Claudia Tajes
Houve o tempo de ter medo de assombração. Quem nunca? Qualquer história com mortos que voltavam ou almas reencarnadas bastava para que os mais assustados dormissem com a luz acesa. Ou, insones de pavor, não abrissem os olhos durante a noite de jeito nenhum. Eu era dessas. A madeira estalava (como a madeira estala quando se é criança) e eu já imaginava um fantasma a caminho para me esganar. O que não faz o menor sentido. Se fantasmas são diáfanos e voam, como o assoalho estalaria? E que efeito teriam as suas mãos translúcidas no meu pescoço de carne, osso e medo?
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