Ao adentrar pela porta laranja do Bazar da Aldeia, logo se veem araras com roupas separadas por estação e categorias – de calças a blusas, incluindo trajes mais formais, como ternos e gravatas, até camisetas, casacos e outras peças para o dia a dia. Uma placa indica o preço de R$ 10. Com o valor acessível, a loja tem como objetivo ser um espaço para todos os públicos.
Por trás das peças compradas pela comunidade está a ONG Aldeia da Fraternidade. Todo o valor arrecadado no bazar é destinado a projetos educacionais promovidos pela instituição.
Com mais de 13 anos de história, o Bazar da Aldeia traz a proposta de um varejo consciente e com propósito. Em 2025, o projeto foi beneficiado com melhorias e reformas a partir de um financiamento de R$ 60 mil do Varejo Social.
O benefício foi concedido pelo Instituto Lojas Renner e com recursos do Pró-Social do governo do Rio Grande do Sul. Entre as mudanças positivas está a ampliação do maquinário da costura e da lavanderia.
Localizado no bairro Tristeza, o espaço é dividido em dois andares, com setores feminino e masculino, além de um espaço destinado às peças de luxo – roupas de marca que possuem um valor mais elevado do que as demais.
Até chegar às araras, as vestimentas passam por um processo de triagem, pequenos reparos, lavagem e etiquetagem. O brechó conta com uma equipe formada por 18 profissionais, entre voluntários e contratados, que se revezam entre as demandas.
Oportunidades de crescimento
Dentre as novidades, uma delas é a chegada da assessora Karine Moura. Ela passou a integrar o time de funcionários do bazar, que conta com duas atendentes, um coordenador e um captador de recursos. Karine não trabalhava anteriormente com projetos sociais, mas possuía experiência na área da moda. Para ela, trabalhar no bazar tem sido uma experiência “muito incrível, e a sensação é ótima”.
A assessora menciona que a moda pode contribuir com os projetos sociais e que o bazar, ao desenvolver essas iniciativas, ajuda a fortalecer a comunidade. Entre essas contribuições está a experiência de compra. Karine enfatiza que o bazar realiza uma curadoria das peças, funcionando como um brechó que faz uma seleção cuidadosa:
— As peças são bem cuidadas, limpas e organizadas. Nosso objetivo é proporcionar uma experiência de compra muito semelhante à experiência de compra de loja, com atendimento e a possibilidade de provar as roupas. E isso também é um impacto social.
O coordenador Pedro Terres destaca que o reconhecimento do projeto e a conquista dos recursos trazem novas oportunidades de crescimento:
— As oportunidades futuras visam aumentar a capacidade de atendimento do bazar e ampliar as oportunidades de futuro na comunidade.
Novos planos já estão sendo elaborados para o futuro. Um dos objetivos é começar a vender roupas novas no próximo ano, com preços mais acessíveis. Além disso, está prevista a expansão do espaço com o projeto Ateliê Fraterno – uma escola de costura voltada à profissionalização da comunidade.
Ações que fazem a diferença
Entre os voluntários, está Carin Glória, aposentada aos 61 anos. Ela participa ativamente do bazar há cinco anos e se tornou coordenadora dos voluntários. Mas sua relação com a Aldeia é de longa data, vindo desde sua infância. Carin morava no entorno do bairro Tristeza e foi alfabetizada em uma das escolas da Aldeia.
Mesmo antes de se dedicar formalmente, ela sempre esteve envolvida com os projetos da ONG. Ainda em seu crescimento, após se formar em magistério, seu primeiro emprego foi na escola da Aldeia. Após se casar com Pedro, coordenador do bazar, ela e o marido continuaram a apoiar a iniciativa.
Ela destaca que é um “benefício emocional” para quem ajuda:
— O trabalho é importante para quem vem. Muitas pessoas vêm após enfrentar situações como o “ninho vazio” ou a perda do marido e aqui buscam foco ou sentido para a vida.
A loja está localizada na Avenida Wenceslau Escobar, 2.683, no bairro Tristeza, e funciona de segunda a sexta-feira, das 10h às 17h, e, aos sábados, das 9h30min às 12h30min.
Interessados em doar itens para o brechó podem deixar suas peças no local durante o horário de funcionamento ou entrar em contato pelo perfil @aldeiabazar, no Instagram.
Para se tornar voluntário, é preciso ir até o bazar. A conversa pode ser marcada pelo Instagram ou pelo telefone (51) 98121-0858.
Formação de indivíduos da comunidade
A ONG Aldeia da Fraternidade é uma associação sem fins lucrativos que fornece acesso à educação para bebês, crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social e atua há mais de 60 anos na zona sul da Capital.
Atualmente, atende mais de 450 meninos e meninas de quatro meses a 17 anos de idade, em sua maioria residentes nos bairros Tristeza, Camaquã e Cavalhada.
Os alunos são recebidos nas escolas de Educação Infantil, na Escola de Ensino Fundamental Aldeia Lumiar, que conta com a metodologia adotada pelo Instituto Lumiar. Além dos programas focados em educação e assistência, a Aldeia oferece oficinas e aulas de música, arte, esporte e gastronomia, que visam formar indivíduos ativos e pertencentes à sociedade.
*Produção: Josyane Cardozo



