a pessoa recebe uma proposta e elabora um texto dissertativo argumentativo a partir dela. Os temas sempre têm relação com educação e formação de professores, já procurando entender o posicionamento e interesse da pessoa em seguir nessa área.
Além disso, com um mínimo de 450 de nota no Enem se consegue ingressar e pleitear uma bolsa de R$ 800,00 por mês e isenção de mensalidade. Com o Pibid também há bolsa de R$ 700,00 por mês. Já por meio do Programa Professor do Amanhã, do governo do Estado, é possível acessar o curso de Letras Português e Inglês, enquanto o curso de Letras Português e Alemão é subsidiado pelo governo da Alemanha por meio do Ministério de Relações Exteriores, com bolsas de 90% para quem ingressa no curso. Para tanto, é preciso ter proficiência no idioma (nível B1 do Quadro Europeu Comum de Referência para Línguas). Inclusive, oferecemos gratuitamente um curso intensivo de um ano de língua alemã com a certificação necessária. É um preparatório de quatro noites, de fevereiro a dezembro, e ainda resta uma noite na semana para iniciar uma disciplina.
Outras formas de ingressar são o Prouni ou o financiamento próprio da nossa instituição por meio do Fundo para Formação de Professores. Com ele, é possível financiar 50% das mensalidades e pagar o saldo depois da formatura, sem juros, para quem precisa de um fôlego para pagar seus estudos. Em resumo, quem quer se tornar professor pode alcançar uma boa formação com bolsa ou financiamento — há oportunidades bem interessantes. E ainda temos bolsas institucionais de 50% e 100% para os cursos de Pedagogia e Música.
Quais os perfis dos estudantes que buscam esses cursos na Faculdade Instituto Ivoti?
São bem variados. Temos estudantes oriundos das redes pública e privada, em geral jovens de 17 a 24 anos, com um interesse genuíno pela educação. Temos também pessoas de outras áreas que buscam uma segunda formação — seja para mudar de ares ou se reposicionar na carreira — e escolhem a licenciatura. Na Música, especificamente, muitos fazem o bacharelado com um viés mais da performance e enxergam na licenciatura uma possibilidade profissional bem interessante.
De fato, não é todo mundo que quer ser professor, mas os que querem estão convictos disso. Falo pela experiência de outras instituições em relação à taxa de conversão do vestibular para matrícula. Muitas precisam de mil inscritos no vestibular para que 300 façam a prova e 90 se matriculem (30%). Na nossa instituição é bem diferente: normalmente, quem nos procura para fazer o vestibular sabe o que quer — e sabe que quer estudar conosco. Assim, a taxa de conversão é praticamente de 100%.
Outro indicativo de que o mercado está mudando é que, nos últimos dois anos, crescemos 40% em número de estudantes. Estamos vivendo uma onda bem positiva, com estímulos do governo, principalmente por conta das escolas, que já começam a sentir a falta de bons professores. Isso significa que virou um campo de trabalho interessante, praticamente com emprego garantido para quem tem boa formação.
Como a formação oferecida prepara os futuros professores para os desafios e demandas reais da sala de aula?
Primeiro, nossa abordagem é muito prática, baseada em discussões e no estudo de princípios teóricos. Do ano passado para cá, fizemos também uma importante reforma do currículo — não mais focado no conteúdo, mas no desenvolvimento de competências conforme o previsto na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), com as práticas que as escolas precisam aplicar em seu cotidiano. Também trabalhamos fortemente a extensão, que é uma obrigatoriedade das instituições — usar os aprendizados e o conhecimento da academia em prol da comunidade, do desenvolvimento da região em que a instituição está inserida. Investimos bastante nesse contato com o real, com o dia a dia da escola.