
Sly Stone, músico norte-americano pioneiro no funk-rock, morreu aos 82 anos nesta segunda-feira (9). Ele estava em "uma batalha prolongada" contra doença pulmonar obstrutiva crônica e outros problemas de saúde subjacentes, de acordo com um comunicado divulgado pela família do artista.
"Sly faleceu em paz, cercado por seus três filhos, seu amigo mais próximo e sua família estendida”, diz o texto, obtido pela Variety.
Guitarrista, cantor, compositor, produtor e líder do grupo Sly and the Family Stone, Sylvester Stewart — seu nome de nascimento — era conhecido por sucessos icônicos como Dance To The Music, Everyday People, Family Affair e I Want to Take You Higher.
"Músico visionário"
No site do cantor, ele é descrito como um "músico visionário" que moldou a cultura americana e influenciou gerações, especialmente entre 1968 e 1975.
Em 1993, o cantor e sua banda foram incluídos no Hall da Fama do Rock & Roll. Anos depois, em 2006, Sly Stone fez sua primeira aparição pública em quase 20 anos ao participar da cerimônia do Grammy, onde foi prestada uma homenagem ao grupo.
Sua trajetória também ganhou destaque no documentário Sly Lives! (também conhecido como The Burden of Black Genius), lançado em 2025 sob a direção de Questlove. Dois anos antes, Stone já havia publicado sua autobiografia, na qual revisita os altos e baixos de sua vida e carreira.
“Enquanto lamentamos sua ausência, encontramos consolo em saber que seu legado musical extraordinário continuará a ressoar e inspirar por gerações” diz o comunicado da família, que acrescenta ainda que Stone “recentemente concluiu o roteiro sobre a história de sua vida, um projeto que estamos ansiosos para compartilhar com o mundo no momento apropriado.”
Como Sylvester virou Sly Stone
Nascido em Denton, Texas, nos Estados Unidos, em 1943, Sylvester Stewart é o segundo de cinco filhos de uma família afro-americana profundamente religiosa. Criado com base na música gospel, Sly tinha apenas oito anos quando ele e três de seus irmãos gravaram um disco compacto do gênero para lançamento local com o nome de The Stewart Four.
Ele passou a ser conhecido como Sly ainda nos primeiros anos da escola, quando um amigo escreveu “Sylvester” errado.
Prodígio musical, aos 11 anos já dominava teclado, guitarra, baixo e bateria, e passou a se apresentar em várias bandas de Ensino Médio. Uma delas, The Viscaynes, era integrada por músicos de diferentes etnias, algo notável no final dos anos 1950.
O cenário estava montado para um salto decisivo em 1966. Sly liderava uma banda chamada Sly and the Stoners, com a trompetista afro-americana Cynthia Robinson.
Seu irmão, Freddie liderava sua própria banda, Freddie and the Stone Souls, com o baterista Gregg Errico. Foi o saxofonista Jerry Martini quem sugeriu que Sly e Freddie juntassem o melhor de ambas as bandas — dando origem ao grupo Sly and the Family Stone, em março de 1967.
Freddie assumiu a guitarra, enquanto Sly rapidamente se tornou mestre no órgão. A irmã Rose entrou como tecladista e vocalista, e o baixista/vocalista Larry Graham completou a formação.

Sucessos
Entre o fim de 1968 e início de 1969, o grupo lançou Everyday People, um hino sobre união e diversidade — com a famosa frase: “diferentes batidas para diferentes pessoas”. Foi o maior sucesso da banda, alcançando o primeiro lugar nas paradas Pop e R&B.
O álbum Stand! (abril de 1969) trouxe esse hit, além de outras faixas marcantes como Sing A Simple Song, Stand! (um chamado à ação social) e I Want To Take You Higher, uma nova versão de uma música do primeiro álbum.
Entre 1972 e 1973, o mundo e a banda enfrentavam turbulência — guerras, escândalos e violência global refletiam na música. Após mais de um ano de silêncio, a banda lançou o single If You Want Me To Stay (1973) e o álbum Fresh, último a alcançar o primeiro lugar nas paradas de R&B.
Sly permaneceu na gravadora Epic, lançando High On You (1975) e Heard You Missed Me, Well I'm Back (1976). Em 1979, lançou Back On the Right Track pela Warner, e um último álbum incompleto foi finalizado por produtores em 1982 (Ain’t But the One Way). Depois disso, Sly se afastou da vida pública.
Desde 2019, ele vivia de forma "feliz e sóbria" no Vale de San Fernando.