Martha Medeiros
Sessão de autógrafos é um evento democrático. Anuncia-se a presença do escritor na livraria e pronto. Não tem que se inscrever, pagar ingresso, pegar senha. É só chegar e entrar na fila com o livro na mão, esperando a vez de ganhar sua dedicatória. Nem precisa comprar nada, há quem traga um exemplar que já tenha em casa. Há quem leve apenas um pedaço de papel para receber o autógrafo. Há quem entre na fila só para fazer uma selfie. Há quem aproveite a muvuca para roubar o escritor – sério, já levaram uma bolsa minha durante uma sessão de autógrafos. Há o maluco de estimação, que escritor não tem o seu? O doido tem certeza de que você é apaixonada por ele e que tudo o que escreve é uma mensagem cifrada (por via das dúvidas, mantenha o segurança alertado). Há os fiéis que nunca te abandonam (amamos vocês). Há os que, em vez de dizerem o nome, perguntam “lembra de mim?” (odiamos vocês). Vai o ex-namorado com a namorada nova, os primos em quarto grau que a gente não reconhece, um ou outro VIP pra alegria do fotógrafo, pessoas que saíram tarde do trabalho e ainda assim passaram lá só pra nos ver. É um troço que emociona.
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