Redação Donna
Chega um momento na vida de uma família que é riscado da lista de compras do supermercado um item que por cerca de dois anos ocupa bastante espaço no armário e no orçamento. Mas antes de comemorar o fim da era das fraldas, é preciso passar por uma fase que significa independência e amadurecimento para a criança e que deve ser encarada com tranquilidade pelos pais, que têm grande influência nesse processo de aprendizado.
Há poucos dias, a apresentadora Ana Maria Braga postou no seu perfil no Facebook a foto de sua neta Joana, de três meses, sentada no troninho. A top Gisele Bündchen também fez algo semelhante: declarou que, aos seis meses, Benjamin já usava o penico. Especialistas garantem que antecipar essa fase pode ser arriscado e não significa precocidade.
— Trata-se de um processo muito profundo, tem a ver com a questão de poder. Quem deve decidir o momento de tirar as fraldas é a criança. Caso contrário, isso pode interferir na formação da sua personalidade e na maneira como ela (a criança) vai lidar com resoluções e desafios no futuro, por exemplo — explica a psicóloga Maria Cristina Bressani.
O pediatra Boaventura Antonio dos Santos confirma que o treinamento esfincteriano (retirada das fraldas) varia entre as crianças, mas é fundamental que elas já tenham adquirido algumas habilidades como caminhar, falar e seguir ordens, por exemplo.
— Na nossa cultura, entre os 24 e os 30 meses (dois anos e dois anos e seis meses), a maior parte das crianças já apresentam habilidades necessárias de maturação neurológica e fisiológica para iniciar o treinamento. Mais tarde, aos quatro ou cinco anos de idade, o hábito urinário noturno já é uma aquisição natural — esclarece o pediatra, lembrando que vários estudos mostram que as meninas apresentam controle mais precoce do que os meninos.
Leonardo, de dois anos e cinco meses, começou a manifestar incômodo com a fralda em setembro no ano passado. Mas foi na praia, neste verão, quando ele tinha dois anos e um mês, que a mãe dele, a pedagoga Maristela Zander Gonzalez, 37 anos, começou a fazer tentativas, mas sempre respeitando o ritmo do filho. Hoje ele não usa mais durante o dia, mas ainda mantém a fralda noturna.
— Saímos para comprar o penico e o redutor de privada, escolhemos juntos as cuequinhas. No começo, ele avisava depois de fazer o xixi, escapava, é normal. Mas eu sempre explicava tudo para ele — relata a mãe.
Dicas às mamães
:: É fundamental respeitar o desejo e a prontidão da criança. Ela precisa estar pronta emocionalmente e fisicamente para isso. Antes dos dois anos, não se deve retirar as fraldas.
:: A criança precisa reconhecer que está com vontade de fazer xixi ou cocô para conseguir avisar antes de fazer.
:: Não se deve interferir no desenvolvimento natural da criança. Deixe que seu amadurecimento se dê de forma espontânea.
:: O processo deve ser um momento lúdico. Saia para comprar o peniquinho com o seu filho. Leve ele junto para escolher a cuequinha ou a calcinha.
:: No início são normais as escapadas de xixi e de cocô. Prepare-se para trocar e lavar muita roupa e encare tudo com calma. Não demonstre contrariedade. Isso pode atrapalhar o vínculo de vocês.
Fonte: Maria Cristina Bressani, psicóloga, especialista em psicoterapia psicanalítica e mestre em psicologia do desenvolvimento pelo UFRGS