
Há mais de 20 anos, Daniel Jobim é produtor rural em Boa Vista do Incra, na região de Cruz Alta. Na propriedade, planta diferentes grãos, como soja, milho, feijão e trigo.
Com objetivo de reduzir o uso de químicos na plantação, Jobim, que também é engenheiro agrônomo, aderiu aos bioinsumos. Atualmente, produz em média 50 mil sacas de soja por ano e a mesma quantidade de milho.
Quando você começou a usar bioinsumos na lavoura e como soube desta possibilidade?
Nós começamos a trabalhar com bioinsumos mais frequentemente faz uns cinco anos, mas já usávamos antes na parte de inoculação, que é um bioinsumo mais antigo, vamos dizer assim. É um inoculante para soja, para fortalecer a bactéria fixadora de nitrogênio no solo.
Nós sempre procuramos usar menos produto químico. Nenhum produtor gosta de usar produto químico, mas acontece que, muitas vezes, ainda é o mais eficiente. Conforme começam a aparecer bioinsumos com qualidade melhor, podemos ter isso substituído. É muito recente o insumo biológico com eficiência.
Eu procuro muito me informar, ver quando sai alguma pesquisa, para saber das novidades, das novas tecnologias. Sempre pensamos em utilizar menos insumos, porque, cada vez que usamos algum produto, é um gasto a mais. Foi por meio dessa busca por informações que fiquei sabendo que já existem bioinsumos com eficiência.
O que você esperava e qual foi o resultado que obteve?
Eu esperava uma produção melhor, ou seja, maior eficiência com diminuição de custos. Ainda não atingimos a diminuição de custos, mas já temos mais eficiência nos tratamentos biológicos. Melhoramos nos tratamentos de doenças de soja, de inoculação de rizóbios, fixadores de nitrogênio, controle de lagartas. É mais ou menos nesse sentido que estamos tendo mais eficiência.
Atualmente, o gasto é muito semelhante, não dá para dizer que é menor. Ele pode se tornar menor se tu fizer o uso nos momentos corretos. Porque tem algumas características específicas. Por exemplo, na falta de umidade, os produtos biológicos não são tão eficientes. Nisso, os químicos ainda têm uma certa vantagem.
Eu acredito que, à medida que for aumentando o aparecimento de novos produtos, novos insumos biológicos, naturalmente, nós vamos começar a migrar para eles, por serem menos agressivos.
Para nós, o que importa de todo produto é a eficiência. Se o mercado nos oferecer um produto mais seguro de utilização e com eficiência, ou seja, que não comprometa a produtividade, certamente nós migraremos para esse produto.
O que falta para que esse tipo de insumo tenha mais adesão pelos produtores rurais?
Eu acredito que ainda existe falta de informação do produtor. Além disso, ele quer ver funcionar, quer ver a coisa acontecer, porque a troca é muito perigosa. Ao aplicar um produto novo, tu deixa de aplicar um que tu sabe que funciona e pode ser que tenha um prejuízo na lavoura. É importante destacar que a maioria dos bioinsumos são preventivos, não são curativos. Por exemplo, o fungicida biológico funciona mais na prevenção do que como tratamento.
Então, é muito arriscado tu errar. Tu pega um ano como esse, por exemplo, em que nós tivemos uma diminuição de produtividade pela seca, se tiver uma queda na produção por doença, vira um desastre. Acho que nem todos usam bioinsumos por uma questão de cautela. Primeiro, ele precisa ter certeza da eficiência, para depois utilizar com força, como o padrão.