Itamar Melo - de Capão da Canoa
As questões que os 7,7 milhões de inscritos no Enem vão responder neste final de semana serão idênticas para todos, mas as condições de igualdade acabam aí. As oportunidades oferecidas a cada candidato são tão díspares que já se sabe de antemão, praticamente desde o berço, quem se sairá bem e quem se sairá mal. Alunos de famílias ricas vão tirar notas altas e ficarão com as melhores vagas no ensino superior. Para alunos pobres, as estatísticas reservam o destino de conseguir um resultado pífio no exame e contentar-se com uma faculdade menos disputada ou algum acesso via cotas. Há muitas exceções, é claro, mas o que os resultados do Enem escancaram ano após ano é que o Brasil vive uma espécie de apartheid educacional.