
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou, nesta quinta-feira (24) o interesse dos Estados Unidos nos minerais estratégicos brasileiros, como o lítio e o nióbio. A fala ocorreu durante cerimônia de entregas do governo federal em Minas Novas (MG). O petista afirmou que "aqui ninguém põe a mão":
— Temos todo o nosso petróleo para proteger. Temos todo o nosso ouro para proteger. Temos todos os minerais ricos que vocês querem para proteger. E aqui ninguém põe a mão. Este país é do povo brasileiro — disse.
A declaração de Lula foi feita depois de o encarregado de Negócios da Embaixada dos EUA, Gabriel Escobar, ter se reunido com representantes do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram) e manifestado interesse em fechar acordos com o Brasil para aquisição de minerais estratégicos.
Mesmo em meio à tensão provocada pelo tarifaço anunciado por Donald Trump, o Ibram tem apostado no diálogo sobre minerais estratégicos e críticos como ponte para conter riscos e ampliar parcerias com os Estados Unidos. A entidade já articula uma missão de mineradoras brasileiras ao país norte-americano.
A iniciativa do Ibram busca abrir caminhos para o setor mineral brasileiro em meio à ameaça de tarifas de até 50% sobre produtos nacionais, anunciadas pelo ex-presidente Trump, que podem afetar diretamente as exportações e a importação de insumos essenciais.
A expectativa é que o diálogo ajude a proteger a competitividade do setor mineral, especialmente na negociação de minerais críticos e estratégicos, fundamentais para cadeias produtivas ligadas à transição energética dos dois países.
Missão comercial é discutida entre Ibram e diplomacia americana
O Ibram recebeu o Encarregado de Negócios e Embaixador interino dos Estados Unidos no Brasil, Gabriel Escobar, em visita solicitada pela diplomacia norte-americana.
O principal tema da reunião foi a organização de uma missão comercial de mineradoras brasileiras aos Estados Unidos, além do interesse americano em acordos bilaterais envolvendo minerais estratégicos.
Durante o encontro, o diretor-presidente do Ibram, Raul Jungmann, e o vice-presidente, Fernando Azevedo, destacaram a importância do estreitamento das relações comerciais com os Estados Unidos, especialmente diante do atual cenário global de commodities.
Escobar sugeriu que a visita de empresários brasileiros aconteça em setembro ou outubro, período mais produtivo para o setor nos EUA.
Diplomata dos EUA manifesta interesse em política de minerais críticos
Segundo o Ibram, o embaixador Escobar demonstrou interesse na Política Nacional de Minerais Críticos e Estratégicos, ainda em elaboração pelo governo brasileiro, e também em projetos de lei que tramitam no Congresso sobre o tema.
Os tópicos discutidos devem ser levados às mineradoras associadas ao Ibram, responsáveis por cerca de 85% da produção mineral do país.
Setor teme impacto bilionário do tarifaço de Trump
A reunião ocorreu em meio à preocupação com o impacto das tarifas de até 50% sobre produtos brasileiros, anunciadas por Donald Trump.
O Ibram estima que medidas desse tipo e eventuais retaliações possam gerar perdas de até US$ 1 bilhão por ano para a mineração nacional, sobretudo pelo aumento dos custos na importação de maquinário pesado.
Nos últimos dias, a entidade intensificou articulações em defesa do setor, inclusive com o vice-presidente Geraldo Alckmin, alertando para os riscos de uma política de reciprocidade tarifária, que pode afetar projetos e a modernização tecnológica da mineração.
— A retaliação e a reciprocidade nos preocupam muito mais — afirmou Raul Jungmann, presidente do Ibram, em entrevista à Bloomberg Línea.
Segundo ele, o principal temor está nos custos adicionais de importação, que podem superar US$ 1 bilhão anuais, caso o Brasil adote medidas retaliatórias.


