
Um caminhão baú repleto de caixas de madeira de diferentes dimensões, transportadas durante dois dias de viagem entre São Paulo e Porto Alegre, chegou na segunda-feira à Fundação Iberê Camargo. Foi a última carga das obras de arte que farão parte das três exposições que a instituição inaugura nesta quinta-feira, com visitação aberta ao público a partir de sexta-feira.
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Nesta segunda-feira pela manhã, a Fundação recebeu as telas da artista japonesa Tomie Ohtake integrantes da mostra Pinturas Cegas, que dividirá o espaço do prédio com duas exposições voltadas a artistas gaúchos - Ione Saldanha: O Tempo e a Cor e O "Outro" na Pintura de Iberê Camargo. Pintora, gravadora e escultora radicada em São Paulo desde 1936 e naturalizada brasileira, Tomie, 98 anos, deverá vir à Capital para a abertura de sua mostra.
Zero Hora acompanhou a chegada das obras da artista. As 33 pinturas abstratas foram transportadas em 23 embalagens de madeira. Cada caixa comporta de uma a três obras, envolvidas em materiais como espuma, isopor e etafon, composição que garante a proteção física e o isolamento térmico das pinturas.
No caminhão, a temperatura controlada é mantida entre 19°C e 21°C. Ao serem retiradas do veículo, as caixas são levadas para um elevador da Fundação especialmente projetado para transportar as obras pelos quatro andares do prédio.
Ao chegar no último andar, onde as obras de Tomie serão expostas, as caixas foram retiradas do elevador para a conferência dos museólogos. Além do profissional da Fundação, outros dois técnicos acompanharam a abertura das embalagens. A eles cabem tarefas como a checagem das condições de chegada das pinturas e avaliações técnicas a respeito da moldura e da própria tela.
Para isso, as obras são colocadas em uma mesa com iluminação especial. Nas conferências, eles contam com imagens de reproduções e dados de laudos. Toda essa tarefa dos museólogos é documentada por fotos e pareceres. Trajando luvas e aventais brancos, os profissionais remetem a um ambiente científico ou hospitalar.
Depois das análises e das conferências, as obras são dispostas no espaço expositivo para a fase posterior: a montagem, conforme concebida pelo curador. A mostra de Tomie, que é assinada pelo crítico Paulo Herkenhoff, estreou em abril de 2011, no Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo, e agora chega à Capital.
A exposição da artista conta com nove obras do Instituto. As outras 21 pertencem a acervos particulares ou de instituições. Todas foram transportadas no mesmo caminhão. A origem de cada empréstimo determina quais obras são armazenadas conjuntamente nas caixas e também os termos do seguro, que cobre as pinturas durante a viagem, a permanência em exposição na Capital e o retorno ao acervo de origem.
- As exposições da Fundação Iberê Camargo costumam ser planejadas com até três anos de antecedência pelo Conselho Curatorial. Um ano antes, começamos o trabalho de produção, que envolve a logística de transporte, seguro e montagem das obras no museu - explica Laura Cogo, produtora cultural da Fundação responsável pela mostra de Tomie.


