
Você sabe o que é podolatria? Ou voyeurismo? De acordo com um levantamento da Sexlog, uma plataforma adulta voltada para sexo e swing, esses são alguns dos principais fetiches dos brasileiros.
Apelidado de “censo brasileiro dos fetiches”, a pesquisa revelou as fantasias que mais geram curiosidades entre casais e solteiros de diferentes regiões do Brasil. Além dos já citados, outros fetiches populares entre os usuários da plataforma, segundo o gshow, são o sexo anal, orgias e submissão.
Para Rita Nunes, psicóloga e coordenadora do Comitê de Sexualidade na Sociedade de Sexologia do Rio Grande do Sul, esse levantamento indica que as pessoas estão cada vez mais abertas para ousar nas relações.
— Atendo há 23 anos e percebo que, nos últimos anos, tem aparecido no consultório cada vez mais pessoas em busca de novas práticas. Vejo uma maior abertura para isso — avalia a psicóloga.
Todo mundo tem fetiches?
O levantamento mostrou que os fetiches são bastante comuns entre os brasileiros e que podem variar de pessoa para pessoa. As fantasias fazem parte da diversidade da sexualidade humana, garante Rita. Algumas pessoas, porém, podem não tê-las:
— Algumas fantasias são mais picantes que outras. Tem pessoas que não têm interesse em coisas diferentes e está tudo bem. Ou às vezes a pessoa pode ter, mas nunca pensou sobre isso ou não quer pensar sobre isso, não quer mexer no mundo erótico. Mas eu sou sexóloga e acho que, às vezes, a gente tem que ser um pouquinho ousado de pensar sobre isso — brinca a psicóloga.
O que são os fetiches da pesquisa?
Sexo anal
É uma prática sexual que envolve a penetração no ânus, região rica em terminações nervosas. Para a especialista, o interesse na modalidade tem uma explicação cultural:
— O sexo anal carregava, antigamente, muito uma ideia de que era algo que não se fazia com a esposa, só com profissional do sexo. Ficou essa coisa da transgressão, do proibido. Mas hoje não é mais assim, as pessoas sabem que é uma região super erógena.
Orgias
A prática de orgias, que também aparece no topo do ranking, contempla encontros sexuais com múltiplas pessoas ao mesmo tempo, de forma consensual e sem exclusividade entre os participantes.
— Isso vem desde os tempos antigos. Mas depois, com as proibições da Igreja Católica, parou. Eu comparo esse desejo com o chocolate: pode ser uma coisa muito boa, mas será que vale a pena todos os dias? Recebo no meu consultório pessoas que fazem muita orgia e ménage e depois não conseguem ter prazer só com o parceiro. É um risco que se corre — alerta a sexóloga.
Podolatria
É quando os pés se tornam foco de atração e prazer, podendo envolver toques, beijos ou outros estímulos nessa parte do corpo. O fetiche é tão comum que em plataformas de conteúdo adulto, como OnlyFans, por exemplo, há criadores que vendem somente fotos e vídeos dos pés.
Voyeurismo
É uma prática em que a excitação sexual ocorre ao observar outras pessoas em momentos íntimos, como durante o ato sexual ou enquanto estão nuas, sem necessariamente participar da cena.
— É uma fantasia de acessar o próximo. De olhar, saber o que excita essas pessoas. Como é que alguém vai saber que tem vontade de fazer isso? Tem que assistir um filme, ler um conto sobre isso — afirma Rita.
A modalidade é diferente de cuckold, outro fetiche comum, segundo a Sexlog, que refere-se a quem sente excitação ao ver ou saber que seu parceiro tem relações sexuais com terceiros, geralmente com consentimento.
Submissão
Esse fetiche envolve sentir prazer em entregar o controle ao parceiro durante a relação, em dinâmicas que combinam confiança, consentimento e papéis de poder. Esse interesse pode estar associado a práticas de BDSM (Bondage, Disciplina, Sadismo, Masoquismo).
— As pessoas estão muito cansadas. Linkando isso a uma sociossexualidade, percebemos que, como os tempos andam muito cansativos, elas não querem pensar em nada. Querem relaxar da necessidade de controle. Às vezes é uma executiva, o dono de uma multinacional, que querem sair do controle e ter alguém guiando eles nesses contextos — explica.
Como implementar os fetiches na rotina?
Incluir fetiches na vida sexual do casal pode ser uma forma de aprofundar a conexão e explorar novos estímulos. Rita pontua que é natural que algumas pessoas tenham medo ou vergonha de conversar sobre o assunto com os parceiros, mas defende que o diálogo é essencial.
— Depende muito de como é a parceria. Algumas pessoas são mais fechadas, outras mais abertas. Mas a gente tem que aprender a comunicar o que a gente gosta. Não diretamente na hora do ato, quem sabe antes, ou depois. Ver uma série ou um filme para introduzir o assunto na relação também pode ajudar — aconselha.