Redação Donna
Uma produz cerveja por hobby em casa, em Blumenau. A outra é biersommelière do Grupo Schincariol. Mulheres que não são coadjuvantes num universo muito masculino. Produzir cerveja é hobby para arquiteta Anamélia de Sant' Anna, 29 anos, única mulher, entre 58 participantes, no Concurso Mestre Cervejeiro Eisenbahn deste ano. Há uma ano e meio, ela faz cerveja caseira. Começou a brincadeira motivada pelo namorado, um engenheiro de telecomunicações, numa cidade com tradições germânicas e, portanto, com muitos grupos de apreciadores da bebida.
As receitas são preparadas com base em muita leitura e experiências realizadas dentro de casa.
? Até mesmo alguns ingredientes estão no nosso jardim, como uma abóbora que plantamos sem agrotóxico para uma receita. Os livros são comprados pela internet em sites internacionais, já que a literatura sobre o assunto no Brasil é muito fraca ? conta ela.
O interesse pela cervejaria começou depois de o casal experimentar muitas cervejas e trocar ideias com os amigos sobre novos sabores.
? Muitas vezes, não encontrávamos os tipos de cervejas que queríamos aqui, então começamos a experimentar a fabricação. Estamos cada vez mais nos aperfeiçoando ? ela conta.
A experiência neste universo particularmente masculino é rotina para a engenheira Kathia Zanatta. Biersommelière há quatro anos, ela afirma o número de mulheres que trabalham em cervejarias deve crescer.
Cada vez mais, a competência intelectual das mulheres está sendo reconhecida pela sociedade, independentemente do ramo de atuação, e acho que esta é uma tendência em ascensão. Além do conhecimento, a sensibilidade sensorial é um grande ponto forte das mulheres.
Formada em Engenharia de Alimentos, Kathia começou a carreira cervejeira trabalhando na cervejaria Paulaner, em Munique, Alemanha. Voltou para o Brasil há quase quatro anos. Atualmente, ela trabalha com harmonização de cardápios, além de atuar na área de inovação, aperfeiçoamento e desenvolvimento de novos produtos da Schincariol.
? A arte de fazer cerveja me atraiu. Sempre achei realmente artístico transformar o mosto em cerveja com microorganismos vivos, trazendo tantos aromas e sabores diversificados ao produto final ? conta ela.
Sobre enfrentar preconceitos por ser mulher numa área tipicamente masculina, Kathia conta que percebeu isso principalmente na Alemanha, onde a tradição cervejeira é muito forte.
? Inicialmente, tive que impor bastante respeito aos colaboradores bávaros. Mas o respeito e o reconhecimento foram conquistados ? ressalta.
Além do descaso de uns, a reação típica dos colegas na Alemanha era achar que Kathia não daria conta do trabalho.
? É claro que para carregar peças pesadas ou sacos de malte, realmente precisamos de ajuda, mas temos força para executar outras tarefas dentro de uma cervejaria. Conquistada a confiança prática, os ouvidos se abrem e as ordens são cumprida.