
Com casacos, copos na mão e olhos marejados, fãs de várias partes do Estado enfrentaram os quase 10 °C da noite deste sábado (5) para ver Gusttavo Lima no Beira-Rio, em Porto Alegre. Acompanhado de uma orquestra ao vivo, o sertanejo apresentou a turnê O Embaixador Classic, que mistura romantismo, grandes sucessos e arranjos sinfônicos em um espetáculo pensado para emocionar.
Os portões do estádio do Inter se abriram às 17h. Perto das 19h, era possível ver poucos espaços vazios no local. Os camarotes, as arquibancadas e a pista contavam com admiradores de diferentes idades e perfis. Para aquecer os fãs, a dupla sertaneja Marcos e Belutti abriu os trabalhos, com vários sucessos, como Domingo de Manhã. Depois, um DJ ficou responsável por animar a galera que esperava ansiosamente pela chegada do Embaixador.
— A expectativa é grande porque esse é um projeto novo. Já acompanhei outros projetos dele, já fui em cinco shows. Mas o Classic é muito diferente — contou o empresário Paulo Cesar Filho, 28 anos, que veio de Caxias do Sul, na Serra, com as irmãs para ver o ídolo.
Além dos casacos, muitos fãs também usavam botas e chapéus de cowboy. A aposentada Maria Lúcia da Silva Zgierski, 64, e as duas amigas que a acompanhavam exibiam um chapéu de cowboy cor-de-rosa e com glitter. Elas brincaram que chegaram a pechinchar o valor para conseguirem levar os três acessórios por um preço bom.
— Já fui em quatro shows dele. O primeiro lá em Canoas, onde moramos, anos atrás. Entreguei um doce de ambrosia para ele nesse dia. Quando fui tirar foto com ele, meu celular travou e não consegui. Mas ele é muito carismático e lindo, dá vontade de levar para casa — confessou a aposentada, dando risada com as amigas.
De camisa xadrez e chapéu de cowboy, o petroquímico Arthur Trovo, 31, esperava sorridente na fila para comprar uma bebida. Para ele, que no dia a dia prefere usar o chapéu que faz parte do traje tradicionalista gaúcho, o acessório escolhido para o show combina mais com a pegada sertaneja do evento.
— Vim com a minha esposa, mas eu sou mais fã que ela. Fomos no Buteco, ano retrasado, mas agora estamos esperando que vai ser uma coisa mais musical, menos sertanejo raiz. Conhecendo ele, já sei que vai ser coisa boa. Hoje quero curtir: tomar uma coisinha, fazer uns videozinhos e aproveitar a minha esposa — planejou o morador de Canoas.
Plateia potente e homenagem ao RS
Quando Gusttavo Lima subiu ao palco, pontualmente às 20h50min, todos estavam com os celulares a postos. Com o maestro no palco, a orquestra anunciava a chegada do artista. Fogos de artifício, show de luzes e de pirotecnia não deixavam que ninguém tirasse o foco do Embaixador.
Nos primeiros acordes, os fãs já reconheceram a música Desejo Imortal e começaram a cantar junto. O sertanejo demorou a começar a cantar, admirado da potência das vozes que ecoavam no Beira-Rio. Depois, foi a vez de Canudinho, música lançada no ano passado com a cantora Ana Castela. Gusttavo Lima chegou a repetir o refrão mais vezes que o necessário só para ouvir a plateia cantando junto.
— Ai que saudade que eu tava de Porto Alegre — disse o cantor, enlouquecendo um pouco mais os fãs.
O público não decepcionou todas as vezes que precisou mostrar que sabia as letras de cor. Mas foi quando o cantor tocou Proibido Terminar que a emoção tomou conta. Não era difícil encontrar pessoas chorando e casais se declarando. Ele dedicou a música aos homens gaúchos:
— Porto Alegre é a terra dos homens mais fiéis. São homens de família — brincou, e os homens gritaram para concordar.
Não demorou muito para o sertanejo, natural de Minas Gerais, mostrar que tem um lado gaúcho. Pegou a bandeira do Rio Grande do Sul e enrolou no corpo. Parou a música para homenagear o Estado, antes de começar a cantar Querência Amada, de Teixeirinha.
— Aqui é um povo que tem raça. Aqui é um povo que tem coração. Acima de tudo, acho que é um dos povos mais bairristas que já vi na vida, que defende sua tradição e seus costumes. Eu acho que Deus é gaúcho.