Redação Donna
Ao invés de um desfile tradicional, o estilista Pedro Lourenço optou por uma apresentação detalhada para a imprensa de sua última coleção, evento que abriu os trabalhos do último dia da temporada verão 2012 da São Paulo Fashion Week. A cada modelo que entrava no ambiente no Hotel Fasano, Pedro explicava ao microfone como a peça havia sido pensada, executada, com que tecido, e ainda respondia a perguntas.
A inovação na apresentação justificou-se na coleção, tão rica em detalhes que demandava explicações minuciosas. Pedro explicou o funcionamento de seus vestidos com pontos magnéticos: em um tubinho preto, por exemplo, ao abrir um fecho, a consumidora pode dobrar o tecido para o lado, exibindo uma estampa de coqueiro. Ele ainda deu detalhes da confecção de um surpreendente tweed de verão, feito em tear com fio de algodão, lã e palha.
A mudança para Paris, há um ano, além de ter propiciado um amadurecimento do estilista, parece ter servido para criar um vínculo entre o trabalho de Pedro e o Brasil. Agora, ele expõe peças cheias de tucanos e araras. A impressão que fica é que o estilista mudou o foco de sua criatividade: ao invés do esdrúxulo, agora ele mira em sacadas geniais, mas com elegância e sofisticação. E ele consegue unir isso à geometria, que sempre esteve presente em suas coleções. O resultado é um desfile que contempla tendências como o tropicalismo, mas com um ponto de vista que realmente se diferencia dos demais.
O último dia de SPFW começou de maneira surpreendente e terminou de um jeito espetacular, o mínimo que se espera de Ronaldo Fraga. O ator Rafael Raposo, acompanhado da Velha Guarda da Vila Isabel, prepararam o cenário e o clima para a coleção inspirada em Noel Rosa e os anos 1930, a Época de Ouro. A partir daí o que se viu foi um deslumbrante desfile de pierrôs, colombinas e marinheiros, como em um antigo baile de carnaval em preto e branco. Apesar de desenvolver o tema de maneira primorosa, a coleção é extremamente comercial, se não a mais comercial do estilista. O desfile _ e a SPFW _ terminaram com uma guerra de confetes entre modelos, estilista e plateia.
André Lima apresentou uma coleção de festa com inspiração na Grécia e na África. As peças são compridas, cheias de fendas e brilho. A novidade é a proposta da calça de festa. Fernanda Yamamoto se inspira na natureza para uma certa ruptura em seu trabalho: a geometria que lhe é peculiar dá espaço a formas orgânicas. No meio disso, a Hello Kitty pontua vestidos em tons terrosos. A Amapô se inspirou no espírito aloha para desenvolver uma coleção que é uma ode à alegria de viver e ao espírito festivo. João Pimenta se valeu de peças muito amplas, com franzidos e pregas pontuais, para uma coleção cheia de experimentações.