
A retrospectiva do francês Guy Bourdin (1928 - 1991), com abertura nesta quinta, às 19h30min, e visitação a partir desta sexta, no Museu de Arte Contemporânea do RS, será a redescoberta de um dos nomes mais inovadores da fotografia de moda. Pela representatividade, a exposição internacional marca também um ano intenso de atividades no museu, localizado no sexto andar da Casa de Cultura Mario Quintana (Rua dos Andradas, 736), em Porto Alegre.

Foto: Guy Bourdin, Divulgação
É longa a lista de artistas influenciados por Bourdin, entre eles os fotógrafos David LaChapelle e Terry Richardson. Madonna fez referência a suas imagens no clipe de Hollywood (do álbum American Life, de 2003). Conferindo um teor autoral singular à fotografia de moda, Bourdin foi colaborador da revista Vogue francesa (e de outros países) entre as décadas de 1950 e 1980 e fez memoráveis imagens em sua parceria com a marca de sapatos Charles Jourdan.
Bebendo nas fontes do surrealismo, foi pupilo de Man Ray, que assinou a introdução do catálogo de uma exposição de que participou, em Paris, em 1952. No entanto, ficou menos conhecido do que alguns de seus contemporâneos, como Helmut Newton.
- Diferentemente de outros de seus colegas, Bourdin nunca publicou um livro enquanto viveu. Tampouco vendeu fotografias. Só depois de sua morte, e resolvidas as questões do espólio, é que o público mais amplo teve acesso a sua obra. Isso ocorreu por volta dos anos 2000 - explica Bernardo de Souza, coordenador de Cinema, Vídeo e Fotografia da Secretaria de Cultura de Porto Alegre e coordenador do programa educativo da exposição (confira programação abaixo), que conta com a presença de Samuel Bourdin, filho do artista, e de Shelly Verthime, curadora internacional da mostra (eles participariam de uma mesa ontem, na FNAC do BarraShoppingSul).
Souza lembra da diversidade de referências do trabalho de Bourdin, marcado por um erotismo pronunciado: René Magritte, na composição de imagens insólitas; Luis Buñuel, no registro da burguesia em situações de absurdo; Francis Bacon, pelos cenários frequentemente claustrofóbicos; a Pop Art, pelas cores fortes e chapadas.
O fato de a exposição ocorrer nas salas da CCMQ ocupadas pelo Museu de Arte Contemporânea do RS é especialmente representativo, já que a instituição passa por um momento de revitalização, como observa André Venzon, diretor da instituição:
- A mostra vai chamar a atenção para o museu e vai atrair especialmente um público que nos interessa, que são os jovens.
Venzon acrescenta que, no início do ano, foi feito um levantamento das 230 obras do acervo do museu (12 das quais necessitando ser "totalmente restauradas"), que deve originar uma exposição em novembro. Estão programadas para esta temporada mostras de Frantz, Bea Balen Susin, uma videoinstalação de Ana Norogrando, uma performance coordenada por Carla Vendramin, entre outras atrações.
- Elegemos como critério para a programação de 2011 projetos que, em sua maioria, já tivessem passado pelo crivo de comissões de seleção. Queremos propor encontros dos artistas com o público e prevemos a publicação de catálogos dos projetos - diz Venzon.
Para o diretor do MAC-RS, as exposições vão recuperar a instituição como espaço expositivo. No ano que vem, o museu completa 20 anos.
Para entender Guy Bourdin
Confira os próximos encontros do ciclo de palestras paralelo à exposição, na Capital, com entrada franca
14 de maio (sábado), às 17h
> O universo particular de Guy Bourdin e as artes visuais
Com Fabio Cypriano e Bernardo de Souza
Na sala C2 no 2º andar da Casa de Cultura Mario Quintana (Andradas, 736)
18 de maio (quarta-feira), às 19h30min
> A obra de Guy Bourdin e a fotografia de moda contemporânea
Com Raul Krebs e Bernardo de Souza
No Auditório 2 do prédio C da ESPM-Sul (Guilherme Schell, 268, 6º andar)
26 de maio (quinta-feira), às 19h30min
> O corpo feminino e o surrealismo na obra de Guy Bourdin
Com Fernando Bakos e Cláudia Barbisan
No Auditório 2 do prédio C da ESPM-Sul