No apogeu do polo naval, o dinheiro movimentado pelos estaleiros espalhou otimismo por setores da economia de Rio Grande e São José do Norte. À época, empresários fizeram investimentos pesados que se transformaram em dores de cabeça após a crise aportar na região.
Cinco anos depois do pico na indústria naval, esses empreendedores preferem virar a página. Afirmam que é hora de deixar o passado para trás e construir opções para o futuro.
Coordenador do movimento Aliança Rio Grande e presidente da Câmara de Comércio do município, Antônio Carlos Bacchieri Duarte menciona que a economia local já sentiu os principais impactos da crise do polo. Agora, diz, há “o rescaldo” das dificuldades:
— Como sempre, as coisas têm se acomodado. A esperança está em projetos como o da termelétrica de R$ 3 bilhões para termos geração de empregos e retorno de impostos. Estamos sobrevivendo. De uma forma ou outra, Rio Grande não parou.
Um dos segmentos que buscam reação é o imobiliário. No auge do polo, com acomodações lotadas, faltou espaço. Até colônia de férias na praia do Cassino, delegacia e estúdio de rádio foram transformados em alojamentos para trabalhadores. Com a demanda em alta, o resultado foi a disparada no valor dos aluguéis. Passada a euforia, imobiliárias buscam diminuir os preços para atrair clientes.
— Em 2007, o aluguel de um apartamento com dois dormitórios e vaga de garagem ficava entre R$ 450 e R$ 550. No auge do polo, não saía por menos de R$ 2,5 mil. Hoje, o aluguel não passa de R$ 500 — garante Enoir de Aguiar Pereira, delegado do Conselho dos Corretores de Imóveis da 8ª Sub-Região. — Voltamos às origens de Rio Grande. A maior parte do atual público é de universitários e funcionários públicos federais — emenda.
Enquanto empresários buscam retomar negócios, as marcas da agonia do polo naval continuam visíveis fora dos limites dos estaleiros. Próximo do EBR, em São José do Norte, o prédio de um hotel simboliza os efeitos da crise. Construído a partir de 2014 pela rede Swan, o edifício de 180 apartamentos ainda não foi finalizado. Enquanto isso, a vegetação cresce em torno do terreno.
Segundo a rede, não há previsão de inauguração, e a retomada virá se houver reação no polo naval. “A obra está com 90% da parte civil concluída. A empresa ainda não fez nenhum investimento em equipamentos”, informa em nota.