Redação Donna
Há quatro anos, cada vez que voltava da escola, Luana Teifke perguntava para a mãe:
- Alguém ligou?
"Alguém" era Zeca de Abreu, o diretor da Way Model. E chegou o dia em que a resposta de Arlete Teifke foi "ele ligou, quer que tu vás para São Paulo".
A menina de 16 anos de Sertão Santana, no interior gaúcho, estava prestes a estrear na principal semana de moda do país, o São Paulo Fashion Week, um teste e tanto para quem vivia em uma cidade com menos de seis mil habitantes, sempre sob os olhos da família. Mas era apenas o início: em poucos meses, Luana desembarcaria para sua primeira temporada em Nova York, aventurando-se em outro idioma, longe da segurança da casa dos pais, como contou a reportagem "Como nasce uma modelo", publicada em 30 de setembro de 2007 no Donna. O objetivo era retratar os primeiros passos de uma aspirante à top para mostrar que, por trás do conto de fadas de uma adolescente interiorana que ganha as passarelas mundo afora, há trabalho duro, desafios e superações.
E foi justamente por conta de muita disciplina, profissionalismo e vontade de trabalhar - como sublinha Zeca de Abreu - que Luana, 21 anos recém completados, hoje não é mais promessa: é realidade no mercado brasileiro e aposta certa no mercado internacional da moda. A modelo que fez 17 desfiles em seu primeiro SPFW, média de respeito, foi uma das recordistas no ano passado e promete repetir a dose nesta edição, que começa segunda - a exemplo do feito no Fashion Rio, na semana passada. Mais: neste ano, a modelo fez de Nova York sua base e de lá parte para editoriais e desfiles em Londres, Paris, Milão e, claro, Brasil.
- Luana é uma modelo completa, fotografa bem e é ótima na passarela. Sabe incorporar o que o cliente pede - destaca Zeca de Abreu, em entrevista por telefone desde São Paulo. - E quanto mais madura ela ficar, melhor. Lá fora, estão valorizadas modelos não tão novinhas, mas já com 21, 22 anos. Ela já fez a base dela em NY e agora vai começar a crescer.
Nem bem tinha terminado sua participação no Fashion Rio e já de malas prontas para viajar a trabalho para a Colômbia, Luana fez um balanço de sua trajetória, desde o início em Sertão Santana:
- Muita coisa aconteceu nesse período, tive que amadurecer e lidar com momentos difíceis, que não foram poucos. Hoje, me vejo mais confiante, apesar de sempre sentir aquele frio na barriga antes de um desfile ou um grande trabalho. Mas, com o tempo, fiquei mais tranquila, entendo um pouco mais esse mercado, além de me conhecer melhor.
O resultado está num canto do quarto que Luana deixou vago em Sertão Santana, onde Arlete guarda as revistas em que a filha aparece, como capas da Elle Brasil ou o editorial na Vogue italiana. Mas sempre que há uma brecha na correria é para lá que volta. E sempre a mesma, como diz a mãe, orgulhosa:
- As pessoas aqui dizem: "Parece que a Luana não saiu daqui".
Ela saiu, sim, ganhou o mundo. Como disse há quatro anos, sua casa sempre será em Sertão Santana, mas ela bem pode se espalhar por uma segunda ou terceira casa, onde a moda a levar.