
Perguntas sobre “como enlouquecer um homem na cama?” ou “como durar mais no sexo?” são comuns em sites de pesquisa. Nas redes sociais, profissionais da área também costumam compartilhar dicas para quem busca melhorar o desempenho sexual.
Embora parte do que circula esteja mais associada a mitos do que à ciência, especialistas garantem que há práticas que homens e mulheres podem adotar para tornar a relação mais prazerosa.
A sexóloga e ginecologista Mariana Rodrigues afirma que o sexo é, antes de tudo, uma experiência de conexão. No entanto, tem se tornado cada vez mais comum que o momento íntimo receba um foco equivocado: em vez de as pessoas se concentrarem no prazer, acabam se preocupando excessivamente em impressionar ou corresponder a expectativas.
— Tudo o que fazemos, acabamos querendo fórmulas e estratégias prontas. Essas pesquisas na internet são muito nesse sentido de performance, de atuação. A própria palavra “performance” indica que é uma atuação. Quando, na verdade, a questão da relação sexual é sobre o sentimento e o contato. A conexão é muito mais importante do que qualquer outro teatro que seja feito ali no momento — pontua Mariana.
Como elas podem melhorar o rendimento no sexo?
Embora o prazer sexual seja um direito comum a todos, os sexos masculinos e femininos costumam vivenciar esse campo de formas distintas, influenciados por fatores hormonais, emocionais e culturais. Para as mulheres que desejam melhorar o desempenho na cama, destacam-se cinco pontos-chaves:
1. Estimular a libido
Segundo Mariana, o desejo é a primeira etapa do ciclo sexual feminino. A falta de libido influencia as relações porque a mulher tem dificuldade de entrar no ciclo sexual. Ou, quando entra sem desejo, pode viver um momento pouco prazeroso na cama.
Para a especialista, é essencial pensar e conversar sobre sexo. Ela aconselha a leitura de contos eróticos ou falar com o parceiro sobre o que gosta na cama.
2. Controlar o estresse
O estresse pode afetar a vida sexual feminina, reduzindo a libido, dificultando a excitação e comprometendo o prazer nas relações. A sexóloga relata que é comum mulheres passarem o dia atarefadas e, na hora da intimidade, não conseguirem desligar a cabeça.
— Para que a mulher possa ter uma relação sexual prazerosa, ela precisa estar tranquila em relação ao trabalho e às atividades do dia a dia, e ter se sentido cortejada. A melhora da performance na relação depende de todo esse conjunto de fatores externos. Uma mulher com um nível de estresse muito alto dificilmente vai relaxar no sexo — reforça.
Mariana sugere que as mulheres coloquem pequenas atividades prazerosas ao longo do dia e façam pausas intencionais. Ter hobbies, fazer as refeições com calma, reservar momentos para o silêncio, tomar um banho demorado e se olhar com mais atenção são ações de autocuidado que, segundo a especialista, podem auxiliar no controle do estresse.
3. Conhecer o próprio corpo
Não conhecer o próprio corpo pode ser outro impeditivo para uma vida sexual prazerosa. Mariana relata que as mulheres crescem com pouca educação sexual e rodeadas de tabus sobre a autodescoberta. Com isso, algumas não sabem do que gostam na cama
— Eu sempre estimulo a pegar um espelho, olhar, tentar entender o que representa cada parte ali e como podemos aproveitar o nosso corpo. Temos que desmistificar a masturbação, porque questões anatômicas femininas são importantes para entender. A partir do conhecimento do corpo, das possibilidades que temos de conseguir prazer, temos que começar a experimentar — afirma.
4. Mais flexibilidade e condicionamento físico
Ter uma alimentação balanceada, controlar o peso e evitar o sedentarismo são recomendações médicas para uma boa saúde física e mental em qualquer etapa da vida. No sexo, esses aspectos podem garantir que as mulheres consigam se relacionar por mais tempo sem cansar ou testar novas posições:
— A relação sexual é um exercício, aumenta os batimentos cardíacos, nos faz suar. É preciso ter preparo físico. Então, ter um bom condicionamento cardíaco, garantir mobilidade pélvica, força muscular, principalmente na coxa e quadril, são importantes para conseguir manter a relação sexual.
5. Praticar o pompoarismo
A fisioterapia pélvica e os exercícios para o assoalho pélvico, também conhecidos como pompoarismo, consistem na contração e no relaxamento dos músculos que sustentam órgãos como a bexiga, o útero e o reto. Praticados regularmente, eles ajudam a fortalecer essa musculatura, o que pode melhorar o controle urinário, facilitar o parto e intensificar o prazer sexual.
— Esses exercícios melhoram a questão da irrigação do tecido, da vascularização. Chega mais sangue no local. Quando a mulher tem esse conhecimento, ela consegue compreender os músculos que existem ali e aí pode, de repente, fazer algum movimento que a privilegia. A ginástica íntima costuma ser vista como algo para agradar outra pessoa, mas reforço a importância de procurar a fisioterapia pélvica para que as mulheres tenham prazer por elas mesmas.
Como eles podem melhorar o rendimento no sexo?

Impulsionados por pressões sociais e por inseguranças, muitos homens buscam melhorar o rendimento sexual. Apesar de algumas dificuldades estarem ligadas a fatores psicológicos, o andrologista Daniel Freitas, destaca quatro pontos-chaves que podem ser trabalhados para promover mudanças concretas no desempenho:
1. Reduzir o estresse
Assim como as mulheres, os homens também podem ter o desempenho sexual afetado pelo estresse. Os sentimentos negativos podem atrapalhar a produção hormonal e impactar a libido, a ereção e a capacidade de manter o foco durante a relação.
— Quando estamos sob estresse, excesso de demanda e privação de sono, ficamos em um estado chamado tônus adrenérgico. Liberamos hormônios relacionados ao estresse, como adrenalina e cortisol, que são potentes vasoconstritores. Isso é justamente o oposto da ereção, que precisa de vasodilatação peniana para permitir a entrada de sangue no pênis — explica Freitas.
2. Ter um rotina saudável
A vida sexual é um reflexo da saúde global, garante o médico especialista em saúde masculina. Uma alimentação desregulada, obesidade, doenças crônicas e sedentarismo podem piorar a saúde vascular do homem e, consequentemente, contribuir para problemas de disfunção erétil. Portanto, adotar hábitos saudáveis pode ser essencial para melhorar o desempenho sexual.
— Uma pessoa que tem uma saúde global comprometida não pode esperar ter uma vida sexual esplêndida. Porque a energia que se gasta em uma atividade sexual normal é em torno de quatro METs (equivalentes metabólicos), o mesmo que se gasta para subir dois lances de escada. O paciente que fica cansado por uma atividade sexual, é o mesmo que não consegue subir dois lances de escada sem cansar. Certamente não é uma pessoa ativa fisicamente, então precisa mudar o estilo de vida — acrescenta.
3. Tratamento para ejaculação precoce
A Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) estima que cerca de 30% dos homens brasileiros enfrentam problemas de ejaculação precoce em algum momento da vida. Segundo Freitas, a condição reflete uma ereção ruim. Quando isso ocorre, o corpo entende que está na iminência de perder a ereção e acaba abreviando a relação, antecipando a ejaculação.
— Na maioria das vezes, melhorando a qualidade da ereção, melhora o controle sobre a ejaculação. Tem também o paciente que tem uma ejaculação precoce que chamamos de primária, que está associada à ansiedade de desempenho. Aí tem que gerenciar o estresse, fazer atividade física, melhorar o padrão de sono, e até encaminhar esse paciente para uma psicoterapia específica. Algumas vezes, o paciente vai precisar fazer tratamento medicamentoso, mesmo — ressalta.
4. Pornografia e masturbação
Para Freitas, a pornografia e a masturbação em excesso também podem ter um efeito negativo no desempenho sexual dos homens.
Os conteúdos adultos podem desajustar as expectativas em relação à performance dos homens e ao que esperar das parceiras, o que pode gerar ansiedade e frustração.
O especialista aconselha procurar ajuda psicológica para tratar essas questões, que podem ser consideradas vícios.