O show de lançamento de Samboleria, sétimo disco de Antonio Villeroy, nesta quarta-feira (13/8), no Teatro do Bourbon Country, em Porto Alegre, pode ser visto como o primeiro dele em Porto Alegre na condição efetiva de grande nome nacional. Nos anteriores, o público local ainda parecia estar se acostumando a isso. Para além da notoriedade vista mais pelo sucesso da parceria com a cantora Ana Carolina, um dado comprova que ele não é só um gaúcho reconhecido em outros Estados, mas um artista brasileiro: após Lupicínio Rodrigues, é o compositor nascido no Rio Grande do Sul mais gravado por artistas nacionais.
> Antônio Villeroy mistura influências brasileiras e hispânicas em álbum
Suas músicas têm 150 gravações que vão de Maria Bethânia a Sandy & Junior, passando por Gal Costa, Maria Gadú, Ivan Lins, Seu Jorge, Paulinho Moska, Belchior, Zizi Possi, João Donato, Vanessa Camargo, Serginho Moah e Wander Wildner. É ainda um dos campeões de músicas em trilhas de novelas, mais de 20 - a última foi Recomeço, na novela Em Família.
- Quando comecei a ir com frequência à Europa, passei a pensar em meu trabalho como brasileiro. Depois do sucesso de Garganta, com Ana Carolina, minhas músicas passaram a dialogar com um público imenso, e senti necessidade de uma linguagem para chegar a um maior número de pessoas - diz.
Mais homogêneo trabalho de Villeroy em termos de qualidade e acabamento das canções, Samboleria centra fogo no samba e na latinidade, frentes que estavam dispersas em álbuns como Sinal dos Tempos (2006) e José (2010). Como autor de sambas, hoje é reconhecido no próprio Rio, para onde se mudou em 2000, decidido a aprender a tradição carioca. O lado latino, de boleros e tangos, vem desde a infância.
Em sambas como Eureka, Germinal do Samba (participação de MartNália) e O Peixe Quer Água, fica claro que aprendeu. Na bilíngue Samboleria (com participação da argentina Dolores Solá), na bossa abolerada Uni Duni Tê (parceria e presença ao piano de João Donato), na romântica e meio salseada El Guión (parceria e piano de Don Grusin), também fica claro que ele não está brincando quando diz que vem pensando no mercado latino - que aqui chegava nos anos 1940 a 60, e que o Brasil esqueceu. Para fechar as pontas, Villeroy e o coprodutor Berna Ceppas selecionaram músicos da pesada, gaúchos e cariocas, tocando arranjos brilhantes. Os 13 anos de vivência no Rio deram régua e compasso para a brasilidade do compositor. Sem prejuízo disso, com o nascimento da filha, Luísa, no ano passado, resolveu voltar a Porto Alegre.
- Acho legal ela crescer aqui, em ambiente familiar. Prefiro que minha filha seja gaúcha e colorada do que carioca e flamenguista...
*Jornalista, crítico musical e colunista de ZH
SUCESSOS EM DIFERENTES VOZES
Obra por catalogar
Enquanto compõe duas canções encomendadas por Wanderléa e Daniela Mercury, Antonio Villeroy lamenta ainda não ter tido paciência para organizar sua obra, relacionando os parceiros (de Ivan Lins a João Donato, Moraes Moreira, Bebeto Alves), os intérpretes, as músicas e os anos das gravações.
Milhões de cópias
Villeroy sabe que, a partir de 1999 (com o hit Garganta), só Ana Carolina gravou 27 músicas, dele e em parceria com ela. Sabe que o disco Perfil (2005), dela, com sete músicas dele, vendeu mais de 1 milhão de cópias. Garganta vendeu cerca de 5 milhões de faixas. Desconhece as vendagens de outros sucessos, como Pra Rua me Levar (gravada também por Bethânia), Uma Louca Tempestade e Entreolhares, com Ana Carolina e John Legend, que vendeu muito no Exterior.
Homenagem ao pai
No show desta quarta-feira, Villeroy abrirá espaço para um compositor que o ajudou a organizar a vida: o pai, Gil Villeroy, morto há quatro anos. Vai homenageá-lo cantando João Carreteiro, de Gil e Murilo Vescovi, lançada por Paixão Côrtes em seu segundo disco, de 1964.
Garganta, com Ana Carolina:
Pra Rua me Levar, com Antonio Villeroy e Orquestra de Câmara Theatro São Pedro:
Uma Louca Tempestade, com Ana Carolina:
Entreolhares, com Ana Carolina e John Legend:
ANTONIO VILLEROY EM SAMBOLERIA
> Ingressos para o show, quarta-feira (13/8), às 21h, no Teatro do Bourbon Country (Túlio de Rose, 80), custam R$ 50 (galerias), R$ 60 (mezanino), R$ 80 (plateia alta e plateia baixa) e R$ 120 (camarote). Desconto de 50% para sócios do Clube do Assinante nos primeiros cem ingressos (adquiridos pela Telentrega Ingresso Show) e de 10% nos demais. Pontos de venda: na bilheteria do Teatro do Bourbon Country (Túlio de Rose, 80; de segunda a sábado, das 14h às 22h, e domingo, das 14h às 20h), pela Telentrega Ingresso Show (51) 8401-0555 (de segunda a sexta, das 9h às 19h), pelo call center 4003-1212 (de segunda a sábado, das 9h às 22h, e domingo, das 12h às 18h), na Agência Brocker Turismo - Gramado (Avenida das Hortênsias, 1.845; de segunda a sábado, das 9h às 18h30, e feriado, das 10h às 15h), Atendimento Feevale (de segunda a sexta, das 13h às 21h, sábado, das 12h às 17h30), Bourbon Shopping Novo Hamburgo (Nações Unidas, 2.001; de segunda a sábado, das 12h às 22h) e pelo site www.ingressorapido.com.br (há cobrança de taxas, exceto no Bourbon Country).
- Mais sobre:
- segundo caderno
- música