
O julgamento de Sean "Diddy" Combs, acusado de tráfico sexual e de liderar uma rede ilegal de prostituição, começou na última semana. Na terça-feira (20), Regina Ventura, mãe da cantora Cassie, afirmou que já foi ameaçada pelo genro.
Diddy teria exigido US$ 20 mil para não vazar vídeos de sexo explícito com a artista, com quem namorou entre 2007 e 2018.
Segundo Regina, a ameaça foi porque o rapper descobriu que Cassie estava se relacionando com outra pessoa, o cantor Kid Cudi. Diddy está preso desde setembro do ano passado.
Como foi o depoimento de Regina Ventura
A mãe da cantora disse ter se sentido "fisicamente doente" quando recebeu um e-mail da filha, em 2011, que relatava as ameaças de Diddy. Cassie também afirmava que alguém seria enviado para bater nela e em Cudi.
— Não entendi muita coisa. As fitas de sexo me confundiram — disse Regina, no tribunal federal de Manhattan, em Nova York.
A mulher também teria recebido uma ameaça do rapper exigindo US$ 20 mil para não divulgar as gravações. Ela disse ter usado um empréstimo com garantia imobiliária para pagar Diddy, por estar "com medo pela segurança da filha".
O dinheiro teria sido devolvido dias depois, quando Cassie reatou com o músico.
O testemunho de Regina Ventura durou menos de meia hora, porque Marc Agnifilo, um dos advogados de Diddy, se recusou a interrogar a testemunha. Segundo o g1, Agnifilo teria tentado persuadir o juiz Arun Subramanian a rejeitar o depoimento, por acreditar ser "puramente prejudicial" ao rapper.
Scott Mescudi, nome verdadeiro de Kid Cudi, deve testemunhar até quinta-feira (22).
O que disse Cassie Ventura ao tribunal
Cassie afirmou, em depoimento, que Diddy "controlava" grande parte da sua vida e utilizava vídeos íntimos para chantageá-la. Em 2023, Cassie o denunciou por agressão sexual e estupro.
Embora tenha retirado a queixa após um acordo extrajudicial, Cassie é a principal testemunha do caso que repercutiu mundialmente. Eles se conheceram em 2005, quando a modelo tinha 19 anos. Pouco tempo depois, ela assinou um contrato de 10 álbuns com a gravadora Bad Boy Records, pertencente a P. Diddy.
Na última terça-feira (13), a cantora descreveu o relacionamento turbulento entre os dois. Ela detalhou o início do relacionamento, que evoluiu para um romance ao longo de uma série de viagens.
No entanto, a artista contou que começou a perceber um outro lado de Sean "Diddy" Combs: ele queria controlar todos os aspectos de sua vida, da aparência ao trabalho.
Agressões
A artista foi perguntada sobre as décadas de abuso que teria sofrido nas mãos de Diddy e com qual frequência as agressões teriam ocorrido.
— Batia na minha cabeça, me derrubava, me arrastava, me chutava — conta Cassie. — Com muita frequência.
Ela detalhou que o resultado das agressões era visível: lábios machucados, olhos roxos e galos na testa.
Um vídeo da câmera de segurança de um hotel em março de 2016, em Los Angeles, mostra o empresário espancando a artista e arrastando-a pelos cabelos por um corredor.
Cassie disse que eles estavam tendo um "freak off", encontro em que Diddy assistia à namorada fazendo sexo com outras pessoas.
— No primeiro ano do nosso relacionamento, ele propôs essa ideia, esse encontro sexual que ele chamou de voyeurismo, em que ele me assistia tendo relações sexuais com uma terceira pessoa, especificamente com outro homem — conta a artista.
Resposta da defesa
Depois de dois dias de relatos sobre estupro, agressões físicas e chantagens, Cassie foi confrontada com mensagens antigas em que declarava amor a Diddy — e respondeu que ainda assim vivia em medo constante, segundo informações do TMZ e da BBC.
Os depoimentos anteriores revelaram um histórico de mais de uma década de abusos. Segundo Cassie, o relacionamento era sustentado por violência física, dependência emocional, coerção sexual e controle profissional.
No tribunal, a defesa tenta retratar o envolvimento como consensual. A promotoria, por sua vez, alega que Combs chefiava um sistema de exploração sexual, com apoio de sua equipe.