Redação Donna
Paixão de adolescência...Quem é que não tem pelo menos uma boa história de amor para contar? No meu caso, era amor platônico. Completamente fora da realidade e, talvez justamente por isto, era tão bom.
Eu tinha 17 anos. Começava a faculdade de Jornalismo e já trabalhava em uma revista. Escrevia pequenas matérias, revisava textos e o que mais aparecesse pela frente. Queria aprender tudo o que eu pudesse.
Justamente nesta época passava na TV a novela Cabocla. Fábio Júnior se destacava como o novo galã da Globo. E, óbvio, era a paixão das menininhas, inclusive a minha. O cara era bonito, gentil, sedutor, simpático e ainda por cima tinha (acho que ainda tem) duas lindas covinhas nas bochechas. Ah aquelas covinhas...
Pois bem. Um belo dia fiquei sabendo que Fábio Jr. iria se apresentar, cantando, em um clube na minha cidade. Fiquei louca, porque eu era uma repórter inexperiente e meu chefe não me deixaria entrevistá-lo. Afinal, tinha gente mais gabaritada. Aí, sabendo da minha paixão por ele, o meu chefe de reportagem deu a ideia: quem sabe você faz as fotos? Se não ficassem boas, poderíamos usar o material fornecido pela assessoria do cantor.
Óbvio que aceitei na hora. O show seria no sábado. Passei o resto da semana pensando no que diria quando o encontrasse no camarim, para a entrevista. No dia, troquei de roupa mil vezes, sob o olhar divertido da minha mãe.
? Calma, guria, desse jeito tu vais ter um ataque cardíaco antes de chegar perto dele ? ela dizia.
Fomos eu e a repórter para o clube. Estávamos no camarim conversando quando senti uma mão no meu ombro. Quando olhei para trás, quase desmaiei de emoção. Era ele. Ali, com aquelas covinhas, sorrindo pra mim.
? São vocês que querem me entrevistar? Podemos começar?
Trocamos beijinhos e sentamos num sofá, para um bate-papo. Aliás, eu não abri a boca. Me sentia anestesiada. Só alguns minutos depois me dei conta de que estava ali para fazer fotos do cara, e não para ficar suspirando e sonhando acordada. Fiz muitas fotos, ali no camarim e no show, onde, óbvio, fiquei até o fim. Ele foi superatencioso, e sugeriu fazermos uma foto juntos. Foi a glória! De madrugada, meu pai foi me buscar e perguntou:
? E aí, foi bom?
? Pai, não fala comigo pra não quebrar o encanto.
Ainda sentia o perfume dele no ar. Não lavei o rosto naquela noite nem na manhã seguinte. Tudo bem, os beijinhos que ele me deu, quando nos cumprimentamos, não eram nem parecidos com os que eu sonhava receber. Mas já encheram de emoção meu coraçãozinho adolescente.
Hoje, quando vejo o Fábio Jr. na TV, lembro daquela época. Ele não é mais meu amor platônico. Não tenho CDs dele e nunca fui a outro show. Mas confesso que aquelas covinhas nas bochechas ainda têm o seu charme.