
A abrossexualidade, parte do espectro LGBT+, é um termo que ganha força entre os jovens. A definição é simples: trata-se de uma orientação sexual caracterizada pela volatilidade do interesse romântico e sexual. Essas mudanças podem ocorrer tanto na intensidade do desejo quanto no gênero da pessoa por quem se sente atração.
Ou seja, uma pessoa abrossexual pode, em determinados momentos, se identificar como homossexual e, em outros, como heterossexual, por exemplo. Segundo Jamile Peixoto Pereira, psicóloga especialista em Diversidade Sexual e Gênero, a nomenclatura é nova, mas a vivência e o entendimento desse tipo de desejo são antigos:
— Cada vez mais estão sendo criados termos para que existam grupos de pertencimento. Já tínhamos alguns estudos que mostravam que a orientação sexual pode mudar a qualquer momento, então esse termo fica com uma sobreposição a essa ideia de não fixação do desejo. Entendemos, de alguma forma, que o desejo é livre, e se ele é livre, pode se direcionar por diferentes modelos de orientação sexual.
Na prática, as mudanças estão relacionadas às fases da vida. A especialista explica que são seriais – ou seja, a pessoa abrossexual pode se identificar com diferentes orientações sexuais em momentos específicos. O desejo transita livremente entre os tipos de interesse romântico e afetivo.
É comum que o termo seja confundido com bissexualidade — que é a atração por homens e mulheres — e com pansexualidade, que é o interesse por pessoas independentemente do gênero com o qual elas se identifiquem. A diferença, para Jamile, é que abrossexuais vivenciam essas atrações de forma fluida.
— A minha percepção é que tanto a pansexualidade, como a bissexualidade, são conceitos relacionados à orientação sexual. E a abrossexualidade seria não limitar orientações sexuais por as quais a pessoa vai se relacionar — acrescenta.