Marta Sfredo
Deveria ter sido um sinal para baixar expectativas. Ao dizer na segunda-feira que a Fitch historicamente não dá dois graus de ajuste de ratings, a não ser que haja um evento, Rafael Guedes, diretor-executivo da agência de classificação de risco afastou a ameaça imediata de uma dupla perda de grau de investimento.
Ainda existe ameaça de que isso ocorra por decisão da Moodys, mas era a Fitch que estava no centro da boataria. E cotação do dólar voltou a R$ 4,10. Justo no dia em que o governo anunciou aumento de 3,16% no endividamento federal, Guedes reiterou que a maior preocupação das agências é com a evolução da relação entre o tamanho da dívida e o do Produto Interno Bruto (PIB).
Dólar registra alta de 3,37% e fecha em R$ 4,10 nesta segunda-feira
O que deixou todo mundo nervoso foi a situação descrita por Guedes como "factível". Para estabilizar o nível de endividamento, ponderou, é preciso avanço no PIB perto de 2% e superávit primário ao redor de 2,5%. O problema é que entre o "factível" das agências e viável na vida real existe uma lacuna difícil de preencher. O PIB deve ter queda de cerca de 2,8% neste ano e mais 1% no próximo. Está difícil garantir superávit de 0,15% para este ano e 0,7% para o próximo.
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Como o governo ainda tem pela frente a tarefa de tentar desarmar uma pauta-bomba de alto poder destrutivo - o aumento de 78% para o Judiciário -, a semana será tensa no Banco Central. O mercado está especulando e avaliando o adversário. Quem piscar primeiro perde o jogo.
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