A polêmica envolvendo um pedido inusitado para a técnica de laboratório Najhara Noronha, de 36 anos, bombou nas redes sociais desde a quinta-feira (18).
Segundo a moradora de Brasília, ela recebeu um e-mail das vizinhas solicitando que não transitasse nas áreas comuns do prédio com roupas de academia e "shortinhos".
A justificativa da mensagem, enviada com o título "solicitação de vestuário apropriado", foi de que as roupas "inadequadas" de Najhara estavam deixando os casais do prédio "constrangidos". Quem assinou a solicitação foi o Conselho de Mulheres do Edifício.
A revista Donna convidou suas leitoras a opinarem sobre o tema em seus fóruns online, o Grupo de Mães Donna e o Grupo da Beleza Donna, ambos no Facebook. Abaixo, confira alguns depoimentos:
Com a palavra, as leitoras
"Para mim, é como tapar o sol com a peneira um pedido desses. Pedir para a vizinha cuidar as vestimentas e, no celular ou na esquina próxima da casa, haverá outro 'shortinho' provocativo. A tentação está aí em todo o lugar. O foco para mim não está na provocação e, sim, no quanto que a gente banca nosso próprio relacionamento. Eu só preciso ser o 'shortinho' preferido dele. Só isso!"
Marina Mottin, 44 anos, administradora, de Canoas
"Acredito que os homens precisam aprender a controlar seus impulsos, não somos pedaços de carne, somos pessoas. Os homens também irão parar de andar sem camisa? Não, né ? O problema não é o tamanho do short da mulher, o problema é bem maior."
Faheana Thonnigs, 29 anos, empresária e estudante de Psicopedagogia, de Novo Hamburgo
"Acho, no mínimo, um absurdo! Isso demonstra todo o machismo estrutural que existe na nossa sociedade. Quem tem que 'respeitar' o relacionamento do 'casal' é um dos cônjuges. É sempre mais fácil julgar e culpar uma mulher, seja pela roupa, seja pelo que for, ao invés de enquadrar e se impor ao homem que é seu 'companheiro', inclusive, isso poderá ser motivo para uma ação judicial."
Juliana Homrich Marinho, 35 anos, estudante de Direito, de Porto Alegre
"Absurdo! A liberdade de um acaba quando começa a liberdade do outro. Como que a roupa que alguém usa vai ter o poder de constranger um terceiro? Imagina se alguém que não gosta de vermelho determinar que o vizinho não pode usar roupas, nem carro vermelho, pois seria constrangedor? E, além disso, se o marido ou namorado de alguém desrespeita a sua parceira porque a vizinha está usando roupa curta, o problema certamente não é a vizinha."
Laura Saraiva Millani, 32 anos, advogada, de Porto Alegre
"Já passei por esse constrangimento na minha sacada ao tirar a blusa e ficar de sutiã/top para pegar sol. Recebi na sequência um interfone avisando que não podia usar roupa íntima na sacada. Então troquei de roupa e coloquei um biquíni menor."
Karen Schneider Couto, 34 anos, jornalista, de Porto Alegre