Redação Donna
O brasileiro está com medo. É o que garante uma pesquisa divulgada ontem pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), além de uma série de especialistas ouvidos por ZH. Nove em cada 10 brasileiros têm - em alguma escala que seja - receio de morrerem assassinados a qualquer momento. Também nove em cada 10 temem encontrar sua própria casa arrombada.
O levantamento com 2.270 pessoas, ouvidas em todas as regiões e classes sociais do país, detalha a sensação da população diante da segurança pública. São dados que expressam um grau alarmante de medo da morte, de assaltos e de agressão física.
Faz parte desse cenário a avaliação dos brasileiros sobre a polícia: apenas 4% dizem confiar plenamente na Polícia Civil ? na Polícia Militar, são 4,2%. E somam-se a isso fatores para interpretar esse "medo generalizado", como diz o sociólogo Almir de Oliveira Junior, responsável técnico pelo estudo do Ipea.
? Acima de tudo, essa pesquisa reflete um problema na qualidade de vida do brasileiro. Este é o problema maior ? afirma Oliveira.
É o que explica o historiador Marcos Bretas, do Núcleo de Estudos de Cidadania, Conflito e Violência Urbana da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Segundo ele, se considerarmos que no Brasil são assinadas anualmente 30 pessoas a cada 100 mil habitantes, a hipótese de morrer desta forma é remota.
? Mas quase todo mundo conhece alguma vítima de assalto, e é inegável que a criminalidade cresceu. São as histórias dos amigos que provocam medo. E também a frequência com que a violência aparece na imprensa.
Mais do que lacunas na segurança pública, portanto, por trás desse medo estariam problemas de assistência social e até de infraestrutura. E estão aí alguns motivos para a Região Sul ser a menos temerosa entre todas: são 69,9% das pessoas com "muito medo" de assassinato ? bem menos do que no Nordeste, onde o índice sobe para 85,8%.
? Curitiba ou Porto Alegre passam uma sensação de ordem muito maior do que São Paulo, Salvador ou Recife ? analisa o sociólogo do Ipea.
O sociólogo David Morais, da Universidade Cândido Mendes, do Rio, também analisa os números:
? Se as polícias estão mal avaliadas, é hora de mudar logo. Não há como uma população se sentir segura sem confiar na polícia.