Redação Donna
Os miomas, tumores benignos que aparecem na parede do útero, atingem até 70% das mulheres em idade fértil. Sua causa é incerta, conforme explica o ginecologista Renato Ferrari, do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF), e ainda não existe cura.
Atualmente, os miomas são tratados de acordo com o tamanho e o tipo de incômodo que causam. A histerectomia (retirada do útero) costuma ser a única forma de eliminar de vez o problema.
Técnicas minimamente invasivas mais atuais tratam o tumor sem acabar com as chances de uma gravidez futura.
– Os sintomas mais comuns dos miomas são sangramento, infertilidade (dependendo da localização do tumor) e dor – explica Ferrari.
O ginecologista Michel Zelaquett afirma que apenas 30% das mulheres com miomas precisam de tratamento.
– Às vezes o mioma atrapalha uma gravidez. Dependendo do local, pode dificultar a concepção ou provocar abortos espontâneos - afirma Zelaquett.
A cirurgia ainda é o tratamento mais barato e o único oferecido pelo SUS, mas opções mais modernas como a cauterização e a embolização pode ajudar quem está tentando engravidar sem sucesso. A escolha do tratamento, segundo Zelaquett, vai depender de fatores como a idade da mulher, a quantidade e o tamanho dos miomas, e se ela tem muitos sangramentos ou sente muita dor. Cada um tem seus prós e contras.
– Não é possível evitar que surjam novos miomas após a cirurgia para removê-los. A paciente pode ter tumores pequenos que não são retirados e que podem crescer, caso o útero seja mantido. No tratamento conservador com a embolização, que causa a diminuição do mioma, é possível que ele cresça novamente. Quanto ao uso do ultrassom, é um método novo e ainda precisamos de tempo para avaliar melhor os resultados.
Confira os tratamentos disponíveis para os miomas:
:: Cirurgia: A intervenção pode retirar o mioma ou o útero, dependendo da gravidade do caso. Pode ser feita por laparotomia (barriga aberta), laparoscopia (introdução dos aparelhos por pequenos orifícios na barriga), ou a histeroscopia (o aparelho é introduzido pelo colo do útero). Costuma ser indicado em casos de miomas maiores ou que causam muito sangramento e dor. Hoje em dia, os médicos tentam evitar a histerectomia (retirada do útero), cirurgia arriscada, com recuperação lenta e que pode trazer efeitos colaterais e dificuldades psicológicas à mulher.
:: Medicamentos: Podem ser usados para reduzir ou acabar com sangramentos. O DIU, dispositivo intra-uterino, costuma ser recomendado, mas não trata o mioma. Segundo o ginecologista Renato Ferrari, os medicamentos que reduzem os miomas são caros, não devem ser usados por mais de seis meses, têm efeitos colaterais e, com a interrupção, o mioma volta a crescer. Por isso, não costumam ser receitados com frequência.
:: Embolização: É um procedimento minimamente invasivo no qual o médico insere um cateter na virilha da paciente para chegar às artérias do útero e cortar o fluxo de sangue que “alimenta” o mioma. Sem sangue, acaba diminuindo de tamanho. A paciente costuma ficar internada por até dois dias e depois precisa repousar por mais duas semanas. Porém, a técnica não garante o fim do mioma. É uma alternativa para mulheres que querem engravidar.
:: Cauterização: Outra opção para mulheres que querem preservar a fertilidade, é o único método não invasivo que trata o mioma. É feito com um ultrassom guiado por ressonância magnética. O mioma é queimado. Apesar do baixo risco, deve ser feito no hospital. A paciente vai para casa no mesmo dia, cerca de quatro horas após o procedimento, e recebe alta para qualquer atividade no dia seguinte. Serve para 50% dos casos, de acordo com Zelaquett. O mioma não volta onde foi cauterizado, mas pode surgir em outras partes do útero.