
Taxa Selic, CDB, CDI, ações, renda fixa e renda variável. São inúmeros os termos e siglas relacionadas ao mundo dos investimentos e ao mercado financeiro. Essa quantidade de nomenclaturas pode assustar quem está pensando em começar a aplicar e fazer render o seu dinheiro.
Zero Hora organizou o "glossário do investidor", um guia com as principais expressões e significados para quem deseja investir. E, para entender mais sobre a temática, conversou com Wendy Haddad Carraro, educadora financeira e professora do curso de Ciências Contábeis da UFRGS, e com Lucas Taxweiler, planejador CFP (Planejador Financeiro Certificado, na tradução livre) e líder da Warren Wealth, da Warren Investimentos.
O que é um investimento?
No universo financeiro, investir significa aplicar seu dinheiro para gerar retorno no futuro, seja na forma de lucro, seja por meio de juros ou da valorização de ativos. Entre as formas mais populares, estão a poupança, o Tesouro Direito, os fundos e a compra de ações, por exemplo.
— É um dinheiro que deixamos de utilizar hoje com a expectativa de que se torne um montante maior — explica Taxweiler.
De forma geral, para quem deseja investir, a sugestão dos especialistas é começar: comece estudando e organizando suas finanças, identifique o seu perfil de investidor, e vá construindo uma reserva para investir por mês. Outras dica é buscar profissionais especializados e de confiança.
Simule os rendimentos
Para auxiliar quem está dando os primeiros passos no mundo dos investimentos, Zero Hora desenvolveu uma calculadora de investimentos para simular a rentabilidade da poupança, do CDB e do Tesouro Selic em diferentes prazos. Confira.
Quais os principais termos relacionados a investimentos
Ação
Uma ação representa a menor fração de uma empresa de capital aberto, negociada livremente na Bolsa de Valores. Se o investidor compra uma ação, está, na prática, adquirindo um pedaço de uma companhia.
É possível deter ações da Petrobrás, por exemplo. Dessa forma, o investidor acaba se tornando um acionista minoritário.
— Ele participa da evolução dessa empresa. Se os resultados (da empresa) melhorarem, a ação vai subir e esse investidor vai ganhar dinheiro. Se os resultados piorarem, a ação tende a cair e o investidor vai perder dinheiro. Se a empresa distribuir resultados entre os sócios, por meio de dividendos, esse investidor vai receber uma distribuição proporcional ao percentual que ele é dono — afirma Lucas Taxweiler.
A compra de ações é considerada o primeiro passo para quem planeja investir na Bolsa de Valores.
Ajuste diário
No contexto financeiro, ajuste diário é um cálculo que a Bolsa de Valores faz ao final de cada dia, a cada "pregão", determinando se os investidores tiveram lucro ou prejuízo com suas posições em contratos futuros.
BDR – Certificado de Depósito de Valores Mobiliário
BDR é a sigla para Certificado de Depósito de Valores Mobiliário. São certificados negociados no Brasil, que representam ações emitidas de empresas estrangeiras, listadas em bolsas internacionais. Ou seja, os BDR são opções de investimentos para brasileiros que desejam investir em empresas de outros países.
Bolsa de Valores
Bolsa de Valores é o mercado onde são negociados diferentes produtos de investimentos. No Brasil, ela é conhecida como B3.
Ela funciona como um ambiente regulado, em um espaço físico ou eletrônico, em que os investidores podem comprar e vender ativos financeiros específicos, por intermédio de instituições autorizadas. É nela onde são negociados, por exemplo, as ações, BDRs, cotas de fundos de investimento.
Bonificações
Bonificação é a forma de uma empresa distribuir aos seus acionistas (aquele que é proprietário de ações) parte de seus lucros em decorrência do aumento do capital. Ela é paga por meio da distribuição de novas ações, proporcional ao percentual que o acionista já tem.
Capitalização
No mercado financeiro, capitalização refere-se a um título de crédito que funciona como uma poupança, mas que também oferece ao investidor a chance de concorrer a prêmios em sorteio.
Carteira de investimentos
Uma carteira de investimentos é um grupo de diferentes ativos do mercado financeiro que um investidor pode deter, com o objetivo de estimular a diversificação aplicações.
— É um conjunto de investimentos que uma pessoa tem e que ela diversifica. Ela pode ter um pouco de renda fixa, um pouco de renda variável, um pouco de investimento que tenha liquidez. Essa carteira tem que ser construída com base no perfil que o investidor tem — destaca a educadora financeira Wendy Carraro.
CDB - Certificado de Depósito Bancário
CBD é a sigla para Certificado de Depósito Bancário. É um título de renda fixa emitido por instituições financeiras e bancos para captar recursos. Na prática, quando o usuário investe em CDB, ele empresta dinheiro ao banco e, em troca, recebe o valor com juros após um período determinado.
CDI - Certificado de Depósito Interbancário
CDI é a sigla para Certificado de Depósito Interfinanceiro. Ela pode ser utilizada tanto para se referir a um título privado emitido entre instituições financeiras, que não está disponível para o grande público, quanto para se referir a um indicador financeiro.
Na prática do investidor individual, o CDI funciona como uma taxa utilizada como referência para calcular os rendimentos de diversos produtos financeiros, como o CDB.
O CDI usa como base a média ponderada dos juros cobrados pelas instituições financeiras para as operações de empréstimos que realizam entre si. Muitos investimentos têm seu rendimento atrelado a um percentual dessa taxa.
Copom - Comitê de Política Monetária
Copom se refere ao Comitê de Política Monetária, órgão do Banco Central responsável por implementar a política monetária e definir a taxa de juros da economia brasileira, conhecida como taxa Selic.
Cota
Cota representa uma fração do patrimônio líquido de um fundo de investimento. Quando se investe em um fundo, está se adquirindo um certo número de cotas, proporcional ao valor que investe.
Dividendos
Dividendos são uma parcela de lucro distribuída aos acionistas de uma empresa, na proporção da quantidade de ações detida.
ETF - Fundos de índice
A sigla ETF se refere a Exchange Traded Funds ou a fundos de índice. São fundos de investimento, admitidos à negociação na bolsa de valores, que costumam acompanhar ou replicar a rentabilidade de um determinado índice de referência, como o Ibovespa, ou qualquer índice de ações ou de renda fixa.
FGC - Fundo Garantidor de Créditos
O FGC ou Fundo Garantidor de Créditos é uma instituição que protege correntistas, poupadores e investidores. Tem como objetivo prestar garantia de crédito aos clientes das instituições financeiras participantes do fundo. Ele existe para minimizar riscos, resguardando investidores de uma eventual falência dos bancos.
Fundos de Investimento
Um fundo de investimentos é uma modalidade formal de investimento coletivo, em que diversos investidores reúnem seus recursos para aplicar de forma conjunta no mercado financeiro.
Seu patrimônio é dividido em cotas, cujo valor é calculado diariamente por meio da distribuição do patrimônio líquido.
O funcionamento dos fundos obedece a normas da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e a um regulamento próprio.
Fundos imobiliários
São fundos de investimentos que reúnem a aplicação de diversos investidores com o objetivo de aplicar em empreendimentos imobiliários, de acordo com a política estabelecida em cada fundo.
Gestão de risco
Trata-se de um somatório de estratégias para identificar, avaliar e reduzir os riscos que podem afetar os investimentos.
Ibovespa - Índice Ibovespa
O Ibovespa é o principal indicador de desempenho das ações negociadas na B3 e reúne as empresas mais importantes do mercado de capitais brasileiro. O número aponta o desempenho médio das cotações dos ativos de maior negociabilidade e representatividade no mercado de ações brasileiro.
IOF - Imposto sobre Operações Financeiras
IOF é a sigla para Imposto sobre Operações Financeiras. Esse imposto incide em operações de empréstimos, investimentos e financiamentos.
IPCA – Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo
É utilizado pelo Banco Central para acompanhar os objetivos estabelecidos no sistema de metas de inflação.
O índice é calculado pelo IBGE e mede a variação nos preços de produtos e serviços consumidos pelas famílias com rendas entre 1 e 40 salários-mínimos.
LCI
As Letras de Crédito Imobiliário (LCI) são títulos de renda fixa emitidos por instituições financeiras, que conferem aos seus titulares direito de crédito pelo valor nominal, juros e, se for o caso, atualização monetária. As LCIs devem ser lastreadas por créditos imobiliários garantidos por hipoteca ou alienação fiduciária de coisa imóvel.
Na prática, representam outra maneira de os bancos captarem recursos, porém com lastro em créditos imobiliários, e, portanto, são utilizadas como fonte de recursos para o setor imobiliário.
LCA
As Letras de Crédito do Agronegócio (LCA), do ponto de vista do investidor, são títulos muito semelhantes às LCI em termos de características de retorno e liquidez, no que se refere aos indexadores utilizados como remuneração, isenção do imposto de renda e aos prazos mínimos de vencimento.
A principal diferença entre as LCIs e as LCAs está no lastro. As LCA são utilizadas como fonte de recursos para a cadeia do agronegócio. Portanto, podem ser lastreadas em uma ampla variedade de ativos relacionados a direitos creditórios vinculados a produtores rurais, suas cooperativas, e terceiros, inclusive empréstimos e financiamentos relacionados com a produção, comercialização, beneficiamento ou industrialização de produtos ou insumos agropecuários ou de máquinas e implementos utilizados nesse setor.
Liquidez
Liquidez diz respeito à velocidade com que um ativo pode ser convertido em dinheiro. É como o ativo ou valor mobiliário pode ser comprado ou vendido sem afetar o preço do ativo. Saber a liquidez do ativo ajudará a determinar onde investir.
Perfil de investidor
O perfil do investidor determina a tolerância ao risco e o tipo de investimento mais adequado a um cidadão. A educadora Wendy Carraro aponta que esse fator é um mais importantes na hora de pensar em investimentos. Estabelecer o perfil é essencial para que uma pessoa evite perder dinheiro em algo que, na prática, ela não tenha compreensão.
— O que é bom pra mim, pode não ser bom para a outra pessoa. Há três tipos de perfil: o mais conservador, que busca segurança e tolera muito pouco risco; o moderado, que até aceita algum risco; e o terceiro que é o arrojado ou o agressivo, que aceita essa volatilidade do mercado — exemplifica Wendy.
Lucas Taxweiler, da Warren Investimentos, adiciona:
— É importante para garantir que o investidor não coloque o seu dinheiro em algo que vai quebrar as suas expectativas ou que se comporte diferente do esperado.
Renda fixa
Trata-se de um tipo de investimento de longo prazo, em que a rentabilidade é previamente definida. Ao aplicar, a pessoa sabe quanto vai receber de volta
— São aqueles investimentos que temos uma regra de rentabilidade já conhecida no momento que aplicamos o dinheiro. Normalmente, estamos na margem de um índice — diz a professora do curso de Ciências Contábeis da UFRGS Wendy Carraro.
Renda variável
Do contrário, renda variável refere-se a investimentos onde a rentabilidade não é garantida e pode oscilar.
— São investimentos que não têm um retorno garantido e que estão sujeitos a oscilação do mercado. Por exemplo, ações, fundos imobiliários, criptomoedas, entre outros — pontua Wendy.
Rendimento
Rendimento é o quanto um investimento oferece de retorno. Por exemplo, uma ação ao preço de R$ 200 que tenha pagado um dividendo de R$ 10, tem um rendimento histórico de 5%.
Rentabilidade
Rentabilidade diz respeito à valorização ou desvalorização de um certo investimento em determinado período.
Risco
É a probabilidade de um investimento não atingir o retorno esperado.
Selic - Sistema Especial de Liquidação e de Custódia
A taxa Selic é a taxa básica de juros da economia brasileira. É ela que influencia outras taxas de juros do Brasil, como empréstimos, financiamentos e aplicações financeiras.
A definição da taxa Selic é o principal instrumento de política monetária utilizado pelo Banco Central para controlar a inflação.
Tesouro Direto
O Tesouro Direto é um programa do Tesouro Nacional que permite que pessoas físicas invistam em títulos públicos federais. Na prática, a pessoa empresta dinheiro ao governo e, em troca, recebe juros ou valorização.
- Tesouro Educa+
O Tesouro Educa+ é um título público lançado para ajudar as famílias a planejar os estudos dos filhos, funcionado como um investimento de renda fixa que acompanha a inflação.
- Tesouro IPCA
O Tesouro IPCA é um título público emitido pelo governo federal que tem sua rentabilidade atrelada ao Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação no Brasil.
- Tesouro Renda+
O Tesouro Renda+ é um título público cujo objetivo é facilitar o planejamento da aposentadoria e complementar a renda na fase de aposentadoria.
- Tesouro Selic
O Tesouro Selic é um título público de renda fixa pós-fixado, emitido pelo governo federal, que acompanha a taxa Selic. Ou seja, a rentabilidade do título é atrelada à variação da taxa Selic.
Títulos públicos
Títulos públicos são títulos de dívida emitidos pelo governo federal, com o objetivo de captar recursos para financiar atividades públicas e a gestão da dívida pública.
Títulos pré-fixados e pós-fixados
Títulos pré-fixados são aqueles que têm taxa de juros fixa, ou seja, o investidor já a conhece no momento da aplicação. Já os títulos pós-fixados são aquelas aplicação onde a rentabilidade varia de acordo com a taxa de juros vigente e mais algum índice, se houver.
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