
Apelidada de “censo brasileiro dos fetiches”, uma pesquisa realizada pela Sexlog – plataforma adulta voltada ao sexo e ao swing – revelou as fantasias que mais despertaram a curiosidade de casais e solteiros no Rio Grande do Sul em 2024.
No Estado, os cinco fetiches mais mencionados foram: sexo anal (66,3%), orgias (45,5%), dupla penetração (35,6%), cuckold (35%) e voyeurismo (35%). A pesquisa permitia que os usuários da plataforma selecionassem mais de um fetiche de interesse.
Segundo a pesquisa, a região sul do país também tem se destacado pela busca constante por novas experiências sexuais.
O que são os fetiches da pesquisa?
Sexo anal
É uma prática sexual que envolve a penetração no ânus, região rica em terminações nervosas. Para Rita Nunes, psicóloga e coordenadora do Comitê de Sexualidade na Sociedade de Sexologia do Rio Grande do Sul, o interesse na modalidade tem uma explicação cultural:
— O sexo anal carregava, antigamente, muito uma ideia de que era algo que não se fazia com a esposa, só com profissional do sexo. Ficou essa coisa da transgressão, do proibido. Mas hoje não é mais assim, as pessoas sabem que é uma região super erógena.
Orgias
Em segundo lugar no ranking, essa relação contempla encontros sexuais com múltiplas pessoas ao mesmo tempo, consensualmente e sem exclusividade entre os participantes.
— Isso vem desde os tempos antigos. Mas depois, com as proibições da Igreja Católica, parou. Eu comparo esse desejo com o chocolate: pode ser uma coisa muito boa, mas será que vale a pena todos os dias? Recebo no meu consultório pessoas que fazem muita orgia e ménage e depois não conseguem ter prazer só com o parceiro. É um risco que se corre — alerta a sexóloga.
Dupla penetração
Dupla penetração (DP) é uma dinâmica erótica na qual a pessoa é penetrada simultaneamente, em regiões diferentes ou na mesma, por pênis, dedos ou brinquedos. Rita explica que a modalidade pode potencializar o prazer porque permite diferentes estímulos sexuais ao mesmo tempo.
— Como podem ser duas pessoas penetrando, a pessoa que está recebendo a penetração pode fantasiar com a questão da vulnerabilidade corporal. Mas acho que o que mais pega é o pensamento de estar sendo desejada por duas pessoas ao mesmo tempo — avalia.
Cuckhold
O termo em inglês significa "homem cuja parceira o trai". O fetiche consiste em sentir prazer ao ver ou imaginar a parceria tendo relações sexuais com outra pessoa. A psicóloga conta que esse interesse costuma aparecer nas consultas e que, para dar certo, é essencial ter o consentimento de todas as partes envolvidas.
— Pode gerar um ciúme com excitação. É uma coisa diferente, sentir prazer através de um ciúme controlado, regulado. E gerar excitação pela novidade do terceiro elemento, que acaba apimentando — explica a especialista.
— Também é importante a questão do jogo de poder, porque quem fantasia o cuckhold pode estar explorando o papel de estar sendo submisso ou humilhado. E o parceiro (que está tendo a relação) pode se sentir mais desejado e potente eroticamente — acrescenta.
Voyeurismo
É uma prática em que a excitação sexual ocorre ao observar outras pessoas em momentos íntimos, como durante o ato sexual ou enquanto estão nuas, sem necessariamente participar da cena.
— É uma fantasia de acessar o próximo. De olhar, saber o que excita essas pessoas. Como é que alguém vai saber que tem vontade de fazer isso? Tem que assistir um filme, ler um conto sobre isso — afirma Rita.
Como implementar os fetiches na rotina?
Incluir fetiches na vida sexual do casal pode ser uma forma de aprofundar a conexão e explorar novos estímulos. Rita pontua que é natural que algumas pessoas tenham medo ou vergonha de conversar sobre o assunto com os parceiros, mas defende que o diálogo é essencial.
— Depende muito de como é a parceria. Algumas pessoas são mais fechadas, outras mais abertas. Mas a gente tem que aprender a comunicar o que a gente gosta. Não diretamente na hora do ato, quem sabe antes, ou depois. Ver uma série ou um filme para introduzir o assunto na relação também pode ajudar — aconselha.
Ela reforça, ainda, que é importante que as pessoas não julguem as próprias fantasias e nem as dos outros. Se há diversão e consentimento, é uma tentativa válida.