Redação Donna
"As mulheres são subestimadas o tempo todo em seu poder criativo e em sua capacidade de resolver problemas, enquanto os homens são superestimados quanto aos mesmos quesitos. Temos o exemplo clássico: um homem que no trabalho dá ordens, sabe o que quer e exige que sua equipe corresponda aos seus objetivos, é um profissional exigente, um líder, um cara ambicioso, ou seja, a ele são atribuídos valores positivos. Uma mulher que faz o mesmo é apontada como mandona, machorra, cobra – atributos todos negativos." "Um dos lugares em que a desigualdade é gritante é nas ruas. Ser mulher e andar na rua é completamente diferente de ser homem em andar na rua visto que o corpo da mulher é extremamente objetificado e a cultura do estupro institucionaliza o machismo em forma de assédio e desrespeito. Um dia, perguntei pra um amigo meu se ele não tinha medo de correr na Redenção à noite. Ele disse que não pois não levava nada. Essa resposta demonstra demais como é desigual a nossa forma de ocupar espaços públicos." "Falando no âmbito dos relacionamentos afetivos e sexuais, uma parte das mulheres ainda sofre uma pressão muito diferente da que os homens sofrem. Ao mesmo tempo em que eles querem mulheres mais participativas, ainda há uma porcentagem significativa que reforça o preconceito da passividade feminina. Começa pelo lado moral, de não querer se relacionar com mulheres que tiveram muitos parceiros, mas também entra um certo medo deles de ser comparado." "Desigualdade social e cultural se vê, por exemplo, nas formas como mulheres e homens são, costumeiramente, representados pela mídia. Para as mulheres, a representação é maciçamente atrelada a papéis tradicionais do feminino, e isso é feito com constante hiperssexualização de nossos corpos, narrativas de maternidade ideal/compulsória ou enaltecimento de características de passividade (alô, #belarecatadadolar). Já os homens, costumeiramente, não são sexualizados, deles raramente é cobrada responsabilidade pela paternidade, e características de atividade são preferidas (alô, heróis de ação)." "Mulheres são mais da metade da população, mas são menos de 10% na câmera dos deputados, e apenas 13% no senado. É um descompasso muito grande, da porcentagem real da população e do que está sendo representado entre os políticos, que são quem decide os rumos dos país. Enquanto sociedade, estamos avançando, mas não encontramos representação constitucional. Esse é o nosso maior desafio. Conseguimos até ter voz nas ruas, mas não adianta quando quem tem a caneta na mão, o poder de vetar e aprovar as coisas se importa pouco com essas pautas."