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Junto com seus amigos Alejandro González Iñárritu e Alfonso Cuarón, Guillermo del Toro integra a incensada trinca de diretores mexicanos que alcançou grande projeção internacional no começo dos anos 2000. Os três estão hoje na linha de frente da indústria gerida por Hollywood, com Del Toro mostrando no seu mais recente filme, A Colina Escarlate, um inspirado retorno ao gênero do suspense fantástico que o consagrou em títulos como Cronos (1998), A Espinha do Diabo (2001) e O Labirinto do Fauno (2006) - com este, ganhou três Oscar técnicos em seis indicações.
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Em Colina Escarlate, uma das estreias da semana no circuito de cinemas, Del Toro presta tributo à literatura gótica (a escritora Mary Shelley é inclusive citada) e à influência desta nos clássicos de horror da produtora de filmes britânica Hammer assinados por diretores como Terence Fisher (um dos personagens tem sobrenome Cushing, como Peter, astro da companhia).
A trama investe no recorrente cenário da casa mal-assombrada, mas o subverte ao mostrar os espectros sombrios do além não como uma ameaça coletiva aos incautos. Eles se materializam aqui para a jovem Edith, que desde a infância convive com o fantasma protetor da mãe morta.
Edith perceberá tarde demais, quando adulta (interpretada por Mia Wasikowska), a gravidade de um alerta que lhe foi dado pela assombração materna. Vivendo em uma cidade da costa leste dos EUA do começo do século 20, a jovem aspirante a escritora, criada com zelo pelo rico pai, assiste à chegada do aristocrata inglês Thomas (Tom Hiddleston) e de sua irmã, Lucille (Jessica Chastain). Ele percorre o mundo buscando financiamento para uma invenção que julga revolucionária. O pai de Edith desconfia das intenções do enigmático forasteiro, mas não consegue impedir que ele seduza a garota.
Ao se casar com Thomas e ir morar com ele e Lucille na Inglaterra, em uma decrépita mansão que afunda sob um terreno argiloso, Edith não apenas volta a confrontar seu fantasma interior como passa a visualizar outros tantos que habitam o lugar, símbolos de um tenebroso passado que irmãos julgavam até então indevassável.
O excelente desempenho do elenco, cada qual explorando as diferente nuances de seus personagens, e a não menos ótima direção de arte compensam alguns impasses narrativos de A Colina Escarlate, como a partida de um flashback que amortece um tanto a surpresa do desfecho e tom melodramático do clímax. Mas estamos aqui diante de filme de terror com estofo, assinado por um diretor que compreende e sabe mover as engrenagens do gênero.
A Colina Escarlate
De Guillermo del Toro
Terror, EUA, 2015, 119min, 16 anos. Em cartaz no circuito de cinemas, em cópias 3D e Imax, dubladas e legendadas (veja as salas e os horários no roteiro das páginas 8 e 9). Sócio do Clube do Assinante e acompanhante têm 50% de desconto no GNC Cinemas.
Cotação: 3/5