
No próximo sábado, a Arena do Grêmio recebe o show de Roberto Carlos - e cerca de 45 mil pessoas que vão à nova casa tricolor assistir ao Rei - no que será o primeiro teste do local como espaço para grandes eventos musicais. Conversamos com produtores musicais e profissionais do ramo de entretenimento para avaliar o potencial da Arena como palco de grandes shows e, aqui, expomos alguns dos desafios e virtudes da casa tricolor como espaço de megaespetáculos.
Leia a primeira parte desta reportagem
GALERIA: veja imagens da montagem do palco de Roberto Carlos
Beira-Rio deve retomar vocação para shows após reforma
OS DESAFIOS
Localização
A Arena conta com boa oferta de linhas de ônibus regulares (701 - Vila Farrapos/Voluntários; 703 - Vila Farrapos; 704 - Humaitá; 704.1 - Humaitá/A.J. Renner/Dona Teodora; T2A.1 - Transversal 2/A.J. Renner; B55 - Protásio/Humaitá e B25 - Arroio Feijó/Humaitá), além das linhas especiais disponíveis em dias de jogo (T2 Arena, com saída do Shopping Praia de Belas, e o Futebol Arena, com saída do Mercado Público). O tempo médio de deslocamento entre a Arena e a região central da cidade é, em média, uma hora.
Para quem vai de carro, é preciso paciência para enfrentar as tranqueiras; para quem prefere o trem, é preciso disposição para andar 1,6km até a Estação Anchieta. A Arena conta dois estacionamentos. O externo tem 3 mil vagas. E o interno, 2 mil.
Ir de táxi é mais fácil (a corrida da região central de Porto Alegre à Arena custa, em média, R$ 20), mas achar um táxi na saída é tarefa inglória - em dias de jogos, muitos torcedores caminham até a Avenida dos Estados (a cerca de 1,5km dali) para conseguir um carro.
Calendário esportivo
Neste primeiro semestre, o Grêmio participa de duas competições: o Gauchão e a Libertadores. No caso de shows internacionais de grande porte, com palcos que precisam de 10 dias, em média, para serem montados e desmontados, é preciso encontrar uma brecha de, no mínimo, uma semana sem jogos na Arena para preparar o espetáculo.
O problema poderia ser contornado se o espaço entre campo e arquibancada fosse suficiente para montar o palco sem atrapalhar as competições - a construção da estrutura do show de Paul McCartney, por exemplo, não atrapalhou o Inter durante o Campeonato Brasileiro de 2010.
- O futebol é prioridade, então os shows é que terão que se adaptar. Mas como negociações do tipo acontecem com bastante antecedência, essa adaptação não é impossível - pontua o presidente da empresa gestora da Arena, Eduardo Pinto.
Montagem de estrutura x Capacidade de público

No Olímpico e no Beira-Rio antes da reforma, os palcos costumavam ser montados no espaço de 35 metros entre campo e arquibancada, avançando, às vezes, para o gramado. Na Arena, esse espaço é de apenas 10 metros, o que obriga os produtores a avançar para a grama e também a aumentar a altura do palco, ancorando-o em parte da arquibancada. Consequentemente, diminui o espaço para o público. Em palcos com maior profundidade, essa diminuição é especialmente notada na pista.
No show The Wall, de Roger Waters, em que o palco tinha profundidade de 40 metros, a estrutura avançaria em média 27 metros no gramado, tirando cerca de 4 mil lugares. Considerando que se perde um terço da capacidade das arquibancadas com a utilização do lado norte do estádio (espaço atualmente sem cadeiras destinado a Geral) para a montagem do palco, restariam ainda 40 mil lugares nas arquibancadas e pelo menos 11 mil no campo, resultando em um show para, pelo menos, 50 mil pessoas. Da mesma forma, o palco de 36 metros de profundidade da turnê de Madonna, que passou pela Capital em dezembro, também avançaria sua estrutura em direção à pista - mas sem grandes alterações da capacidade de público.
- A perda do gramado é mínima, vai interferir, no máximo, em 10% da arrecadação do espetáculo. Não é o suficiente para, por exemplo, aumentar o valor do ingresso - comenta Fábio F. Nunes, da Friends Session, empresa de excursões e produção de shows.

Gramado a salvo
Com problemas desde a sua inauguração, o gramado da Arena inspira cuidados especiais - e no caso de shows de grande porte, a atenção precisa ser redobrada. Um palco como o de Madonna, que pesa 374 toneladas, se mal posicionado poderia danificar o gramado a ponto de comprometer partidas de futebol posteriores ao show.
Segundo Eduardo Pinto, a colocação de placas especiais sobre a grama e a correta distribuição do peso dos equipamentos ameniza o impacto. No final do ano passado, a Arena cogitava o uso de placas importadas da Inglaterra, feitas com material translúcido e dotadas de ranhuras e furos, que seriam utilizadas para diminuir a pressão sobre o campo e permitiriam que a grama recebesse luz e água. No show de Roberto Carlos, contudo, será usado o piso denominado easy floor, comumente utilizado em espetáculos em estádios de futebol.
AS VIRTUDES
Mais conforto para curtir a apresentação
Visibilidade
Tanto no Olímpico quanto no Beira-Rio pré-reforma, a distância entre a arquibancada e o gramado chegava a 35 metros, prejudicando a visibilidade do espectador sentado nas arquibancadas mais distantes do palco. Na Arena, essa distância é menor (10 metros), garantindo uma boa visão de qualquer ponto da arquibancada.
Segurança
Em caso de um incidente, a evacuação total da Arena está prevista para ser realizada em oito minutos, além de haver sempre uma equipe dos bombeiros presente nos eventos.
Para garantir a segurança, todas as portas têm barras antipânico. A Arena conta, ao todo, com 239 câmeras de monitoramento interno e externo.
Acessibilidade
Quatro rampas levam o público até o local que dá acesso às 24 entradas para o estádio. A partir dali, 18 elevadores levam a todo os níveis, mas, usualmente, em dias de jogo, são usados para conduzir espectadores apenas aos níveis Gold e Camarotes.
Cobertura
Um telhado de 63 metros de comprimento garante proteção da chuva ao espectador que estiver assistindo ao espetáculo das arquibancadas.
Acústica
A cobertura apresenta uma camada de isolamento acústico que evita a dispersão do som pela parte de cima da Arena - o que já representa uma vantagem com relação ao Olímpico e ao Beira-Rio antes da reforma.


