
A decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central de aumentar o juro básico do país afeta a vida dos investidores. A alta de 0,25 ponto percentual na taxa, jogando a Selic para 15% ao ano, mantém o protagonismo dos títulos de renda fixa, mas abre espaço para diversificação, segundo especialistas e analistas de mercado.
Pós-fixados
Com Selic ainda alta, os ativos de renda-fixa pós-fixados seguem sendo mais atraentes, dizem analistas. Esse tipo de título é amarrado à variação de algum indexador, como taxas de inflação ou de juro, e o investidor só saberá o retorno real no momento da retirada. Com Selic alta, o retorno é maior em um ativo considerado mais seguro.
Guilherme Dultra, sócio da Knox Capital e Head de Finanças da Associação Nacional dos Executivos de Finanças (Anefac), afirma que os investidores devem continuar priorizando aplicações como títulos públicos e CDBs, que seguem oferecendo retornos muito atrativos em termos reais, segundo Dultra:
— O movimento reforça ainda mais esse viés conservador dos investidores. A renda fixa fica ainda mais atrativa no curto prazo, aumentando o custo de oportunidade de investimentos em ativos mais arriscados.
Opções de ativos
Thomas Gibertoni, especialista em investimentos e sócio da Portofino Multi Family Office, afirma que, mesmo com possibilidade de fim de ciclo de alta, o cenário de incerteza segue, em ambiente com juro elevado por mais tempo.
Com isso, ele também avalia que a atratividade dos títulos de renda fixa pós-fixados — aqueles ativos atrelados a algum índice — continua.
Para clientes mais conservadores e avessos ao risco, a mescla de títulos pode ser uma boa opção, segundo Gibertoni:
— Acho a diversificação entre títulos do governo e títulos de crédito privado uma boa. Quando a gente olha para crédito privado, tem os bancários, e aí os clientes menores podem, obviamente, usufruir da garantia do FGC (Fundo Garantidor de Créditos). Então os CDBs ainda tem essa atratividade, por conta disso.
Mesmo assim, avalia que o investidor pode diversificar os aportes ao longo do tempo de forma gradual:
— Para os investidores no geral, na média, o final de ciclo de juros sempre tende a ser um bom momento de se investir. Então, ter essa cabeça mais aberta para talvez tomar um pouco mais de risco seja interessante, mas, de novo, sempre a depender do tipo de risco que o cliente está disposto a tomar.
Diversificação de olho no futuro
Guilherme Dultra, da Knox Capital, destaca que um juro mais alto reforça a percepção de que o ciclo de aperto está chegando ao limite. Com isso, os investidores precisam ficar ainda mais atentos aos itens que têm na carteira, porque o fim das altas pode abrir espaço para uma reprecificação futura de ativos, "caso o mercado comece a enxergar um ciclo de cortes mais à frente", segundo Dultra.
Fernando Siqueira, estrategista-chefe da Eleven, empresa especialista em análise financeira, também afirma que fins de ciclo de aumento de juro costumam abrir uma boa janela de oportunidade para diversificação. Nesse sentido, indica alguns ativos que ganham protagonismo neste momento:
— Historicamente, esse é um bom momento para você migrar um pouco mais para pré-fixado, para a bolsa, para fundo imobiliário.
Esse movimento realizado com antecedência ao novo ciclo de corte garante retornos melhores do que deixar a decisão para as vésperas do movimento do BC, conforme Siqueira:
— Às vésperas de o Banco Central começar a reduzir os juros, o retorno vai ser bem menor. Você precisa antecipar um pouco esse risco para, de fato, conseguir um retorno melhor.