Uma vida sexual ativa é capaz de gerar uma série de efeitos positivos sobre o corpo, tanto no âmbito físico quanto no psicológico. Mas, e a ausência? O organismo emite sinais quando passa por um período sem sexo? Há efeitos negativos?
A sexualidade tem relevância legitimada pela Organização Mundial de Saúde (OMS), que a reconhece como um dos pilares de qualidade de vida, e é influenciada por fatores biológicos, psicológicos, sociais e culturais.
É válido lembrar que não é sinônimo de sexo — compreendido enquanto ato sexual acompanhado de parceria ou solitário, através da masturbação. O conceito também engloba identidades de gênero, orientação sexual, formas de manifestar sentimentos, prazer, intimidade, reprodução, pensamentos e desejos.
A partir dessa definição, a ginecologista e sexóloga Graziela Rech Artico aponta que a falta de sexo (propriamente dito) pode, sim, gerar efeitos pelo corpo, principalmente naquelas pessoas que gostariam, mas não estão tendo relações. Ou seja, a falta de vontade de transar ou se masturbar, por qualquer motivo, só é prejudicial quando causa algum tipo de sofrimento.
Sinais psicológicos
A profissional destaca que o aumento do estresse está entre os primeiros sinais que o corpo oferece em momentos de falta de sexo. Além disso, caso haja um quadro prévio de depressão e ansiedade, é possível que se observe um agravamento dessas condições.
Isso ocorre porque, durante uma relação, existe a produção de hormônios ligados ao bem-estar. A ausência da prática pode levar a um acúmulo de tensões, provocando irritabilidade, mau humor e até a uma piora da qualidade do sono.
— Se eu tenho um ato sexual satisfatório, libero hormônios, como endorfina, oxitocina e a dopamina. O maior reforçador de um ato sexual é um ato com prazer. Quanto mais eu tenho, mais gratificação eu vou sentir, mais ele me faz falta e mais eu quero repetir — diz a especialista.
A ginecologista e sexóloga Michelli Osanai acrescenta ainda que, quando a prática e o prazer ficam de lado, principalmente entre casais, é comum que ocorra a diminuição da autoestima e que sentimentos de insegurança e solidão sejam observados.
— O sexo mantém vínculo saudável com o parceiro, melhora a comunicação e conexão emocional. A falta dele faz o casal se sentir menos conectado, comprometendo a satisfação conjugal. Normalmente, vamos acumulando a tensão sexual, e o orgasmo é como o extravasamento de uma represa — reflete a médica.
Sinais físicos
Com relação aos aspectos físicos, é possível que na ausência de sexo as mulheres observem uma redução na lubrificação, levando a um possível ressecamento do canal vaginal.
— A atividade sexual regular mantém os tecidos da vagina mais saudáveis, com boa lubrificação, espessura, elasticidade, prevenindo a atrofia e desconforto na penetração, além de preservar o tônus da musculatura pélvica — afirma Michelli Osanai.
As profissionais ressaltam ainda que o contato sexual pode melhorar a imunidade ao aumentar a produção de imunoglobulina A, que protege o organismo de infecções. Dessa forma, deixar de ter relações pode influenciar no enfraquecimento do sistema imunológico.
Quando esses sinais começam a ser observados?
Não é possível mensurar quando o corpo passa a emitir sinais da ausência de sexo, afinal, o desejo se apresenta de diferentes formas em cada indivíduo.
— Sexo na medida é saudável. Essa medida é variável, de acordo com o nosso contexto, do momento, da idade e da intensidade do relacionamento. Não existe um tempo exato — pondera Graziela Artico.
É para se preocupar?
Segundo as profissionais, existem pessoas que vivem bem sem sexo e que não sentem necessidade de praticá-lo. Nesses casos, muitas vezes, elas acabam obtendo benefícios semelhantes para a saúde física e mental de outras maneiras.
No momento em que a ausência passa a estar relacionada com angústia e sofrimento, é importante buscar ajuda especializada.
*Produção: Carolina Dill