
O músico Brian Wilson, um dos fundadores e principal compositor dos Beach Boys, morreu nesta quarta-feira (11), aos 82 anos. A informação foi confirmada pela família do cantor nas redes sociais.
Considerado um dos grandes inovadores da música popular do século 20, Wilson era reconhecido por sua sensibilidade melódica, seu perfeccionismo no estúdio e sua contribuição decisiva para a chamada era de ouro do rock americano.
Em 2024, foi revelado que ele havia sido diagnosticado com um distúrbio neurocognitivo semelhante à demência.
Início da carreira e formação dos Beach Boys
Nascido em Inglewood, na Califórnia, Wilson formou os Beach Boys ainda adolescente, ao lado dos irmãos Dennis e Carl, do primo Mike Love e do amigo Al Jardine.
O grupo foi originalmente batizado de The Pendletones, mas teve o nome alterado para Beach Boys sem o consentimento dos integrantes pela gravadora Candix, que lançou o primeiro single, Surfin’, em 1961.
Um ano depois, com o contrato assinado com a Capitol Records, o grupo lançou o álbum Surfin’ Safari e, em 1963, já tinha três discos no mercado, incluindo os sucessos Surfin’ U.S.A. e Surfer Girl.
Pet Sounds
Mesmo no auge do sucesso comercial, Brian decidiu abandonar as turnês em 1964, após sofrer um colapso nervoso. Afastado dos palcos, mergulhou na produção musical e iniciou a criação do disco que redefiniria os limites da música pop: Pet Sounds (1966).
Ao lado de músicos de estúdio conhecidos como The Wrecking Crew, Wilson experimentou técnicas inovadoras de gravação e orquestração, ainda pouco comuns no universo do rock.
Embora inicialmente subestimado pela crítica e pelas paradas, o álbum foi posteriormente reverenciado como uma das maiores obras-primas da música popular, incluído em 2004 no Registro Nacional de Gravações da Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos.
Problemas de saúde e reclusão
Na esteira do sucesso artístico de Pet Sounds, Wilson planejou um álbum ainda mais ambicioso, Smile, descrito por ele como uma "sinfonia adolescente para Deus". O projeto, no entanto, foi engavetado em 1967 após atrasos, conflitos criativos e o agravamento de sua saúde mental.
No ano seguinte, foi internado em uma clínica psiquiátrica. A partir dali, perdendo o prazer pela música, seu papel nos Beach Boys foi sendo gradualmente reduzido.
Durante os anos 1970, Brian viveu períodos de reclusão, enfrentou dependência química e chegou a abrir uma loja de produtos naturais chamada Radiant Radish. Sua saúde física e mental entrou em colapso, o que motivou a família a intervir.
O músico, então, passou a ser tratado pelo psicólogo Eugene Landy, cuja atuação controversa incluiu controle excessivo sobre a vida pessoal e financeira de Brian. O relacionamento entre os dois foi retratado no filme Love & Mercy (2014), estrelado por Paul Dano e John Cusack.
Apesar das dificuldades, Brian Wilson seguiu compondo e gravando. Em 1988, lançou seu primeiro álbum solo e, no mesmo ano, foi incluído no Rock & Roll Hall of Fame junto aos demais integrantes dos Beach Boys.
Últimos anos de carreira
No início dos anos 1990, após ação judicial movida por seus irmãos e outros familiares, o psicólogo Landy teve a licença profissional cassada e foi impedido judicialmente de manter contato com Brian.
Em 2004, Wilson revisitou e finalizou Smile, apresentado ao público em uma versão ao vivo com nova produção. O álbum Brian Wilson Presents Smile recebeu elogios da crítica internacional.
Já nos anos seguintes, lançou novos trabalhos solo e seguiu se apresentando ao redor do mundo. Seu último disco de estúdio foi No Pier Pressure, de 2015, com participações de Kacey Musgraves e Zooey Deschanel.
Wilson também publicou uma autobiografia em 2016 e compartilhou gravações inéditas, como Some Sweet Day e Run James Run, nos anos seguintes. Ao longo da carreira, venceu dois prêmios Grammy (entre nove indicações). A banda que o imortalizou, Beach Boys, foi homenageada com um Grammy pelo conjunto da obra em 2001.